Lucas PachecoAs semifinais da LBF 2024
A Liga de Basquete Feminino (LBF) arranca em ritmo alucinado rumo às semi-finais. Com a disputa das quartas-de-final, mais quatro equipes despediram-se da competição e restam outras quatro na luta pelo título.
As quartas desenrolaram-se conforme previsto. O líder da fase regular, Sampaio Basquete, venceu com tranquilidade a Sodiê Mesquita; o vice-líder Ituano sofreu mais, com o mesmo resultado da varrida sobre o Corinthians. O Sesi Araraquara superou as viagens e, além do título da Liga Sulamericana, conquistado no intervalo entre os jogos 1 e 2 das quartas da LBF, venceu as duas partidas contra o Blumenau.
O confronto mais equilibrado, entre a quarta e a quinta colocadas da fase classificatória, rendeu três bons jogos, com o Unimed Campinas revertendo a vantagem de mando de quadra do Santo André. Ao desfalque da pivô Letícia, acrescentou-se logo no começo do jogo 1 a contusão da armadora Isinha, que substituía, por sua vez, a titular Beatriz. No restante da série, Beatriz retornou e quem desfalcou a equipe foi a ala Tássia; ainda que grassado por (importantes) desfalques, Santo André virou no eletrizante jogo 2, nos minutos finais e prolongou a série. Na partida decisiva, pesou a experiência de Campinas.
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Desse modo, as semi-finais foram definidas.
Sampaio (1) x (5) Unimed Campinas
O maior clássico da LBF volta a aparecer em fase avançada da temporada, com roteiro similar aos dois últimos anos, com favoritismo do lado das maranhenses. Em 2022, o Sampaio venceu a série final por 3 x 0 contra Campinas; em 2023, nova vitória maranhense, desta vez na semi-final, por 2 a 1. A repetição do duelo em 2024 terá resultado igual ou o Campinas devolverá as recentes eliminações para seu maior rival na história da LBF?
Pelo retrospecto da temporada regular, a tendência de vitória do Sampaio terá um novo capítulo. No turno, no interior de São Paulo, as visitantes venceram por 73 x 58, com grande atuação do quinteto titular. Já no returno, o confronto fechou a fase de classificação, quando ambas as equipes haviam garantido suas posições. Sem chance de mudança, a partida seguiu uma dinâmica protocolar, com várias atletas poupadas, e nova vitória do Sampaio (67 x 54).
A bem da verdade, mesmo o jogo do turno carece de ressalvas: disputado em abril, os elencos não eram os mesmos de agora. O Sampaio somou a ala Rapha Monteiro, enquanto o Campinas não dispunha da ala Maíra Horford e das alas-pivôs Isadora Souza e Maísa, duas arremessadoras da linha de três pontos e uma pivô para descansar as titulares. Campinas utilizava uma formação mais jovem e inexperiente, ainda se estabilizando após um começo turbulento de temporada.
A versão atual de Campinas evoluiu bastante: sob o comando de ferro da armadora Babi, o time aposta no talento individual de Casanova e na força de suas dominantes pivôs (Licinara e Fatou Diagne). Os reforços acrescentam outra camada, antes inexistente, dos chutes longos; essa fórmula conduziu a equipe à semi.
O Sampaio pratica um basquete mais dinâmico e fluido, com a bola circulando mais na quadra. As duas pivôs, ainda que menores que suas adversárias, compensam com agilidade e velocidade, sem contar um padrão menos centralizado. As maranhenses possuem material para pressionar a bola e romper o cadenciado estilo campineiro.
Palpite: Sampaio varre novamente e chega à sua terceira final consecutiva
Ituano (2) x (3) Sesi Araraquara
Diferente da outra série, Ituano e Sesi Araraquara não sofreram grandes mudanças nas rotações desde o início da temporada. Embora o Ituano tenha incorporado a pivô Monique, ela vem do banco para descansar uma das titulares e todos sabemos da aversão do técnico Antônio Carlos Barbosa a substituições; o Sesi contratou a pivô Letícia Josefino, que vem figurando como titular nas últimas partidas, sem alteração do padrão tático.
Na fase regular, as mandantes levaram a melhor: em Araraquara, no turno, vitória do Sesi por 66 x 62; no returno, a revanche ituana resultou no placar de 70 x 65, no último dia de jogos da fase classificatória, em duelo que definiu as posições das equipes. A vitória concedeu o mando de quadra na semi para o Ituano.
Nos dois confrontos, as identidades de cada time prevaleceram: Sesi com maior volume nos arremessos, apostando em um estilo mais acelerado, contra um Ituano mais cadenciado. Não à toa, Araraquara arremessou mais de 15 chutes excedentes que o Ituano nas duas partidas, resultado contrário ao aproveitamento. Nos rebotes, o domínio ficou do lado do Sesi, aspecto que não impediu uma derrota no returno.
O Sesi chega embalado pelo título da Liga Sulamericana, com tempo de descanso após a série contra Blumenau. Para um calendário tão apertado, a semana de treino veio na hora certa. Sossô e Manu, as duas alas, cresceram nas últimas semanas e sua ascensão torna o time menos previsível. Todos no basquete feminino conhecem as movimentações e variações de Araraquara, com a ênfase nos arremessos de três e a possibilidade de acionar uma pivô no poste baixo. Além das infiltrações das duas alas, mais agressivas desde a reta final da fase regular, a pivô Letícia estabilizou a posição 5, que vinha oscilando.
O Ituano soube reformular sua proposta de jogo durante a LBF, ainda que mantenha a rotação rígida e diminuta. O técnico saca uma jogadora somente para poucos minutos de descanso e confia tão somente em duas reservas – o que reduz exponencialmente a possibilidade de variações. A contusão de Patty parece sem retorno definido, tirando um desafogo ofensivo, uma fagulha de pontuação importante do banco em uma série tão equilbrada.
Já o técnico João Camargo opta por rotações amplas, favorecido pelo elenco robusto e equilibrado, com reposição em todas as posições. A armadora Maila contundiu-se e é dúvida para a semi-final. Diferente de 2023, ano do inédito título para Araraquara, a equipe jogará sem mando de quadra, fator fundamental na conquista do ano passado.
Palpite: a profundidade do Sesi poupará as pernas da equipe, que vencerá por 2 a 1.
