Apostas para o Final Four da Euroliga feminina 2023
Na sexta-feira, 14 de abril, arranca a final four da Euroliga feminina 2023, com duas meias-finais emotivas prontas a começar. Auge da temporada, o Final Four tem prosseguimento dois dias depois, com a disputa do terceiro lugar, envolvendo as equipes perdedoras das semis, e a disputa do título. Como virou costume, todas as fichas e apostas estão colocadas no Fenerbahçe.
A potência turca sonha com o título continental, inédito em sua história, a despeito do alto investimento visto em temporadas passadas. Para alcançar o objetivo, a diretoria não poupou esforços. A primeira mudança ocorreu no comando técnico, o espanhol Victor Lapeña perdeu o posto para a sérvia Marina Maljkovic, que logo contratou jogadoras da seleção sérvia (velhas conhecidas de Maljkovic) para encorpar o elenco.
O núcleo de europeias, capitaneado pela ucraniana Alina Iagupova e pela alemã Satou Sabally, ganhou o reforço da belga Emma Meesseman. Como se fosse pouco, a equipe trouxe a melhor jogadora da atualidade (Breanna Stewart) e uma das melhores armadoras (Courtney Vandersloot). Um verdadeiro esquadrão, que permanece invicto desde que todas as peças se juntaram.
Se, em um passado recente, o favoritismo decorrente da desigualdade de investimento recaía sobre o russo UMMC Ekaterinburg, agora é a vez do Fenerbahçe. Porém, não são novos a expectativa do título e o favoritismo; no ano passado, as turcas sediaram o Final Four e, contrariando todas as previsões, incluindo um ginásio abarrotado da fanática torcida, perdeu para o húngaro Sopron.
A derrota permanece presente na memória da equipe e serve como aviso ao elenco atual. As húngaras executaram à perfeição o único plano de jogo capaz de conter o voluptuoso ataque turco e restringiram o Fenerbahçe a míseros 55 pontos. Com ritmo lento, cuidando bem da bola e brecando a partida, o Sopron fez o que parecia impossível e conquistou o caneco.
Embora apresente peças diferentes na temporada atual, a característica do Fenerbahçe segue a mesma e, se o time desenvolver seu padrão ofensivo, restam poucas alternativas aos rivais. As turcas encontrarão as italianas do Beretta Famila Schio na semi, outra equipe a sofrer mudanças na intertemporada e a melhorar seu desempenho.
Tal qual o Fenerbahçe, o Schio apostou em novo comando técnico: o experiente grego Georgios Dikaioulakos transformou um time centrado em torno de Sandrine Gruda em um coletivo mais homogêneo. Gruda foi embora e a espanhola Astou Ndour-Fall assumiu o posto no garrafão, sem porém demandar a bola. O time cresceu como coletividade e passou sem dificuldades pelo espinhoso grupo B na fase de classificação.
Rhyne Howard e Marina Mabrey complementam-se muito bem nos dois lados da quadra e as peças complementares (Jasmine Keys e Constanza Verona) fizeram uma grande Euroliga. Para superar o Fenerbahçe, Rhyne Howard precisa superar sua timidez e aparecer no ataque – ela é a estrela individual capaz de conduzir um underdog à final. Nítido que Dikaioulakos emulará o plano de jogo do Sopron; menos certo é o êxito. Reiteramos: qualquer resultado outro que uma vitória turca será surpreendente.
Na outra semifinal, confrontam-se outra equipe turca com poderoso investimento contra uma equipe mais humilde (em termos de dinheiro). O Mersin Çukurova dispõe de tanto dinheiro que trocou de técnico e as principais peças do elenco até conquistar as vitórias esperadas. Somente quando o espanhol Robert Iñiguez assumiu, e contratou outra leva de jogadoras, o time engrenou. O quinteto titular poderia disputar a WNBA e conta com a fase excepcional da armadora Chelsea Gray. Se o basquete se reduzisse a investimento, o resultado estaria definido.
Entretanto, o USK Praga tem história em surpreender em Final Four da Euroliga. No nem tão longínquo ano de 2015, as tchecas bateram o Ekaterinburg na finalíssima. Comparando os nomes individuais, as russas tinham muito mais peso. Candace Parker, Kristi Toliver, Alba Torrens tiveram que se contentar com a prata, após partidas enormes da pivô Kia Vaughn e da armadora Danielle Robinson. A vitória por 72 x 68 definiu a inédita conquista continental para a equipe tcheca e marcou o último grande azarão no Final Four da Euroliga, até o Sopron vencer em 2022.
Não somente pela história, como também pela qualidade do time, não convem duvidar do USK Praga. O time possui uma das principais técnicas do mundo e Natalia Hejkova conta com uma assistente dentro de quadra, a inteligentíssima armadora Alyssa Thomas. Mesmo com rotação curta, o que diminui a margem de erro, as tchecas estão em condição similar ao Mersin; a dupla de pivôs norte-americanas (Alyssa e Brionna Jones) faz de tudo em quadra e precisam de pontuação alta de alguma jogadora de perímetro (Valeriane Vukosavljevic, Teja Oblak ou Maria Conde) para vencer o turco Mersin.
USK Praga jogará em casa, repetindo 2015, mais um fator de otimismo para o time tcheco. Deve ser uma partida mais equilibrada que a outra semi e, quem vencer, jogará a vida no domingo pelo troféu.
O retrospecto recente da Euroliga reafirma o amplo favoritismo do Fenerbahçe, devido ao investimento que se traduz em contratação de estrelas. O Ekaterinburg, enquanto dominou o mercado, faturou quase todos os títulos possíveis; o ‘quase’ é a esperança que resta às outras três concorrentes. Há mostra recente de que a fórmula nem sempre se concretiza e o próprio Fenerbahçe guarda essas memórias frescas.
São duas partidas no caminho do título continental. Para vencer uma potência, basta um bom jogo, uma boa execução do plano de jogo – nada impossível para quem sonha com o maior torneio do continente. Daqui a uma semana, saberemos qual narrativa se materializou e quem levou o troféu.