Mundial sub-18 de andebol feminino: Portugal termina em 13º lugar

Ana CarvalhoAgosto 11, 20226min0

Mundial sub-18 de andebol feminino: Portugal termina em 13º lugar

Ana CarvalhoAgosto 11, 20226min0
A selecção de Portugal de sub-18 feminina conseguiu um honroso 13º lugar no Mundial e estes são os destaques da participação lusa

Com duas vitórias sobre o Brasil e sobre Roménia, a seleção feminina de sub18 de Portugal conquistou o 13º lugar, fechando a competição de forma bastante satisfatória. Nos lugares cimeiros, República da Coreia conseguiu vencer por 3 golos (31-28) a seleção da Dinamarca na final, enquanto a Hungria arrecadou a 3ª posição após ter vencido 27-26 a seleção nacional sub18 dos Países Baixos.

Após a derrota e o empate registados no Main Round, Portugal tinha os dois jogos finais para um lugar entre os 13º e 16º lugares. O primeiro adversário foi a equipa do Brasil, uma seleção que se apresentou bastante mais acessível que os anteriores adversários, o que foi bastante importante para voltar a levantar a moral da equipa.

Embora a equipa do Brasil apresentasse atletas bastante possantes e fortes fisicamente, tecnicamente Portugal apresentou-se muito mais forte e a defesa foi taticamente mais competente que em jogos anteriores, especialmente na segunda parte, onde cada bola ganha dava origem a um ataque rápido finalizado com golo. Desta forma a diferença foi-se avolumando, terminando com um expressivo 35-21 como resultado final.

Luciana Rebelo com uma eficácia de 82% (9/11), e ambas as pontas direitas, Júlia Figueira e Denise Fernandes, foram as jogadoras em destaque, especialmente pela grande quantidade de contra-ataques que existiram na segunda metade da partida. Matilde Rosa foi também uma jogadora importante, tanto pela eficácia defensiva na baliza (44%), como também pelas oportunidades de ataque rápido que criou.

O jogo final da competição aconteceu no dia imediatamente a seguir e definia a 13ª posição. O jogo opôs a seleção nacional à seleção da Roménia, tendo o resultado final sorrido a Portugal (35-32), dando assim o 13ª lugar no Campeonato do Mundo de sub18 feminino. Este último adversário criou bem mais dificuldades que o anterior, sendo o resultado ao intervalo favorável para a Roménia (20-17). Após a pausa, Portugal veio muito mais forte e eficaz no ataque, conseguido desta forma reverter este resultado, vencendo a partida de forma perentória.

Defensivamente a equipa nacional iniciou a partida com um sistema 5:1 que se mostrou pouco eficaz, deixando as segundas defensoras muito isoladas e permeáveis ao poderio físico das jogadoras adversárias, fazendo com que o resultado estivesse favorável à equipa da Roménia.

Foi quando Luís Santos alterou o sistema para 6:0 e com a entrada de Rita Guimarães para a baliza (eficácia de 34%) que o jogo mudou de sentido, passando Portugal a ganhar mais bolas e conseguindo uma segunda parte muito consistente. De salientar que a entrada de Joana Semedo foi também muito importante, pois não só conseguiu ser muito sólida defensivamente, conseguindo parar muitas vezes as adversárias, como conseguiu roubar bolas importantes para a viragem do resultado.

Naide Gonçalves e Constança Sequeira (MVP do jogo) mostraram-se novamente uma dupla bastante importante ofensivamente, conseguindo em conjunto 19 dos 35 golos de equipa portuguesa. Portugal terminou assim a sua participação no Mundial, com um jogo bastante competente, onde foi capaz de dar a volta a um resultado desfavorável ao intervalo, ficando na 13ª posição.

Analise global ao Mundial

Portugal apresentou sempre um jogo bastante mutável, especialmente a nível defensivo, já que o sistema defensivo utilizado pela seleção nacional foi bastante volátil em todos os jogos. Luís Santos apresentou um 6:0 agressivo que rapidamente se alternava para um 3:2:1, passando muitas vezes por um 5:1 em que o avançado se distanciava bastante da restante defesa, criando algum desequilíbrio atrás.

Em alguns momentos a defesa apresentou inclusive princípios de defesa individual, onde cada defensora se mostrava responsável por apenas um atacante, não existindo os princípios de ajuda. Importante referir que sendo o andebol uma modalidade com possibilidade de trocas de jogadoras infinitas, é muitas vezes usada a estratégia de fazer trocas defesa-ataque de forma a equilibrar melhor a defesa, quando uma jogadora muito importante no sistema ofensivo não é tao competente a nível defensivo. Por princípio o selecionador nacional não utiliza esta arma, o que levou a desequilíbrios defensivos na maior parte dos jogos, algo que poderia ter sido resolvido com a utilização de uma especialista defensiva.

A nível ofensivo, o modelo de jogo passou por uma alternância entre tentativa de jogo exterior, tirando partido das laterais de elevada estatura como Carmen Figueiredo e Luciana Rebelo, ou jogo para os extremos, tentando libertar espaço para as pontas, onde Luana Jesus, ponta esquerda, e Denise Fernandes, ponta direita, formam as mais eficazes (56% e 64% de eficácia nos extremos, respetivamente).

No entanto, e na minha opinião, foi quando trabalhava de forma a desequilibrar os defesas centrais, chamando os segundos defensores e abrindo os espaços entre 1º/2º, que Portugal foi mais eficaz. Isto acontecia especialmente quando a dupla Constança Sequeira e Naide Gonçalves estavam em campo, pois ambas têm excelente capacidade de leitura e interpretação do jogo, conseguindo perceber quais os espaços livres deixados pela defesa adversárias, e conseguindo tirar partido disso, decidindo muitas vezes bem, tanto para finalizarem como para fazerem outras finalizar. Tendencialmente as equipas utilizaram um sistema 6:0 mais fechado contra Portugal, deixando pouco espaço no interior da defesa para os pivots jogarem, portanto a nível ofensivo esta não foi uma arma da equipa nacional.

Com estas experiências, estas atletas estarão com certeza mais bem preparadas para o futuro que se avizinha, esperando que se possa tirar frutos proximamente no que diz respeito à seleção A.

Análise final do campeonato no mundo

O campeonato do mundo acabou apenas a 10 de Agosto, dois dias depois da seleção de Portugal terminar a sua competição, e a final opôs a seleção da Dinamarca (adversário de Portugal na 1ª fase) à seleção da República da Coreia. Dois estilos de jogo completamente diferentes, onde a seleção da República de Coreia apresenta um jogo com princípios muito mais básicos, trabalhando muito ofensivamente na fixação do par e desequilíbrio do ímpar para criar espaços e defensivamente trabalha também na criação sempre de uma superioridade do lado da bola, usando um sistema 3:3 muito agressivo, de forma a colmatar a sua baixa estatura.

A Dinamarca, muito mais dependente do remate exterior, e com uma defesa 6:0 muito mais recuada, foi equilibrando o jogo quase até ao final, mas o estilo de jogo da República da Coreia, que se provou muito eficaz ao logo de todos os jogos, superou também o modelo de jogo dinamarquês, conseguindo assim vencer por 31-28.

A República da Coreia venceu assim o Campeonato do Mundo de Sub18, sendo a primeira seleção não europeia a conseguir vencer esta competição. No jogo da medalha de bronze, Países Baixos e Hungria defrontaram-se na busca do último lugar no pódio. O resultado sorriu para a seleção da Hungria, tendo vencido o jogo pela margem mínima e nos últimos momentos de jogo (27-26).

 


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