A final da LBF 2024

Lucas PachecoJulho 4, 20246min0

A final da LBF 2024

Lucas PachecoJulho 4, 20246min0
Está decidida a final da LBF 2024, Sampaio e Sesi Araraquara vão lutar pelo título de campeões do Brasil e fica aqui a antevisão

Chegámos, enfim, às finais da Liga de Basquete Feminino. Cumprindo todos os prognósticos, veremos a reedição da temporada passada, entre Sampaio e Sesi Araraquara. Os dois maiores investimentos passaram por dificuldades insuspeitas nas semi-finais, ambas necessitando da partida desempate para chegar à final.

O Sampaio possuía amplo favoritismo sobre um oscilante Unimed Campinas. Com somente uma derrota na competição, as maranhenses foram a Campinas e abriram a série com a vitória, por 57 x 48; o placar conta a história do duelo, caracterizado pelo baixo nível técnico. Sampaio abriu boa vantagem no primeiro tempo e fez apenas o básico no segundo para sair vitorioso; o Campinas não conseguiu chegar, ainda que tenha reduzido a força ofensiva maranhense.

Fora de seu padrão, pautado pela cadência e uso das pivôs, Campinas perdeu nos rebotes, o que alterou a escolha dos arremessos e obrigou a chutar de longe – sem sucesso. Porém, o segundo tempo em Campinas prolongou-se à segunda partida, já em São Luís: um esquálido ataque do Sampaio permitiu que Campinas impusesse seu ritmo. Sem sua comandante (Babi machucou-se na partida 1 e foi ausência no resto da série), Casanova assumiu as rédeas e botou fogo no jogo. Ela concentrou a bola, monopolizou os arremessos, provocou e saiu vitoriosa (62 x 55). Embora as pivôs tenham recebido menos bola, Campinas venceu a luta pelos rebotes.

O resultado forçou o jogo-desempate, com mando do Sampaio. Era clara a necessidade de mudança na postura e as jogadoras do Sampaio trataram de subir muitos níveis de intensidade. Desde a bola ao alto, o domínio foi completo, com uma defesa pressionada que tirou a liberdade de Casanova e o jogo de pick-and-roll, típico de Campinas, além de permitir velocidade na transição ofensiva. A torcida, sedenta por mais uma final, veio junto e a vitória veio fácil. O placar (80 x 44) é auto-explicativo.

Na outra série semi-final, as apostas recaíam no equilíbrio e o jogo-desempate era esperado. As duas equipes fizeram um campeonato a parte na reta final da fase classificatória, na luta pelo mando de quadra nesse fatídico jogo 3 da semi-final. O Sesi não tomou conhecimento da desvantagem (em um ginásio com bom público em Itu) e soube conduzir a vitória, que assegurou a segunda final consecutiva.

O Jogo 1, em Araraquara, teve baixo nível técnico, vencido pelas anfitriãs por 57 x 55. A partida 2, ao contrário, foi eletrizante e bem jogada. Enquanto o Sesi controlou os três primeiros quartos, o Ituano entrou com uma formação inusitada no quarto decisivo – e deu certo. Monique fora a responsável por estancar os rebotes do Sesi no primeiro tempo e sua defesa bloqueou o acesso livre ao aro; ela precisava estar em quadra no último quarto, quando o Ituano perdia por 8 pontos.

Valia a sobrevida e o experiente técnico Antônio Carlos Barbosa fez as mudanças necessárias, apostando na formação com as três pivôs da rotação (Gabi, Lee Lisboa e Monique). Joice, em noite ruim nos arremessos, comandou a virada com defesa forte e muitos passes de backdoor, incluindo a cesta decisiva que sacramentou a virada, no minuto final do duelo. Gabi, como de costume na temporada, bailou e puxou a pontuação do Ituano, finalizando com 27 pontos e 11 rebotes.

Com a vitória do Ituano por 70 x 69, o jogo 3 ocorreu novamente em Itu, dois dias depois. Com roteiro similar, o Sesi chegou aos 10 minutos finais com boa vantagem e soube, desta vez, assegurar o resultado. Não houve formação diferente, não houve explosão da Gabi, não teve Monique páreos para um Sesi mais composto, com suas alas atacando o aro e buscando infiltrar. Em um esquema manjado, com excesso de chutes de três, e opção de poste baixo, as alas são o diferencial; quando elas atacam e pontuam, o time cresce. Foi o que aconteceu – Sossô (mais eficiente do jogo) com 14 pontos, Manu com 19 e Vitória, 11.

O placar final de 75 x 64 manteve o Sesi Araraquara na luta pelo bicampeonato.

A finalíssima

A série final será disputada em melhor de cinco jogos; para conquista do título, uma equipe precisa vencer 3 partidas. Como dito no começo do texto, era a final mais provável, com as duas finalistas de 2023, quando o Sesi Araraquara fez prevalecer seu mando de quadra e faturou o troféu no jogo decisivo. Desta vez, porém, o mando estará nas mãos do Sampaio, que deve jogar as finais no ginásio Castelinho.

Entre as duas finais, outra final testemunhou mais um duelo entre maranhenses e paulistas. A primeira Copa LBF, realizada no meio da atual temporada, foi vencida pelo Sesi (em sua casa) por 69 x 67. O retrospecto da temporada regular, por sua vez, pende para o Sampaio, vencedor dos dois jogos (68 x 59 em casa, no turno; e 79 x 75, em Araraquara, no returno).

O confronto é muito equilibrado sob qualquer viés de análise. Os dois melhores elencos, capazes de contratar qualquer jogadora do mercado brasileiro, conhecem-se como poucos e absolutamente todas as movimentações são conhecidas. Duas equipes que buscam pressionar na defesa e sair em transição rápida, com ênfase no perímetro e usando o poste baixo como válvula de escape. Dois elencos que gostam dos chutes longos e possuem variação para quebrar esquemas rígidos.

A essa altura do confronto, cada detalhe será essencial. A rotação de Araraquara, sob comando do técnico João Camargo, possui mais profundidade, enquanto o Sampaio, do técnico Bruno Guidorizzi, utiliza três jogadoras do banco – e os pontos das reservas podem ser fundamentais para o resultado final.

Tal qual na semi-final contra Ituano, a final da Copa LBF contou com boa participação de uma ala; Vitória acabou eleita a MVP do jogo. Porém, elas encontrarão defensoras mais qualificadas na final: Cacá e Rapha devem reduzir o espaço de Sossô, Manu e Vitória. No garrafão, o Sesi leva vantagem no tamanho e na força, embora as pivôs maranhenses sobressaiam na velocidade e movimentação. Na armação, Débora/Bia Aneas (Maila não jogou as semis) e Alana/Lays formam duplas opostas, a primeira mais organizadora, a segunda mais pontuadora.

O Sesi costuma vencer quando impõe seu estilo, o que aconteceu em frequência menor do que na temporada 2023. Na sua frente, um Sampaio bem modificado que forjou sua identidade durante a competição e passando por cima das dispensas das duas estrangeiras. Mesmo com rotação diminuta, o Sampaio foi mais constante ao longo da temporada e, caso mantenha o padrão, terá a vantagem de decidir ao lado de sua apaixonada torcida.

Tudo pode acontecer na final da LBF. Ainda sem datas divulgadas, convém ficar atento ao calendário e acompanhar a final, que envolverá os dois melhores elencos da liga. O Sesi Araraquara tentará o bi-campeonato consecutivo, feito atingido pela última vez na LBF no longínquo 2015 (Americana conquistou então seu segundo título na sequência); para o Sampaio, estará em jogo o quarto título (2015-16, 2019 e 2022) de sua história.

Que comecem as finais!


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS