1ª Jornada EuroLiga 22/23: Alyssa Thomas a todo o vapor no arranque

Demorou, porém a Euroliga começou. Sem as equipes russas, dominantes na última década, o quadro de forças ficou menos nítido. Logo na primeira rodada, a tônica do equilíbrio prevaleceu, além de grandes exibições. Vamos aos destaques do dia 1.

Partida da rodada: Valencia 73 x 71 Virtus Bologna

De um lado, a equipe italiana que retorna à principal competição europeia, com um fluxo significativo de investimento. O projeto repatriou a estrela italiana Cecilia Zandalasini e contratou a ótima pivô norte-americana Cheyenne Parker; ao redor da dupla, ótimas jogadoras europeais, como a shooter letã Kitija Laksa, a armadora croata Ivana Dojkic e a pivô francesa Iliana Rupert, atual MVP do francês, da última Eurocup e campeã da WNBA.

Do outro, um projeto mais consolidado, que mescla o investimento em jogadoras experientes com uma fornada jovem e sedenta por minutos. Na partida de ontem, o técnico valenciano Ruben Burgos não contava com seu provável trio titular no perímetro (Cristina Ouviña, Bec Allen e Alba Torrens, contundidas) e não hesitou em confiar nas jovens Awa Fam (16 anos), Raquel Carrera (20), dupla titular no garrafão, além de Elena Buenavida (18) e Laia Lamana (20), vindo do banco.

A opção do técnico retrata a própria essência do projeto de Valencia e o resultado mostrou o acerto. Em um jogo equilibrado do começo ao fim, com a diferença sem chegar aos dígitos duplos em nenhum momento, qualquer movimento pesa no final. A elas, somemos outros nomes que devem figurar na seleção espanhola no próximo ciclo e temos um ótimo conjunto. Foi justamente uma delas, a ala-armadora Queralt Casas a protagonista da noite: menos pelos 15 pontos anotados (cestinha de seu time, ao lado da segura Letícia Romero), mais pela defesa.

O placar estava empatado, com 20 segundos por jogar e posse para as italianas. A estratégia era isolar a Zandalasini no alto da quadra e deixá-la trabalhar; não contavam com a marcação exemplar de Casas, que conseguiu o roubo e saiu sozinha no contra-ataque para a bandeja, decretando a vitória valenciana na 1ª jornada da EuroLiga.

Queralt Casas arrodilladose frente a Zandalasini no era una reverencia… Tenía truco!!#DisneylandValencesto versión Hacendado entrando en la #EuroLeagueWomen por la puerta grande! pic.twitter.com/oTK8cgwFbq

— ?☆ ????? ?????? ☆?  (@ViejaGloria23) October 26, 2022

Em um grupo com duas fortes candidatas a avançar (USK Praga e Fenerbahçe), todo resultado direto entre as demais pode ser crucial para a classificação. O Valencia saiu na frente e conquistou importantes pontos. Com o retorno das lesionadas, a tendência é melhorar ainda mais o nível. Já para o Virtus, a derrota carrega dúvidas quanto ao seu banco (apenas 10 pontos anotados); mais importante, será buscar o entrosamento o quanto antes. A recuperação não pode tardar.

Decepções

Embora o favoritismo do Fenerbahçe seja cantado aos quatro ventos, aa turcas derraparam na estreia nesta EuroLiga. O time tomou uma lavada do polonês Polkowice; o surpreendente 73 x 46 aumenta a pressão sobre a potência turca, vinda de um decepcionante vice-campeonato na temporada passada. Trata-se de troféu inédito ao clube, já conquistado pelo arqui-rival Galatasaray, objetivo para o qual não se medem esforços – e investimento.

Mesmo com as ausências de Breanna Stewart (deve se juntar em janeiro), Emma Meesseman (contundida) e Satou Sabbaly, a comparação entre os elencos pesa bastante a favor do Fenerbahçe. Dada a grandeza do clube, novo escorregão (com um ataque esquálido) pode trazer um redemoinho inesperado a essa altura do torneio.

O Mersin Çukurova, outra equipe turca, esta no grupo B, também decepcionou, embora enfrentasse um adversário muito mais forte, fora de casa. O espanhol Avenida não deu chance e venceu por tranquilos 83 x 66. Embora conte com investimento alto, o Mersin esteve desfalcado de sua principal jogadora, a pivô Jonquel Jones. De qualquer maneira, o primeiro dia da Euroliga evidenciou que além de dinheiro é necessário montar conjuntos coesos e que, muitas vezes, o trabalho demora a surtir efeito.

Confusão extra-quadra

Os confrontos entre equipes espanholas e o Mersin têm ganhado contornos de rivalidade que ultrapassam as quatro linhas. Na temporada passada, em fase precoce dos playoffs da Eurocopa, um ávido Mersin, já com investimento bem acima da média, perdera fora de casa para o Lointek Gernika; as turcas precisavam vencer, em casa, o jogo da volta, por ampla diferença. As espanholas, na véspera da partida decisiva, comunicaram problemas de alimentação no hotel, responsáveis por desarranjos no elenco, além de um pouco transparente resultado positivo de Covid para a principal jogadora espanhola. O Mersin conquistou a vaga.

Ontem, quem denunciou problemas de saúde em função da alimentação, foi o Mersin, novamente contra uma equipe espanhola.

Cukurova afirma que parte de su plantilla se ha puesto enferma (posiblemente) por las comidas servidas en el hotel en el que se hospedaban en Salamanca.

Instan a su federación a investigar las circunstancias.#EuroLeagueWomen pic.twitter.com/rWr3f0EwCZ

— Anaïs López Gómez (@anaislopez23) October 26, 2022

Aguardemos os próximos episódios. O Mersin receberá o Avenida, no returno do grupo B, além de jogar duas vezes contra outro espanhol, o Girona.

MVP da rodada

Não há outra escolha possível: Alyssa Thomas anotou um triplo-duplo logo na estreia da competição. Na suada vitória sobre o Szekszard, por 82 x 71, a norte-americana anotou 15 pontos, 15 rebotes, 10 assistências e 5 roubos. Ela fez absolutamente tudo, suprindo a ausência de Brionna Jones e Veronica Vorackova.

Não há descanso para Thomas: ela engatou a final da WNBA (quando fez triplos-duplos nas duas últimas partidas) com o Mundial de seleções (onde foi eleita a melhora defensora) e agora já apronta na Euroliga. Poucas vezes um apelido foi tão bem empregado; a engine vem com tudo para mais uma temporada, sem sequer descansar.