Hall da Fama da MLB em 2022 novamente causa polêmica entre fãs
Na última terça-feira (25) a Major League Baseball divulgou o resultado da votação para o Hall da Fama do beisebol. Com 77,9% dos votos, David Ortiz – estrela do Boston Red Sox e um dos maiores nomes entre os rebatedores do jogo – foi selecionado para a imortalização de Cooperstown, local onde o museu do Hall da Fama está localizado.
O resultado chamou a atenção e gerou polêmica por vários fatores, mas majoritariamente, por ter apenas um nome eleito entre os diversos possíveis. Ortiz fez história ao entrar na primeira tentativa, mas nomes como o de Barry Bonds e Roger Clemens criaram muito mais impacto ao ficarem de fora do grupo de eleitos. E neste caso, impacto quer dizer rejeição ao processo e críticas pesadas contra quem vota! Confira no artigo de hoje o porquê de tanta repercussão negativa entre os torcedores!
Hall da Fama – o processo
O caminho de um atleta para a eternidade no Hall da Fama não é nada fácil. Se não bastasse ter que se destacar entre os milhares de nomes e ainda ser comparado com quem já foi eleito antes, o próprio processo é cheio de regras e burocracias. Para começo de conversa, é preciso que o jogador tenha atuado por pelo menos quinze anos no maior nível do esporte, a MLB, e aposentado há pelo menos 5 anos. Cada jogador tem um espaço de 10 anos para concorrer. Depois disso, ele não participa mais das eleições convencionais.
A partir disso, todo ano temos um grupo de nomes que fez história ao longo da carreira, e que precisa passar pelo crivo de cerca de 400 jornalistas que cobrem o beisebol. Existem regras para os eleitores também, mas em resumo, é gente que tem pelo menos uma década cobrindo o esporte por um veículo da imprensa americana.
Cada jornalista recebe uma cédula de votação e escolhe até 10 nomes dos possíveis, podendo inclusive não votar em nenhum. Ao final, todos os jogadores que tiverem pelo menos 75% dos votos, serão eleitos para o Hall da Fama.
A glória de David Ortiz
A carreira do ‘Big Papi’ é marcada por uma série de louros: Ortiz surgiu na MLB em 1997 pelo Minnesota Twins, atuando tanto como primeira base como rebatedor designado (um atleta que substitui o arremessador na ordem de rebatedores, mas apenas para os momentos em que o arremessador vai ao bastão). Teve desempenho tímido pela equipe de Minnesota, e foi dispensado ao final da temporada 2002.
O ano de 2003 iniciou com um novo contrato para David Ortiz. Na época, o arremessador Pedro Martinez (uma das lendas do esporte e amigo de Ortiz), que atuava pelo Boston Red Sox, sugeriu a contratação de Big Papi aos executivos do time. Em 22 de janeiro de 2003, época de montagem dos elencos, Ortiz recebeu um contrato ‘não-garantido’ – com incentivos caso o atleta conseguisse espaço no elenco principal. O resto, como o tempo mostrou, virou história.
Ortiz foi campeão da World Series em três edições (2004, 2007 e 2013), sendo um dos líderes da exitosa equipe do Boston Red Sox. Foram 14 temporadas atuando por Boston, com 10 aparições em Jogo das Estrelas e um prêmio de MVP (Most Valuable Player, ou jogador mais importante) em 2004. As credenciais impulsionaram Big Papi para a entrada no Hall da Fama logo na primeira tentativa – menos de 60 nomes dos cerca de 340 eleitos foram consagrados na primeira oportunidade.
Polêmica em 2022
A votação deste ano (que começou em 2021) novamente foi cercada de polêmicas. Dois importantes nomes da história do esporte perderam a chance de entrar no Hall da Fama no décimo ano, encerrando as possibilidades de entrar pelas vias normais: Roger Clemens e Barry Bonds foram importantes atletas da Major League Baseball entre os anos de 1980 a 2000. Ambos são recordistas em categorias de destaque, como número total de home runs (a rebatida máxima do esporte) e prêmios individuais.
Bonds detém dois destes recordes, com sete prêmios de MVP e liderando a lista de Home Runs com 762 (à frente de Hank Aaron, com 755, e Babe Ruth, com 714). Clemens compila 7 prêmios Cy Young, dado ao melhor arremessador de uma temporada – ele tem dois a mais que Randy Johnson, o segundo da lista, com 5.
Muitos destacam o uso de esteroides como grande fator que impede atletas como Bonds e Clemens de serem eleitos para o Hall da Fama. Ambos são apontados pelo uso de substâncias proibidas – seja por meio de testagem ou investigações -, fato que é inconcebível para muitos jornalistas. A lógica é a mesma aplicada no caso de Pete Rose: líder da categoria ‘rebatidas válidas’ na história, Rose foi banido do esporte por envolver a própria equipe num esquema de apostas quando era treinador.
O problema é que a comunidade de fãs entende que é impossível contar a história do esporte sem mencionar Bonds e Clemens. Para além disso, existe o argumento que esteroides fizeram parte da cultura da MLB nos anos 1990: até 2002 não existia uma política anti-drogas na liga, o que fez com que muitos atletas utilizassem algum tipo de substância para melhorar a performance. O próprio David Ortiz teria sido pego em uma investigação na época.
Toda a novela das votações polêmicas foi novamente esquentada na MLB. Com o tempo, veremos cada vez menos atletas que tiveram envolvimento com esteroides concorrendo ao posto no Hall da Fama. Mas até lá, anualmente, fãs terão motivos para reclamar e questionar o processo de eleição para a chamada ‘glória eterna’ da Major League Baseball.