Será Possível um Leicester 2.0?
Quem não se lembra da super campanha do Leicester em 2015/2016? Os foxes chocaram e apaixonaram os mais distantes adeptos do desporto rei, numa equipa onde se destacavam N´golo Kanté, Riyad Mahrez e Jamie Vardy, orientados pelo experiente Claudio Ranieri. Ora, agora não há uma “old fox” como o italiano, mas está no banco um talentoso timoneiro, Brendan Rogers. E se já não há Mahrez ou Kanté, ou Maguire que saiu para o United, há talento de sobra para incomodar os grandes ingleses.
Na baliza mantém-se um símbolo do clube, que continua a capitanear a equipa e a demonstrar que é um dos melhores guarda-redes da Premier League. Kasper Schmeichel dá uma segurança enorme à equipa, uma vez que não só é capaz de realizar as mais incríveis e aparentemente impossíveis defesas como transmite segurança a jogar com os pés e a sair da baliza.
Na defesa, a dupla de centrais composta por Johnny Evans e Caglar Soyuncu tem estado em grande. O turco respira confiança, e a sua velocidade e agressividade defensiva parecem já ter feito esquecer Harry Maguire. Nas laterais moram dois dos melhores jogadores deste Leicester, e dois dos melhores laterais da Premier League. Ricardo Pereira está a exibir-se a um nível brutal, tendo ganho o prémio de jogador do ano dos foxes na época passada, sendo que nesta temporada continua a destacar-se pela forma como se envolve ofensivamente, sobressaindo com a sua técnica, velocidade e potência física. À esquerda está Ben Chilwell, jovem de 23 anos internacional inglês, lateral altamente completo e equilibrado defensiva e ofensivamente. Chilwell é muito forte fisicamente, difícil de ultrapassar pelo chão e pelo ar, e o seu talentoso pé esquerdo permite-lhe associar-se bem com os colegas e desequilibrar no ataque, ele que se destaca também ao nível do cruzamento.
Quanto ao meio-campo, as opções são muitas, e todas elas de qualidade elevadíssima. Wilfred Ndidi é o dono da posição 6, e já foi mais que uma vez esmiuçado pelo Fair Play. Cultura tática, força, velocidade, desarme e capacidade de impulsionar a equipa para a frente e aparecer em várias zonas do campo são o cartão de visita do nigeriano. Nigeriano que tem de se acautelar com o jovem Hamza Choudhury, menino de 22 anos que vai ganhando o seu espaço nas opções de Rogers (para quem não o conhece, procure no campo uma cabeleira semelhante à de Fellaini ou Witsel). Mais à frente ligeiramente, o prodígio belga Youri Tielemans está finalmente a confirmar o que se esperava dele quando aos 16 anos apareceu na equipa principal do Anderlecht. Intensidade, qualidade de passe, visão de jogo, e qualidade no ultimo passe e na finalização, como demonstram os 3 golos e duas assistências em 10 jogos no campeonato. Dennis Praet é outro nome muito interessante deste meio campo. O belga contratado à Sampdoria tem sido muito utilizado, e as suas qualidades como médio de transição são muito úteis quando Maddison é utilizado numa ala.
Falando de James Maddison, é mais outro elemento já mencionado nos nossos artigos. O jovem de 22 anos vai na sua segunda época ao serviço do Leicester, sendo uma das figuras da equipa e uma presença bastante assídua na seleção inglesa. No meio campo ofensivo ou a partir da esquerda, Maddison destaca-se pela sua brutal qualidade técnica, sendo exímio ao nível do passe, receção e drible curto. É ainda dotado de uma excelente meia distância e uma visão de jogo sublime, algo que lhe permite obter bons números (já leva 3 golos e duas assistências em 9 jogos).
Por fim, chegamos aos homens que decidem de forma mais recorrente. Brendan Rogers tem apostado num 4-3-3, e no trio da frente há dois elementos que se têm destacado, e que por essa razão somam mais minutos. À direita, o reforço espanhol Ayoze Pérez tem merecido a confiança do técnico, tendo correspondido sobretudo no último jogo frente ao Southampton, onde apontou um hat-trick. À esquerda, Maddison e Harvey Barnes têm desempenhado a função, sendo que o segundo apenas é chamado ao 11 quando Maddison é usado no trio de meio campo. Ainda assim, Barnes, nos seus 483 minutos de utilização na Premier League soma já 4 assistências e um golo.
Não podíamos terminar sem falar do elemento mais excêntrico da equipa dos foxes. Jamie Vardy continua a ser a cara desta equipa, e ano após anos as suas qualidades permanecem intactas. Tremendo no ataque à profundidade, agressivo, mortífero nas imediações e no interior da grande área, combativo, e com uma perigosíssima meia distância, Vardy continua a ser um dos melhores pontas de lança da Premier League, algo que é comprovado pelos 9 golos em 10 jogos nesta edição do campeonato.
No plantel, Brendan Rogers conta ainda com nomes como Danny Ward, Wes Morgan, Filip Benkovic, Christian Fuchs, Nampalys Mendy, Marc Albrighton, Demaray Gray ou Kelechi Iheanacho, ficando clara a qualidade e profundidade de opções à disposição do técnico escocês. Será possível um Leicester 2.0? Só o tempo o dirá, mas para já, este novo Leicester é terceiro na competitiva liga inglesa, a apenas dois pontos do campeão Manchester City, e 8 do Liverpool.