Selecção Nacional feminina: o actual caminho das séniores

Margarida BartolomeuNovembro 6, 20215min0

Selecção Nacional feminina: o actual caminho das séniores

Margarida BartolomeuNovembro 6, 20215min0
A selecção Portuguea "B" e "AA" entraram em acção nas últimas semanas e Margarida Bartolomeu conta o que se passou em ambas

Um mês de outubro marcado por vários estágios de preparação das nossas seleções nacionais, houve duas seleções que, praticamente em simultâneo, disputaram jogos enquadrados em fases de apuramento para um europeu e um mundial – as Seleções Nacionais Sub-19 e AA, respetivamente. Além destes jogos “a valer”, a Seleção Nacional B (melhor designada de sub-23), teve um grande desafio pela frente, num jogo contra a sua congénere espanhola. Vamos agora falar das séniores, a começar pela selecção sub-23, seguindo-se a selecção de Portugal feminina “AA”.

No que respeita às jovens Sub-23 portuguesas, Carlos Sacadura aproveitou a interrupção no campeonato para as colocar à prova (e que prova), e testar o seu desempenho e evolução frente a uma forte seleção espanhola. A convocatória foi constituída pelas seguintes jogadoras:

Amora FC: Ana Rita Oliveira e Nicole Nunes
FC Famalicão: Daniela Silva e Mariana Campino
FF Yzeure Allier Auvergne: Clara Moreira
GPSO 92 ISSY: Morgane Martins
Le Havre AC: Kelsey Araújo
Rice University: Ana Albuquerque
SC Braga: Ana Rute; Inês Maia
SCU Torreense: Angeline Costa; Raquel Ferreira e Tânia Rodrigues
SL Benfica: Ana Seiça; Beatriz Cameirão
Sporting CP: Bruna Costa, Carolina Beckert, Carolina Jóia, Joana Martins, Mariana Rosa e Marta Ferreira (substituída na convocatória por Ana Teles)
Valadares: Rita Dias

O jogo frente às espanholas acabou por terminar com uma derrota por 6-0. Confesso, não tive oportunidade de assistir ao mesmo. Os horários definidos para os jogos das nossas Seleções Femininas continuam a ser muito pouco propícios à fidelização dos espectadores… No entanto, este resultado é fruto da diferença de realidades ainda existente entre os dois países. A equipa das Quinas era constituída por jogadoras que, embora jovens, já são experientes (maioritariamente jogadoras de Liga BPI), algumas delas em destaque nos seus clubes (Ana Rute, Beatriz Cameirão e Joana Martins, por exemplo), mas isto, por si só, demonstrou ser insuficiente para fazer face a uma seleção espanhola recheada de talento.

A competitividade de ambos os campeonatos, a profissionalização da Liga espanhola, o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na formação das jovens jogadoras espanholas, e teve início alguns anos antes sequer de a Federação Portuguesa de Futebol mudar de mentalidade. Enfim, uma panóplia de fatores que influenciou o resultado final. Mas, como o resultado não é tudo, e é na adversidade que mais crescemos, acredito que esta seleção tem um papel fulcral no desenvolvimento da jovem jogadora, servindo de ponte para o futebol sénior e de “montra”, que permite às jovens convocadas mostrar toda a sua qualidade, e ficar mais preparadas para reforçar a equipa A.
Que este resultado avultado sirva de wake up call para a nossa Federação perceber que, por mais que o Futebol Feminino Português tenha evoluído nos últimos anos, o caminho que temos pela frente ainda é longo, e há que fazer mais e melhor!

Seleção Nacional A

Para a dupla jornada de Apuramento para o Mundial de 2023, Francisco Neto realizou algumas alterações à convocatória, mas manteve o “núcleo duro” da mesma. A jogadoras chamadas foram as seguintes:

Famalicão: Rute Costa
Ferroviária: Suzane Pires
Kansas City: Jéssica Silva
Levante UD: Tatiana Pinto
CS Marítimo: Telma Encarnação
SC Braga: Diana Gomes, Dolores Silva, Andreia Norton, Patrícia Morais e Carolina Mendes
Servette FC: Inês Pereira
SL Benfica: Sílvia Rebelo, Carole Costa, Andreia Faria, Kika Nazareth, Catarina Amado e Lúcia Alves
Sporting CP: Ana Borges, Diana Silva, Fátima Pinto, Joana Marchão, Andreia Jacinto e Alicia Correia

O primeiro embate adivinha-se o mais complicado dos dois desafios, pois a seleção da Sérvia é uma seleção com bons valores (destaque para ambas as Damjanović), muito física, que se encontra em disputa direta com Portugal por um lugar de acesso ao Mundial. No entanto, a seleção das Quinas mostrou-se muito forte e competente, e conseguiu garantir esta importante vitória, por 2-1, podendo ter vencido até por números mais expressivos, dada a quantidade de oportunidades de que dispôs (embora a seleção da Sérvia também tenha disposto de algumas boas oportunidades de golo).

Apito final, objetivo alcançado, 3 pontos somados! O segundo jogo era, talvez, o mais complexo de abordar, dado o óbvio favoritismo da seleção lusa face à seleção búlgara, e o facto de virmos de uma importante vitória, conseguida após uma excelente exibição. O excesso de confiança e os egos elevados poderiam ser um obstáculo, mas isto não se verificou, e as jogadoras lusas abordaram o jogo com a maior das seriedades, compromisso e dedicação, e selaram a vitória com uns expressivos 5-0. Mais 3 pontos somados, perfazendo um total de 6 pontos conquistados em 6 possíveis nesta dupla jornada. Sentimento de dever cumprido para todas as jogadoras e para a equipa técnica, que conseguiu cimentar assim o segundo lugar do grupo, apenas atrás da “toda poderosa” Alemanha.

Nestes dois jogos, tenho que destacar as jovens Andreia Jacinto, Catarina Carmo e Kika Nazareth, pelos dois excelentes jogos que fizeram, e pela forma como vêm cimentando o seu lugar no 11 de Francisco Neto. Muita qualidade e maturidade destas 3 jogadoras, que muito acrescentam ao futebol praticado pela Seleção Portuguesa.

O caminho ainda é longo, mas o futuro constrói-se no passado. Gerações jovens desenvolvidas e apoiadas originam gerações futuras qualificadas.


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