Selecção de Portugal: Liga das Nações mas com molde para o Mundial

Francisco IsaacSetembro 15, 20226min0

Selecção de Portugal: Liga das Nações mas com molde para o Mundial

Francisco IsaacSetembro 15, 20226min0
Convocatória para os dois encontros de Portugal para Liga das Nações, e Fernando Santos avançou com uma lista de 26 que o Fair Play analisa

Fernando Santos deu por encerradas as dúvidas e lançou aquela que deverá ser a convocatória de Portugal para o próximo Campeonato do Mundo, com nenhuma surpresa a surgir na lista do seleccionador nacional, apesar de terem surgido algumas críticas e questões perante a ausência e/ou inclusão de alguns atletas. Olhemos para a lista de convocados e tentemos perceber que alterações poderiam ter sido realizadas, sem prejudicar o plano de jogo/identidade que o seleccionador nacional quer implementar até ao Catar.

Na baliza de Portugal pouco ou nada há a dizer, Diogo Costa deverá continuar a ser titular, com Rui Patrício como primeiro suplente, e José Sá na condição de reserva, lembrando que existe a franca chance de Fernando Santos conceder minutos ao guardião da AS Roma frente à Chéquia.

Na defesa, Pepe e Rúben Dias formarão a dupla de centrais, surgindo Danilo Pereira e Tiago Djaló como suplentes directos, surgindo aqui a primeira linha de dúvidas… Gonçalo Inácio, David Carmo e José Fonte. Não querendo tirar brilho a Tiago Djaló, que está a realizar um excelente início de época pelo Lille OSC, José Fonte tem um nível de experiência que pode ser positivo para o grupo.

Se o central de 38 anos foi excluído pelo facto de não ter a frescura física necessária, então porque é que Gonçalo Inácio ou David Carmo não receberam essa oportunidade no lugar de Danilo Pereira, que é uma experiência (que já teve alguns momentos positivos, sem dúvidas) ainda sem certeza? Mesmo que o central do Sporting CP não tenha iniciado a época da melhor forma, o facto de ter sido um dos melhores nessa posição na Primeira Liga entre 2020 e 2022, merecia essa oportunidade até pela estupenda exibição frente ao Tottenham, onde conseguiu silenciar Harry Kane. David Carmo, tem qualidade para estar nos eleitos, podendo se aceitar a decisão de Fernando Santos pelo facto do central ter somado poucos minutos nesta primeira fase da época, não estando no topo de forma – António Silva do SL Benfica não entrou nas nossas equações, uma vez que perde em todos os critérios para todas as outras opções apresentadas.

Nas laterais nada a discutir, com o staff técnico nacional a convocar os melhores, subsistindo a dúvida se realmente Nuno Mendes é o dono da ala esquerda, já que Fernando Santos tem uma certa predileção por Raphael Guerreiro. João Cancelo estará à frente de Diogo Dalot, naquilo que são as melhores soluções à direita disponíveis – Ricardo Pereira está fora com uma lesão no joelho e não poderá dar o seu contributo a Portugal até 2023.

No meio, destaque para a não chamada de João Moutinho, estando João Palhinha, Rúben Neves e William Carvalho a disputar o lugar de trinco (ou uma espécie de), acompanhados por João Mário, Matheus Nunes, Vitinha, Bruno Fernandes e Bernardo Silva, sendo de longe a secção da convocatória menos discutível. Florentino Luís, um dos nomes que tem sido mais badalado por uma parte da imprensa nacional, não tem, neste momento, lugar por via de todos os outros estarem num patamar acima, ou apresentarem um momento de forma idêntico numa liga de maior dificuldade. A titularidade será de uma luta extrema, com Bernardo Silva (poderá vir a jogar como falso extremo), Bruno Fernandes, William Carvalho e Matheus Nunes a estarem na frente, apesar de Vitinha e João Palhinha terem uma palavra a dizer, muito por via do nível que vão apresentando neste arranque de época. A questão que aqui se reserva é se Otávio terá lugar no Mundial, ou se está, neste momento, com um pé e meio de fora dessa convocatória final?

No ataque pode surgir um debate mais crítico, pois nem Diogo Jota ou Cristiano Ronaldo estão na forma desejada para serem incluídos nesta convocatória, e foram só intregados por ser o capitão da selecção e poder oferecer sempre algo de especial em momentos mais difíceis; e Diogo Jota acabou por ser inserido pela sua utilidade enquanto agitador e velocista no ataque, características que Pedro Neto, por exemplo, possui, mas que Fernando Santos não confia a 100%. Rafa Silva, Rafael Leão e Ricardo Horta atravessam um excelente momento físico e técnico, e João Félix é ainda visto como um joker, sendo que ainda não conseguiu demonstrar consistência pelo Atlético Madrid – fez 3 assistências num dos primeiros jogos, para se eclipsar logo de seguida. André Silva e Jota (Celtic) parecem não contar para Fernando Santos.

Contudo, e apesar de se poder aceitar 90% da convocatória de Portugal, a questão de Pedro Gonçalves ficar de fora é, no mínimo, questionável, uma vez que o polivalente atleta do Sporting CP tem sido um dos melhores da actual temporada, confirmando-se não só pelos golos e assistências (4 remates certeiros e 4 passes para golos em 8 jogos), mas pela qualidade que consegue injectar na equipa do primeiro ao último minuto.

Diogo Jota tem lugar mais que confirmado no Campeonato do Mundo, e dificilmente estará na melhor das suas faculdades para os encontros da Liga das Nações, especialmente no primeiro, o que poderia ofertar uma oportunidade de ouro para lançar Pedro Gonçalves e efectivamente perceber se consegue encaixar num ataque com Cristiano Ronaldo e Bernardo Silva, dando uma nova perspectiva e (bom) problema ao seleccionador nacional. Porém, a forma como Fernando Santos prescindiu do atleta leonino, e o colocou numa lista de jogadores que nunca estiveram presentes nos trabalhos das Quinas, demonstra, ao mesmo tempo, uma falha grave no discurso e pensamento, como algum desrespeito para com Pedro Gonçalves, que é, ao dia de hoje, um dos melhores jogadores a actuar no campeonato português.

De qualquer forma, os convocados de Fernando Santos para os encontros frente à Chéquia e Espanha são, potencialmente, os atletas que vão estar representar Portugal no Campeonato do Mundo, seguindo o seleccionador nacional o mesmo caminho que os seus pares (nenhuma das principais selecções sofreu alterações ou ofertou oportunidades nesta recta pré-Mundial), sendo o ultimar dos processos e ideias antes da convocatória final para o Catar.


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