Quem são os Lanternas Vermelhas na Europa?

Francisco IsaacAbril 21, 201814min0
Os últimos classificados por esta altura estão a entrar em desespero, com poucas jornadas para se salvarem. Mas sabes quem são os Lanternas Vermelhas nas Big-5?

Daqui a um mês estarão uns bons milhões aos saltos a festejar as conquistas dos seus clubes, com outros a comemorar a ida às competições europeias, entrando por uma noite a dentro de festa, celebrações e sorrisos.

Porém, para outros milhões será uma noite de tristeza profunda, pois não festejar conquistas mas lamentar a descida a divisões secundários profissionais. Seja na Ligue 1, Bundesliga, Liga NOS, Premier League, Jupiler League, Eredivisie, La Liga, etc, todas estas ligas vão ter o seu último classificado.

Por esta altura há lanternas vermelhas que já confirmaram o seu “adeus” e outros que ainda estão a tentar sobreviver à situação. O Fair Play apresenta alguns casos dos actuais últimos classificados de algumas ligas.

OS LANTERNAS VERMELHAS DA EUROPA

WEST BROMWICH ALBION

Liga: Premier League
Estado Actual: Último classificado, a 4 do penúltimo e a 9 da linha-de-água
Estrela da Equipa: José Rondón (Venezuela)
Treinador(es): Tony Pulis (até Novembro de 2017), Gary Megson (aguentou 9 dias), Alan Pardew (foi de Novembro a Abril mas não convenceu a direcção) e Darren Moore (o jamaicano chegou em Abril e tem contrato até Maio)
Quantas jornadas faltam: 4 jogos

O West Brom vive a situação mais delicada da sua história recente. Há 8 épocas no convívio dos grandes ingleses, os Baggies, que são dos clubes que sabem o que é ganhar o campeonato inglês, no longínquo ano de 1920.

O facto é que a 4 jornadas do fim, com visitas ao Palace e ao Newcastle e receções ao Liverpool e ao Tottenham, em West Bromwich a esperança na manutenção é quase nula. 9 Pontos separam a equipa da primeira formação a salvo da despromoção, o Swansea de Carlos Carvalhal.

O facto é que a situação do histórico clube não veio por acaso. Uma abordagem infeliz ao mercado e o despedimento precoce de Tony Pulis, conhecido por não descer equipas, colocaram os baggies nesta situação.

O plantel é dos mais limitados da competição, e nem as chegadas de nomes como Gareth Barry, Jay Rodriguez ou Daniel Sturridge mudaram o nível exibicional da equipa, que andou sempre perdida aos comandos de Alan Pardew, que não parecia ter uma ideia de jogo e uma tática definidas.

Algo que levou ao despedimento do britânico, já demasiado tarde para mudar o rumo da época do West Brom, que vai provavelmente ter de lutar pela subida com um plantel renovado, uma vez que é sabido que jogadores como Chadli, Rondón, Evans e Gibbs têm clausulas no contrato que lhes diminuem consideravelmente as clausulas de rescisão em caso de descida de divisão.

O West Brom das surpresas… mas será que chega?

FC TWENTE

Liga: Eredivisie
Estado actual: 18º a 4 pontos do penúltimo e a 7 da linha-de-água
Estrela da Equipa: Tom Boere (Holanda)
Treinador(es): Rene Hake (chegou em 2015 e rescindiu a 18 de Outubro de 2017), Gertjan Verbeek (entrou a 30 de Outubro de 2017 e foi despedido em Março de 2018) e Marino Pusic (entrou em Março de 2018)
Quantas jornadas faltam: Duas

O Twente está prestes a descer à 2ª divisão algo que não acontece desde os últimos anos da década de 90 e a massa associativa não está nada feliz. A 4 pontos do penúltimo lugar, que dá uma pequena esperança já que o 16º e 17º vão jogar um playoff de descida/subida com o 1º e 2º classificados da Eerste Divisie, o Twente tem muitos problemas pela frente neste final de temporada.

Com jogos com o Vitesse e NAC Breda, os Reds da Holanda não dependem só de si para se “salvarem”, pois basta uma vitória do Sparta ou Roda JC e fica assim comprado o bilhete para a segunda.

Ironicamente, não são sequer o pior ataque ou defesa, lugar reservado para o seu rival do momento, o Sparta. Mas o futebol “pobre” do Twente e as consequentes rescisões de contrato com treinadores (já foram 3 esta temporada) foram prejudicando qualquer desejo de estabilidade de um clube que na temporada anterior tinha ficado num suficiente 7º lugar.

As saídas de jogadores como Mateusz Klich, Kamohelo Mokotjo, Nick Marsman e Joachim Andersen abandonaram todos o clube (o Twente “fez” 4M€ nestes negócios), sendo que todos eram titulares na formação holandesa. Juntando o número de jogos realizados na Eredivisie em 2016/2017 “só” esses jogadores fizeram mais de 118 jogos pelo clube.

Os reforços vieram todos de ligas secundárias ou de formações juvenis e isso demonstra que houve um desinvestimento quase total neste clube que tinha sido campeão em 2010. Marino Pusic, o treinador que ficou com este trabalho ficará, infelizmente, na história como o homem que levou à descida o Twente.

Uma esperança do Twente esta semana

FC KÖLN

Liga: Bundesliga
Estado Actual: 18º lugar, a 1 ponto do penúltimo e a 10 da linha-de-água
Estrela da Equipa: Yuya Osako (Japão)
Treinador(es): Peter Stöger (estava desde 2013 no clube e acabou por o abandonar em Dezembro) e Stefan Ruthenbeck (entrou logo em Dezembro mas não fica para a próxima época)
Quantas jornadas faltam: Quatro

O histórico Colónia está também muito próximo de mais uma descida à segunda liga. Já a 9 pontos da salvação, com apenas 12 para disputar, os comandados de Stephen Ruthenbeck que substituiu o despedido Peter Stoger têm neste momento pouca margem de manobra, ainda para mais quando 2 dos últimos 4 jogos são frente a Bayern e Schalke 04.

Uma equipa sem uma ideia definida e sem um craque que resolvia como na época passada, quando Anthony Modeste fazia a cabeça em agua às defesas com a sua potencia e os seus golos.

Um plantel interessante mas sem união, com poucos destaques individuais sem ser o guardião Timo Horn, o capitao Jonas Hector e o avançado japonês Osako.

Nem as chegadas do veterano Claudio Pizarro, do goleador Terodde e do jovem talentoso francês Koziello melhoraram a equipa, que se viu num fundo último lugar da tabela desde muito cedo, algo que não demoveu os seus apaixonados adeptos, que continuaram a encher o estádio com 50 mil pessoas, mesmo com a pouca esperança na manutenção, tentando mostrar aos jogadores que para o ano é obrigatório lutar para voltar ao mais alto nível.

Uma equipa com vários elementos experientes que ainda assim não devem acompanhar a equipa à segunda liga, uma vez que as principais figuras já são apontadas a equipas da parte superior da tabela.

A não-aceitação dos adeptos do Colónia com a situação actual

BENEVENTO CALCIO

Liga: Serie A
Estado Actual: 20º classificado a 11 pontos do penúltimo e 15 da linha-de-água – Oficialmente Relegado
Estrela da Equipa: Cheick Diabaté (Mali)
Treinador(es): Marco Baroni (despedido a 7 de Outubro) e Roberto de Zerbi
Quantas jornadas faltam: 5 jogos

O estreante da Serie A 2017/2018 foi alvo de uma “praxe” terrível por parte dos seus pares… o último lugar com 14 pontos somados em 99 possíveis. A pior defesa com 78 golos consentidos e o 2º pior ataque com 28 golos (Diabaté chegou em Janeiro, só jogou a partir de Fevereiro e já é o melhor marcador da equipa com 7 golos) era natural que a descida ficasse confirmada muito antes do final do campeonato italiano.

Na verdade era uma missão impossível o Benevento ficar na Serie A, já que o plantel era algo inexperiente e com vários atletas da Lega Pro ou da Serie B, para além de uma mão cheia de emprestados. Isto significou que a equipa nunca tivesse um grupo coeso e minimamente competente, algo que foi notório na maioria dos jogos desta formação do sul de Itália.

Não deixou de ser um grupo humilde, extremamente trabalhador e que mesmo desfeito em “farrapos” em vários momentos da época (fisicamente pareciam estar sempre um nível abaixo que os adversários, sendo que a nível táctico faltaram ideias e/ou a execução da estratégia de jogo era atroz), com várias goleadas ante Juventus, Roma, Nápoles,etc.

Fica para a história aquele empate lendário contra o AC Milan de Gattuso já para lá da hora regular de jogo… faltam mais equipa como o Benevento na parte emocional e de humildade no campo.

O improvável e valente Benevento

FC METZ

Liga: Ligue 1
Estado Actual: 20º, a 4 pontos do penúltimo e a 5 da linha-de-água
Estrela da Equipa: Nolan Roux (França)
Treinador(es): Philippe Hinschberger (foi convidado a sair em Outubro) e Frédéric Hantz (assumiu as rédeas do clube em Outubro)
Quantas jornadas faltam: 5 jogos

O Metz tem 5 jogos para dar a volta à situação que se tem vindo a agravar a cada novo jogo que passa na Ligue 1, divisão que subiram para em 2014. Até ao término da temporada vão jogar frente ao Caen, Angers e Bordéus (todos em casa) e Lille e Amiens (fora), com claro destaque para o encontro frente ao Les Dogues que ocupam a penúltima classificação da tabela.

O Metz não é uma terrivelmente má, já que apresenta alguns pormenores bem bons para um clube que investiu 3M€ em contratações e fez cerca de 25M€ em vendas no Verão passado (destaque para a venda da “pérola” Ismaïla Sarr, de 18 anos, para o Rennes por 18 milhões de euros).

Jogadores como Nolan Roux (14 golos), Mathieu Dossevi (as 12 assistências para os colegas têm lhe valido potenciais contactos com outras formações da Ligue 1) ou Gerónimo Poblete (o argentino veio emprestado pelo Colon da Argentina) mereciam outra sorte, já que possuem um talento especial, que lhes valerá outro futuro no final da temporada.

O Metz é uma das equipas com uma das bancadas mais apaixonadas em França e a descida de divisão será um revés preocupante para um clube que não tem passado por este tipo de “sofrimento”. Têm o pior goal average da Ligue 1 e isso prova que merecem, em parte, o último lugar da tabela.

Frédéric Hantz não conseguiu dar a volta ao plantel e o futebol pouco alegre e criativo não deu grande aso a fugas do 20º lugar, posição essa que ocupam desde a 3ª jornada. Acima dos problemas atacantes, há ainda pormenor que levou ao Metz à situação actual: as transições defensivas e recuperações incompletas.

Os grenats tiveram (e têm) sérios problemas em sair com a bola controlada da defesa, com vários erros quer na condução de bola dos laterais ou nos alívios feitos pelo eixo-defensivo. Ainda há esperança para a salvação, mas para isso terão de conquistar pelo menos 20 dos 25 pontos disponíveis até ao final.

Um Metz sem força para rivalizar com a maioria dos adversários

CD FEIRENSE

Liga: Liga NOS
Estado Actual: 18º, a 2 pontos do penúltimo e a dois da linha-de-água
Estrela da Equipa: Tiago Silva (Portugal)
Treinador(es): Nuno Manta (desde 2016 no plantel tem contrato até 2019)
Quantas jornadas faltam: Quatro jogos

Um caso de má gestão? Uma série de azares acumulados? Um plantel insuficiente para as exigências da Liga NOS? Pode ser um pouco de tudo, mas a situação do Feirense está longe de ser definitiva. A 2 pontos de apanhar o Aves na classificação, basta que a equipa de Santa Maria da Feira sobreviva a uma recta final algo dura.

Porquê dura? Recebem este fim-de-semana o Vitória SC, depois uma dupla-visita fora de portas a Setúbal e ao Dragão, terminando o campeonato frente ao Estoril. Observando bem estes jogos, o Feirense para garantir a manutenção teria de ganhar frente aos canarinhos como frente ao Guimarães de Peseiro.

Estes 6 pontos podem ser a salvação de um clube que tem sofrido com várias dores de crescimento desde que subiu à principal divisão de futebol em Portugal. Mas o que falhou no Feirense? A ausência de um finalizador de qualidade tirou alguma expressividade no último terço do terreno, algo que Platiny e Karamanos garantiram na temporada passada.

A saída de Vaná também pode ser outra questão importante de abordar, pois o brasileiro tinha sido um dos responsáveis por alguns resultados positivos de 2016/2017. Ao comparar com esta e a época passada o Feirense tem o mesmo número de golos sofridos e menos 4 golos marcados, com ainda 4 jornadas pela frente.

Do histórico do 9º lugar a uma situação ingrata e minimamente preocupante, o Feirense tem cerca de 12 pontos para dar volta à questão. Proibido perder na última jornada. Será que o central-goleador Luís Rocha, com 5 golos até agora, vai vestir a pele de herói? Será que o futebol de posse e de lateralizações e centros vai funcionar nos últimos adversários? Respostas a dar pelos jogadores de Nuno Manta.

Último classificado que bate o pé aos “grandes”

MALAGA CF

Liga: La Liga
Estado Actual: 20º, a 4 pontos do penúltimo e a 17 da linha-de-água – Oficialmente Relegado
Estrela da Equipa: Diego Rolán (Uruguai)
Treinador(es): Míchel (de Janeiro de 2017 até Janeiro de 2018) e José Manuel González (chegou em Janeiro deste ano e vai abandonar o clube no final da temporada)
Quantas jornadas faltam: 5 jogos

Os malaguenhos voltam a dar um passo atrás no seu projecto (ainda mais) e para a próxima temporada estarão na Segunda Division, situação que não acontecia há 10 anos. Entre 2008 e 2018, o Málaga jogou a Champions, disputou taças, fez frente ao Real Madrid ou FC Barcelona, teve jogadores de craveira mundial e tinha tudo para garantir um projecto de sucesso na La Liga.

Infelizmente, as más decisões administrativas levaram a que o clube soltasse alguns dos seus melhores activos continuamente e esta temporada não foi diferente: Pablo Fornals (Villareal por 12M€), Ignacio Camacho (Wolfsburgo por 10M€), Sandro Ramírez (o avançado saiu para o Everton), Guillermo Ochoa, Carlos Kameni ou Bakari Koné.

Os reforços não foram os ideais já que passou mais por uma aposta em jovens (Emanuel Cecchini e Esteban Rolón foram bem apanhados, infelizmente pouco ou nada jogaram) do que em jogadores com créditos firmados na liga espanhola. Esse é um dos motivos pelo qual o Málaga atirou-se para o fundo da tabela desde a 2ª jornada do campeonato.

Míchel nunca conseguiu encontrar um princípio de jogo minimamente ideal que fizesse jus ao plantel que tinha que era limitado, mas mesmo assim ainda tinha ao seu dispor jogadores como Roberto, Kuzmanovic, Rolán, Luis Hernandez ou Adrian Gonzalez. Ao fim de várias derrotas, resultados medíocres e um futebol triste, Míchel foi convidado a abandonar o clube, sendo substituído por José González.

Só que o problema continuou, o Málaga somou ainda piores resultados conquistando apenas 6 pontos na 2ª volta do campeonato. Faltam 5 jogos e Real Sociedad, Betis, Alavés, Espanyol e Getafe serão os últimos adversários da época para o Málaga.

Não há mais nada para salvar para além da honra e dignidade para fugir ao registo do pior último classificado dos últimos 20 anos (exactamente há 20 anos, o Sporting Gijón desceu com 13 pontos no final das contas).

Artigo escrito por Francisco Isaac e Gonçalo Melo

A pior derrota do Málaga nesta temporada


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