Portugueses a jogar pelo Mundo: André Vidigal e afirmação no Fortuna
Esta rubrica é direccionada a todos os leitores que queiram ficar a perceber quem são alguns dos nossos atletas a actuar fora-de-portas. De Espanha a Inglaterra, da Holanda à MLS, fiquem a saber um pouco mais sobre estes jogadores, em que liga podem observá-los, o que de bom têm e como jogam.
ANDRÉ VIDIGAL – DE ELVAS AO SITTARD EM 4 ANOS
Na Eredivisie jogam neste momento alguns atletas portugueses mas só um tem idade de junior, é internacional jovem e, se souber caminhar no futebol holandês, vai ganhar no futuro protagonismo em Portugal. Faz parte de uma família que se confunde facilmente com a palavra futebol, falamos de André Vidigal, sobrinho do internacional português Luís Vidigal e do treinador do Vitória FC Lito Vidigal.
Em 2017 foi emprestado pela Académica ao Fortuna Sittard, equipa que na altura estava no segundo escalão do futebol holandês, com apenas 18 anos (faria 19 uns dias depois da sua chegada). O Fortuna estava há 16 anos arredado da Eredivisie e esse facto tinha mitigado o investimento num elenco algo desconhecido, mas com sonhos de voltar a palcos maiores. Sunday Oliseh (estrela nigeriana do Ajax que passou também pela Juventus) era o treinador que confiou na vinda de Vidigal.
O jovem extremo-esquerdo foi galgando metros até ao ponto que lhe foi entregue a titularidade no onze de Oliseh e a confiança do treinador foi devolvida com golos, assistências e vários detalhes ofensivos que encantaram as bancadas. Vidigal apresentava-se como um extremo versátil, difícil de prever os movimentos, rápido a decidir e duplamente forte nos duelos individuais.
A sua área de acção pela esquerda era fantasista e para além da profundidade que conferia ao ataque, fazia um franco bom trabalho no apoio à defesa. Em 29 jogos, foi titular em 16 ocasiões, concretizou 10 golos e assistiu por duas vezes. Falhou alguns jogos devido a estar envolvido nos trabalhos da selecção sub-20/21 (Rui Jorge apreciou o extremo e chamou-o à equipa em Maio de 2018), sendo importante na manobra atacante do Fortuna.
Mesmo com a entrada do seu conterrâneo Cláudio Braga para a posição de treinador (Oliseh acabou por ser afastado devido a divergências com a direcção do clube), Vidigal continuou a crescer e a evoluir.
É aos 19 anos um dos talentos de qualidade do futebol português, formado no Elvas (quase toda a sua família passou por lá) terminando esse processo na Académica de Coimbra, e tem uma oportunidade para se mostrar na primeira liga holandesa em 2018/2019. Mas há algo em Vidigal que pode distingui-lo dos seus pares da selecção sub-19?
É uma questão complicada de responder, pois estas gerações sub-19/20 possuem um talento extraordinário, munidas de excelentes atacantes, de um meio-campo virtuoso, uma defesa inteligente e uma baliza ágil. Encaixa-se com perfeição pelo seu estilo de agitador no ataque, delicado no trato da bola, de vontade de bater os seus adversários na finta e velocidade. Por outro lado, falta-lhe mais acerto na hora de decidir, de dosear o seu físico, observando bem outras soluções que não o drible e ataque directo.
Sabe trabalhar o passe e de aplicá-lo, só precisa de confiar mais nessa opção, evoluindo para um próximo estágio do seu crescimento. Avizinha-se uma temporada complicada e implicará confiança máxima de um jovem com muito potencial. Para já René Eijer, treinador do Sittard (nunca teve uma experiência a nível de treinador nas principais ligas europeias), colocou Vidigal no banco de suplentes e para já não parece ser aposta para entrar a partir desta posição.
Conta neste momento com 14 jogos, 6 golos e 2 assistências, uma ajuda preciosa para o Fortuna Sittard que vai ocupando o 10º lugar da Eredivisie.
Mica, Lisandro Semedo e Eduardo são outros três jogadores portugueses a actuar na Eredivisie.