Nossa Senhora da Conceição!

Guilherme CatarinoNovembro 3, 20203min0

Nossa Senhora da Conceição!

Guilherme CatarinoNovembro 3, 20203min0
Bem na Europa, mal na Primeira Liga, erros acumulados na defesa e problemas de entendimento na construção do plantel. Que esperança há para os adeptos do FC Porto e Sérgio Conceição?

A interjeição que dá título a este texto porventura andará no pensamento da maioria dos adeptos portistas, nos últimos tempos. O que se passa com o Futebol Clube do Porto e com a constância que o seu treinador tanto exige aos seus jogadores e que vem caracterizando a equipa desde a sua chegada ao Dragão? Terá sido o mercado de transferências? As vendas porventura erróneas de alguns jogadores-chave em vésperas de fecho do mercado? Ou será uma mera e curta fase negativa, atípica para os lados do Dragão?

Tentaremos neste exposto entender o porquê do mau momento atual da equipa do FC Porto, através de uma curta e sintética análise às suas mais possíveis razões.

Partindo do primeiro ponto, devemos atentar no mais recente mercado de Verão. Este que não se mostrou desde logo 100% proveitoso para os pupilos de Sérgio Conceição. Nem perto da referida percentagem, anote-se, muito por causa das vendas tardias de Alex Telles e de Danilo Pereira que deixaram Sérgio Conceição com pouco mais de uma semana para encontrar substitutos à altura. Assim, obrigou Zaidu – contratado numa perspetiva de rotação – a saltar para a titularidade no 11 do dragão, e Grujic, contratado nos últimos minutos do mercado, a obrigar-se a uma adaptação célere para tentar substituir Danilo como “tampão” do meio-campo portista. Para já Uribe tem atuado na posição mais recuada do meio-campo de Sérgio Conceição, mas as debilidades do médio colombiano foram notórias no mais recente jogo em Paços de Ferreira, talvez por aquela não ser a sua posição de eleição.

De referir, supra, ainda a propósito da temática que já não é a primeira vez no reinado de Jorge Nuno Pinto da Costa que jogadores de gabarito desfalcam o plantel principal sob circunstâncias dúbias, e basta-nos ,aliás, lembrar os casos recentes de Brahimi e Hector Herrera – dois dos principais ativos do clube durante largas temporadas – que na altura deixaram o clube do norte por efeito da conclusão dos seus contratos (nos conhecidos negócios a “custo 0”) sem permitir desta forma um encaixe financeiro digno ao clube.

Noutro espetro, o reflexo da inconstância portista é igualmente visível no plano de jogo dos azuis e brancos e, deste modo, em outro fator fulcral de estabilidade no plantel: as rotinas no onze inicial. Em sete jogos oficiais (seis para o campeonato e um para a Liga dos Campeões), Sérgio Conceição já transfigurou cinco vezes (!!) o onze inicial, e utilizou mais de trinta jogadores na equipa principal, num sinal claro da (aparentemente) ineficaz preparação da época elaborada pelos responsáveis azuis e brancos. Isto porquê?

Somos desde logo da opinião que, com uma estrutura desportiva previamente delineada e em sintonia, as rotinas internas devem permanecer, não só no plantel, mas acima de tudo no modelo de jogo do treinador. Certamente que as vendas fora de horas de Alex Telles e Danilo não ajudaram a montar o novo xadrez de Sérgio Conceição, mas a equipa vem experimentando tática após tática e apesar de casualmente resultar – recorde-se já este ano o 5-0 ao Boavista e a vitória ao Olympiakos para a Liga dos Campeões – estas “experiências” – Sérgio Conceição que me perdoe – não se teêm traduzido em resultados benéficos para a equipa a longo prazo.

Há muito caminho a ser percorrido pelo atual campeão nacional, e a mudança deve ocorrer com a maior celeridade possível, na busca, não apenas de um sistema que se identifique com as necessidades da equipa, mas também do Sporting e do Benfica que fogem a passos largos na tabela classificativa…


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