O momento actual do Sporting CPª: mudanças e afinações

Miguel SilvaDezembro 24, 20225min0

O momento actual do Sporting CPª: mudanças e afinações

Miguel SilvaDezembro 24, 20225min0
Uma goleada soberba frente ao SC Braga poderá servir de demonstração que Rúben Amorim afinou a estratégia, e Miguel Silva olha para o momento do Sporting

Atravessando possivelmente um dos melhores momentos da temporada, o Sporting parece entrar nesta segunda fase da temporada com uma nova vida. 20 golos marcados e 1 sofrido em cinco jogos são claramente um indicador que faz sonhar os adeptos para aquilo que falta ainda jogar. Conseguirá o Sporting manter este ritmo?

A pausa para o campeonato do mundo permitiu a Rúben Amorim ter tempo para trabalhar e consolidar dinâmicas de jogo. Aliás, o próprio treinador do Sporting afirmou em conferência de imprensa após a vitória em Famalicão por 1×2 naquele que foi o último jogo antes da paragem do mundial, que essa paragem mais do que trabalhar novos processos e dinâmicas, seria para “consolidar a base” e aquilo que são os processos que já acompanham o técnico desde a época 19/20, época em que assumiu o comando leonino depois da curta e vitoriosa passagem por Braga.

Amorim teve durante a pausa praticamente todo o plantel a trabalhar às suas ordens, apenas Coates, Ugarte, Morita e Fatawu estiveram no campeonato do mundo, e como tal, teve tempo para trabalhar com os seus jogadores e ao mesmo tempo enquadrar os mais jovens no grupo e na ideia de jogo. Um grande sinal desse enquadramento dos jovens foi a titularidade de Essugo frente ao Farense e frente ao Rio Ave para a Taça da Liga, e também de Matheus Fernandes frente ao Marítimo a contar para esta mesma competição, onde inclusive se estreou a marcar com a camisola principal dos leões.

Estes jogos da Taça da Liga permitiram ver um Sporting renovado, um Sporting mais solto ofensivamente e mais seguro defensivamente, fazendo jus àquilo a que nos tem habituado o Sporting de Amorim: uma equipa muito coesa do ponto de vista defensivo e que sofre muito poucos ou nenhuns golos.

Do ponto de vista ofensivo nota-se claramente que este Sporting respira muito melhor. Trincão tem sido aposta pela esquerda e dá a entender que joga melhor pela esquerda do que propriamente pela direita ao contrário daquilo que se achava; Pote tem uma facilidade incrível em interpretar todos os momentos do jogo e tanto joga a médio centro ou nos três da frente com o mesmo critério; Edwards é o jogador mais desequilibrador deste plantel, tanto como “falso 9” ou como extremo direito é um diabo à solta é um “abre latas” como o Sporting já não tinha há muito tempo.

Muito forte no 1×1 e a jogar entre linhas tem evoluído cada vez mais no capítulo da decisão dos lances, seja através do golo ou da assistência, e sem dúvida que não ficará por muito mais tempo no Sporting, não só pelo que está a fazer agora mas sobretudo pelo que fez na fase de grupos da Liga dos Campeões; contudo o grande destaque destes últimos jogos vai para Paulinho, que atravessa talvez o melhor momento desde que trocou Braga por Alvalade. Muita disponibilidade física, mantém a mesma qualidade a jogar em apoios e de costas para a baliza que já lhe era reconhecida, mas aliou a todas essas mais valias a capacidade em fazer golos que até então parecia fugir do avançado português de 30 anos. Seis golos em quatro partidas são um excelente indicador para o que aí vem, e nota-se que esta paragem para o mundial fez muito bem não só a Paulinho, mas também a toda a equipa do Sporting!

Mas será o Sporting capaz de manter este ritmo?

Essa é talvez a grande questão que se coloca neste momento. Tendo em conta que a fase de grupos da Taça da Liga se disputou em pleno Mundial 2022, o calendário de jogos não era tão exigente e permitiu ao Sporting recuperar os jogadores de jogo para jogo e continuar a cimentar processos e ideias.

Dado por terminado o Mundial e com a exigência do calendário a aumentar, vamos ver se conseguirá o Sporting manter esta série de boas exibições e resultados daqui para a frente. De recordar que a final four da Taça da Liga se disputa no final do mês de Janeiro, o campeonato recomeça já na próxima semana (29) com a recepção ao lanterna vermelha Paços de Ferreira, e em fevereiro o Sporting vai disputar o play off da Liga Europa.

Partindo do pressuposto que o Sporting vence os dinamarqueses do Midtjylland por ser claramente superior coletivamente e individualmente, os leões entrarão num ciclo de jogos infernal com partidas à quinta feira e ao domingo para as diferentes competições, e nessa altura é que vamos ver até que ponto a profundidade do plantel é suficiente.

A chave para a continuação do bom momento leonino passa pelo mercado de janeiro: se o Sporting conseguir reforçar-se com pelo menos mais um elemento preferencialmente destro para a defesa, visto que St. Juste teima em estabilizar fisicamente e Neto não joga mais esta época, e como tal seria importante para o Sporting arranjar mais um central com essas características.

No miolo é urgente arranjar mais um médio, Ugarte e Morita não aguentam com toda a sequência de jogos, Essugo e Matheus Fernandes não estão prontos ainda e Sotiris não está para já entrosado com o modelo de Amorim, e recuar Pote é tirar de terrenos mais avançados aquele que é o jogador mais decisivo do Sporting. Por último seria importante arranjar uma alternativa a Paulinho e abandonar de vez a ideia do ataque móvel pelo menos nas competições internas. Na Europa o ataque móvel pode resultar mas no campeonato com equipas que se fecham muito atrás seria importante para o Sporting ter uma referência de área e um plano b ao seu jogo.

O momento do Sporting é excelente, contudo será importante esperar pelo mercado de inverno e pela sequência de jogos mais volumosa para perceber até onde pode ir esta equipa na segunda metade da época.

Foto de Destaque retirada de Sporting Clube de Portugal – Twitter


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS