O crescimento da Festa do Futebol Feminino
Que o futebol feminino está em claro crescimento, é algo impossível de negar. E uma das melhores formas de o comprovar e testemunhar, é na Festa do Futebol Feminino, evento anual organizado e desenvolvido pela Federação Portuguesa de Futebol, e que ocorre, atualmente (anteriormente tinha lugar nos campos do Complexo Desportivo do Jamor), em plena Cidade do Futebol.
Este torneio promove a participação de equipas e atletas dos escalões de formação Sub-15 e Sub-13, quer pertencentes a clubes (atletas federadas), quer pertencentes ao desporto escolar (que representaram as respetivas escolas).
No dia 18 de maio de 2024, 1066 atletas, e 85 equipas participaram neste dia de puro futebol e alegria, tendo competido entre si (clubes vs clubes, e escolas vs escolas), nos respetivos escalões, sendo capazes de usufruir de mais e melhores momentos de crescimento e desenvolvimento futebolístico e pessoal, e vivenciar uma nova e tão diferente experiência. Poder pisar os relvados da Cidade do Futebol, onde treinam as atletas das nossas seleções, poder utilizar os balneários onde as equipas nacionais se equipam para os treinos e jogos, poder conviver com atletas como Tatiana Pinto, Marta Ferreira, Telma Encarnação, Carolina Mendes e Paula Fernandes, tirar fotografias, pedir autógrafos, participar em passatempos para ganhar camisolas assinadas, conhecer os selecionadores nacionais – enfim, uma panóplia de experiências pouco comuns, mas tão enriquecedoras para as jovens atletas de todo o país.
Se há um claro sinal do crescimento do futebol feminino em Portugal, é o crescimento que se tem registado a nível do número de atletas e equipas participantes na Festa do Futebol Feminino, quer a nível nacional, quer a nível distrital. Se olharmos para os dois anos anteriores, podemos verificar isso mesmo – em 2022, participaram 65 equipas e cerca de 800 atletas, em 2023 voltámos a ultrapassar a barreira das 60 equipas, e quase 1000 atletas em competição, e em 2024 quebrou-se o record anterior, com 85 equipas em competição, e 1066 atletas! Números claros, mas que não são o único fator que espelha este crescimento. Na verdade, há algo muito mais ilustrativo da evolução da modalidade – a qualidade de jogo!
Nenhum espectador que assista a este torneio conseguirá ficar indiferente à qualidade futebolística individual das atletas e, coletivamente, do futebol praticado peças várias equipas em competição. Desde as mais jovens, no escalão sub-13, às mais velhas, no escalão sub-15, é clara a evolução técnico-tática das atletas e, consequentemente, do futebol apresentado pelas equipas. Já não assistimos a um grande desnível entre as equipas, a grandes goleadas, mas sim a jogos bastante disputados, decididos por pormenores, onde se registaram muitos empates, e muita competitividade. Dá muito gosto testemunhar este desenvolvimento in loco.
Continuo, portanto, a defender a importância de a FPF “fugir” dos centros urbanos, das zonas mais desenvolvidas, e aumentar a sua atenção e presença nas zonas mais rurais e interiores, pois aí também existe muito talento e clubes a trabalhar muito bem na formação das jovens atletas. Os resultados não enganam, e nas grandes finais sub-13 e sub15, Vitória SC e Estoril Praia foram os grandes vencedores, numa competição onde também entraram clubes como o SL Benfica, o SC Braga, o SCU Torreense ou o Racing Power, clubes com equipas na liga BPI, e que trabalham num nível de profissionalismo mais elevado.
Foi, portanto, um grande fim de semana de futebol feminino, que, contrariamente ao aos anos anteriores, não culminou com a participação das jovens atletas na final da Taça de Portugal Feminina, dado que esta foi adiada para o dia 19 de maio, sem grande justificação por parte da FPF. As atletas ficaram assim, infelizmente, privadas de assistir à grande final, algo por que todas ansiavam. Na verdade, no sábado teria sido impossível concretizar o seu desejo, dado o elevado número de jogos realizados, e a hora tardia a que terminou o evento. Contudo, deixo esta sugestão à FPF – a participação das atletas na final da Taça de Portugal é o momento por que todas mais anseiam.
Dado que a Festa do Futebol Feminino implica, para muitas equipas, a deslocação para Lisboa na véspera do torneio, com pernoita nas escolas, por que não realizar essa deslocação durante a manhã de sábado, realizar os jogos na tarde de sábado, e manhã de domingo, e continuar a proporcionar às atletas a experiência de assistir à final da Taça de Portugal?! Penso que esta seria uma forma de continuar a promover o crescimento do futebol feminino, mantendo um elevado nível de envolvimento e de felicidade nas atletas participantes, que certamente se sentiriam muito mais realizadas com a oportunidade de fazer parte de um dia e um jogo tão bonito, como o da final da Taça de Portugal.