Marta Vieira da Silva – a eterna G.O.A.T

Margarida BartolomeuAgosto 10, 20245min0

Marta Vieira da Silva – a eterna G.O.A.T

Margarida BartolomeuAgosto 10, 20245min0
Mito, lenda, trend setter, rainha, GOAT... tudo isto define Marta Vieira da Silva, uma das melhores futebolistas de sempre

Depois de um anunciado “abandono” da seleção brasileira, Marta optou por se manter e disputar uma última competição internacional – os Jogos Olímpicos, onde nunca conseguiu conquistar a medalha de ouro.

Contudo, o seu percurso nesta competição não foi o que idealizou – no último jogo da fase de grupos, após um lapso de abordagem num lance dividido com Olga Carmona, acaba expulsa e castigada por 2 jogos, o que resultou na sua ausência dos jogos dos quartos de final e meia-final. No entanto, a equipa brasileira não baixou os braços, e com um futebol de qualidade por vezes discutível, consegue qualificar-se para a final do torneio olímpico, ao eliminar a seleção espanhola, campeã do mundo em título, dando à sua maior estrela a oportunidade de se despedir dos jogos internacionais num dos maiores e mais prestigiosos palcos mundiais.

São já 24 anos de carreira profissional para Marta – iniciou o seu percurso profissional com 14 (!) anos de idade, no Vasco da Gama do Brasil, tendo-se estreado na seleção brasileira 2 anos depois. Em 2004, com apenas 18 anos, transferiu-se para o “outro lado do mundo”, para o Umeå IK da Suécia, e foi aí que começou a sobressair na Europa, e a tornar-se na lenda que hoje é. Após cinco anos na Suécia, seguiram-se três anos de volta às “américas”, durante os quais representou quatro clubes diferentes (Los Angeles Sol, clube que ajudou a conquistar o bicampeonato, Santos, que representou sempre por empréstimo, FC Gold Pride e New York Flash). Em 2012 voltou a fazer as malas, e regressou à Suécia, desta vez para representar o Tyresö FF, onde conquistou o campeonato logo na época de estreia, tendo também atingido a final da Liga dos Campeões Feminina, em 2014. Após falência do clube, em 2014, a atleta brasileira manteve-se na Suécia, mas ao serviço do FC Rosengård, onde se manteve durante 3 anos, tendo conquistado o bicampeonato, antes de regressar aos Estados Unidos, para representar a equipa do Orlando Pride, clube que representa e capitaneia até ao momento.

Certo é que surgiram e surgirão, certamente, jogadoras com mais qualidade do que Marta – o futebol evolui, proporciona mais condições, e as atletas vão evoluir também. Mas a classe, as capacidades de luta, de perseverança, o exemplo, a enorme qualidade e seriedade desta gigante atleta, permanecerão intocáveis. A sua influência na vida de milhares de meninas e mulheres ao longo de 24 anos de carreira, a sua capacidade de liderar pelo exemplo, de lutar pelos direitos das atletas femininas ao longo de diversas gerações, enfrentando diferentes desafios sociais, e de mostrar ao mundo que “o lugar da mulher é onde ela quiser”, será eterna, e permanecerá intocável, representando uma das mais bonitas páginas na história do futebol feminino internacional – se houve alguém que mostrou que era possível ser mulher e jogadora de futebol, que vale a pena lutar pelos nossos sonhos, essa pessoa foi Marta.

Uma das suas lutas e atitudes que mais me marcou, foi quando, em 2019, a internacional brasileira optou por não aceitar qualquer patrocínio de marcas como a Nike, Adidas ou Puma, e utilizar chuteiras “sem marca”, sem qualquer tipo de símbolo associado a marcas desportivas. Isto porque a disparidade das propostas de patrocínio apresentadas, face ao futebol masculino, eram, para si (e para todos nós) injustas e inadequadas – estamos a falar naquela que é, e será sempre, por muitos, considerada a melhor jogadora de futebol de sempre.

“Bola igual. Campo igual. Regras iguais. Se as mulheres jogam futebol da mesma forma que os homens, por que elas não recebem o devido reconhecimento? O devido apoio? A devida remuneração? Equidade é algo pelo qual devemos todas e todos lutar. Afinal, somos iguais. #GoEqual Pela equidade de gênero nos esportes” – foi assim que Marta justificou, e bem, a sua posição face às propostas de patrocínio que recebeu. Desde então, continua a utilizar chuteiras personalizadas, sem qualquer tipo de ligação ou identificação de marcas desportivas. Lutar pelos nossos direitos é algo que nunca devemos recear fazer, e a Marta é um dos maiores exemplos disso. Tem uma voz, usa-a, e luta por si e pelas muitas mulheres atletas deste mundo.

Seis vezes escolhida como a “melhor jogadora do mundo”, cinco delas de forma consecutiva – será algum dia igualada? Um mar de troféus e records, individuais e coletivos, que quando conjugados com todas as batalhas sociais por que lutou e conquistou (e continua a lutar), a tornam na verdadeira e eterna G.O.A.T. – Greatest of All Time!

22 anos, 190 jogos e 117 golos depois, despede-se da seleção nacional brasileira, deixando para trás um legado e uma história difíceis de superar, e completamente inapagáveis! Ao serviço da sua nação, conquistou 3 medalhas de prata em 6 (!) Jogos Olímpicos, 2 medalhas de ouros nos Jogos Pan-Americanos, e uma medalha de prata no Campeonato do Mundo de Futebol. O futebol internacional terá saudades tuas, Rainha Marta! Eu, certamente, vou ter!

“Chore no começo para sorrir no fim.” – Marta Vieira da Silva

Obrigada, Rainha! O teu legado é eterno!


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