Liga das Nações e uma corrida a favor do tempo para Portugal

Francisco IsaacMaio 26, 20228min0

Liga das Nações e uma corrida a favor do tempo para Portugal

Francisco IsaacMaio 26, 20228min0
Vai começar a Liga das Nações 2022 com Portugal a ter pela frente um calendário exigente. A análise aos adversários, possível 11 e muito mais

4 jogos em dez dias, este será o calendário de Portugal (e de todas as outras selecções participantes nesta competição) para a Liga das Nações, com Espanha, Suíça e Chéquia a serem os adversários neste fim de temporada para os atletas convocados por Fernando Santos. Intensidade a fundo, a selecção das Quinas vai ter uma missão delicada e desafiante que vai muito para além de ter de lutar contra um calendário apertado, uma vez que a competitividade esperada nesta fase-de-grupos irá colocar uma (boa) pressão, quando estamos, praticamente, na antecâmara do Campeonato do Mundo 2022. O que há então para saber? Calendário, elenco e possíveis combinações que podem surgir dentro do 11 de Fernando Santos, e muito mais.

4 JOGOS QUE PODEM DECIDIR O RUMO

Espanha em Madrid já no próximo dia 2 de Junho, seguindo-se a Suíça e Chéquia em casa nos dias 5 e 9 do mesmo mês, voltando a abandonar o espaço português para enfrentar, novamente, a selecção helvética a 12 com todos os encontros agendados para às 19h45. Começa tudo num desafio árduo frente a uma das selecções mais promissoras da actualidade, para depois se seguirem encontros mais robustos fisicamente frente à selecção checa e suíça, sendo um ensaio para o nível de dificuldade que Portugal encontrará no Mundial. Quatro vitórias nesta fase, ou três vitórias e um empate, podem garantir, praticamente, a presença na fase final da Liga das Nações, enquanto que uma ou duas derrotas devem tiram as Quinas desse objectivo, ficando dependente dos jogos marcados para Setembro deste ano.

Não descurando nem a Suíça (que atravessa um momento de renovação) ou a Chéquia (começa a sedimentar uma combinação de gerações interessantes e de valor), a Espanha é o teste que pode fornecer informações concretas se Fernando Santos vai apostar no sistema mais contraído e defensivo, vocacionado para um jogo de maior “sofrimento” e de contrarresposta às iniciativas de ataque e/ou domínio da posse de bola do adversário, ou se vai aproximar do que foram os primeiros 65 minutos frente à Turquia, numa tentativa de serem os jogadores das cores nacionais a deter, também, a iniciativa de jogo, equilibrando as operações ao meio e no querer não só surpreender o adversário através de um contra-ataque explosivo, mas de uma pulsação ofensiva constante e dinâmica.

A qualidade do plantel de Portugal é exemplar neste momento – só João Félix e Renato Sanches estão fora por lesão -, faltando só conseguir lacrar uma ideia de equipa conexa que consiga fazer sentido durante longos períodos de tempo, algo que a Espanha possui e faz bom uso de, como se viu tanto no último Europeu ou na corrida do apuramento para o Campeonato do Mundo.

Perante isto, cabe agora perceber como Portugal vai apresentar o seu 11 para este período extremamente intenso e exigente – 360 minutos no espaço de 10 dias, oferecendo dois dias de descanso a cada jogo -, existindo diferentes variantes e variáveis que podem impor surpresas ou certezas no elenco comandado por Fernando Santos.

O 11 DE PORTUGAL… QUEM ESCOLHER?

Olhando para o que aconteceu na caminhada para o Mundial, dificilmente o comando da selecção nacional vai mudar as opções, ou seja, teremos o seguinte 11 titular: Diogo Costa; Nuno Mendes, Pepe, Danilo Pereira/José Fonte e João Cancelo; João Moutinho, Bernardo Silva e Bruno Fernandes; Otávio, Diogo Jota e Cristiano Ronaldo. Dúvidas principais vão para três possibilidades: José Fonte poderá figurar contra a Espanha ao lado de Pepe, uma vez que apresenta um excelente momento de forma e é um central mais directo que Danilo Pereira; na posição de trinco, a dúvida permanece no que Fernando Santos procura para a posição, sendo que Moutinho pode avançar no terreno por saída de Bruno Fernandes ou Otávio, para dar lugar a William Carvalho ou João Palhinha (não está bem fisicamente, como se viu nos últimos dois meses em Alvalade); e a inclusão de Rafael Leão, o que pode forçar a saída de Diogo Jota ou mesmo de Cristiano Ronaldo, caso o capitão das Quinas não esteja na sua plenitude física – lembrar que falhou os últimos dois jogos pelo Manchester United por lesão na anca.

O ponto relevante perante estas dúvidas, é de que Portugal está munido tanto de um possível 11 de alta qualidade, como de uma série de suplentes do mesmo ou similar calibre, seja para a posição de laterais (Raphael Guerreiro, Nuno Mendes, João Cancelo e Diogo Dalot), guarda-redes (Diogo Costa e Rui Patrício) extremos (Diogo Jota, Otávio, Bernardo Silva, Ricardo Horta ou Gonçalo Guedes), avançados (Cristiano Ronaldo, Rafael Leão e André Silva), médios de contenção (Danilo Pereira e João Palhinha). médios de criação (Bruno Fernandes ou Vitinha) ou até multifacetados (Matheus Nunes, Rúben Neves, João Moutinho ou William Carvalho), podendo efectivamente corresponder a este período de 4 jogos consecutivos com qualidade.

Obviamente que a maior dúvida está em como irá jogar Portugal: se vai refugiar para um estilo conservador defensivo (seja super, ultra ou excessivo tom), em que o objectivo é forçar um adiantar constante do bloco opositor, explorando o espaço contrário através da velocidade e virtude individual do “miolo” e ataque português, não deixando de ser esta estratégia problemática quando o adversário sabe ter a bola e consegue colocar a defesa portuguesa em sobressalto uma e outra vez. Ou, como muitos apontam como solução, apostar numa ideia de jogo mais ambiciosa, de assumir as dinâmicas e timings do encontro, forçando o opositor a subir de tom nos termos da disputa física, impondo aqui um carrossel virtuoso na troca de bola e nas combinações das extremidades para o meio – fugindo à necessidade de centrar incessantemente para a área -, oferecendo outra dicotomia a um elenco que tem as ferramentas necessárias para fugir à zona de conforto de Fernando Santos.

Dois esquemas que até podem ser combinados para gerar algo hibrido, que no entanto não deverá acontecer muito pela necessidade da equipa técnica nacional procurar condicionar o adversário em primeiro lugar, e só depois se atrever em arriscar em sair para o ataque de forma solta e eficaz, mantendo a opção por “segurança” invés do risco, um risco calculado diga-se muito por conta da qualidade subjacente nesta lista de convocados.

AUSÊNCIA INÁCIO: EXISTE EXPLICAÇÃO?

Nota para a ausência de Gonçalo Inácio, que sendo um dos actuais “diamantes” do sector defensivo no campeonato português, voltou a sair da convocatória de Fernando Santos, levantando questões sobre o processo de renovação dos centrais das Quinas. Efectivamente, o central realizou uma boa temporada, tendo caído de forma a partir do mês de Fevereiro, algo normal perante o esforço físico imposto no esquema táctico de Rúben Amorim, onde Gonçalo Inácio tem uma importância nuclear na saída a jogar, ou no criar uma inteligível linha de passe.

Por outro lado, a necessidade dos sub-21 necessitarem de duas vitórias para atingirem o próximo Campeonato da Europa pode ter forçado esta cedência ao plantel treinado por Rui Jorge, mas acaba por ser esta uma “desculpa” pouco auspiciosa, já que a importância máxima está nos “AA”‘s, e Inácio necessita de começar a ganhar calo neste patamar. São David Carmo ou Domingos Duarte centrais de melhor qualidade? Discutível, no mínimo, especialmente no caso do atleta do SC Braga, que regressou de lesão em meados de Fevereiro, e ainda não está na forma idílica para entrar nas contas da selecção com total força, podendo ter sido a vaga preenchida pelo defesa do Sporting CP. Terá Gonçalo Inácio descido para os sub-21 porque não iria ter tempo de jogo, o que revela que nem David Carmo ou Domingos Duarte vão ser opções ou utilizados minimamente na selecção principal? Possível, e aí “aceita-se” a chamada para o último escalão jovem de Portugal.

Ultrapassando estes pormenores, as Quinas entram em campo já na próxima quinta-feira às 19h45, com muito para se jogar no encerramento da época desportiva 2021/2022.


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