“All or Nothing Manchester City” – Para quem gosta de futebol

Nélson SilvaNovembro 28, 20188min0

“All or Nothing Manchester City” – Para quem gosta de futebol

Nélson SilvaNovembro 28, 20188min0
A época fantástica do Manchester City de Guardiola ficou registada na nova série "All or Nothing"! Um hino para quem gosta de futebol! Descobre tudo aqui!

Durante a passada temporada, o Manchester City abriu as portas aos repórteres de imagem para recolher o essencial de uma época que se viria a revelar de sucesso. “All or Nothing” retrata o coroar do plano de sucesso desenvolvido por Pep Guardiola e toda a estrutura do Manchester City. Uma série obrigatória para quem realmente gosta do jogo e quer conhecer um pouco mais dos bastidores do futebol.

Da direção ao staff, passando por jogadores e equipa técnica, este documentário em forma de série não se esqueceu de ninguém. Esta é, de resto, uma política adotada pelo clube e muito aclamada pelo técnico escolhido. A série faz uma breve retrospectiva da primeira época de Guardiola, em que este não venceu qualquer troféu, para depois dar início à reprodução detalhada da época do “Tudo ou Nada”. A época 2017/2018 foi lançada pelo treinador na pré-época com um objetivo geral para as quatro competições: vencer tudo.

Relativamente à direção, a série dá especial atenção a Khaldoon Al Mubarak, o “chairman” do clube que é o responsável máximo por gerir todo o investimento do proprietário: o multimilionário Sheykh Mansour. É pelas mãos de Mubarak que se dá a aposta em Pep Guardiola e é o mesmo que garante total aval por parte do Sheykh para lhe disponibilizar todas as condições possíveis e necessárias para alcançar o sucesso. Um clube que antes da chegada do técnico já investira milhares de milhões de libras em infraestruturas – desde centros de treinos a zonas estritamente desenvolvidas para a recuperação física dos jogadores.

A chegada de Guardiola traz uma abordagem diferente do mercado, de um clube que se habitou a gastar balúrdios principalmente em opções de ataque. Tudo assenta numa base e há um jogador referência cujo preço é já inestimável: Vincent Kompany. O central e capitão do Manchester City viu o clube crescer desde a raiz, pois foi uma das primeiras contratações com assinatura de investimento árabe. Para além de todas as qualidades evidenciadas dentro de campo, Kompany é um líder de balneário, um exemplo dentro e fora de portas. São várias as passagens ao longo da série que mostram a superioridade com que o belga assume situações difíceis, tanto a nível pessoal como principalmente a nível coletivo.

Kompany é o líder desta equipa vencedora (Foto: Goal.com)

Com um discurso calmo e ponderado, é a voz de reconforto nos insucessos, que ainda assim não deixa de realçar o que se fez de errado. Encorajador por natureza, revela total empenho na recuperação das lesões que marcaram a sua temporada 17/18. Os detalhes revelam tudo o que se escreve e há ainda tempo para um desabafo de Zinchenko.

O ucraniano viveu tempos conturbados quando se viu obrigado a fugir para a Rússia devido ao conflito na Ucrânia. Chegou a treinar nas ruas de Moscovo e passou um período de 6 meses sem jogar quando ainda tinha contrato com o Shakhtar Donetsk por ser perigoso voltar ao seu país. Reencontrou-se com os grandes palcos no Ufa da Rússia, numa altura que já estava referenciado pelo City. Revela que chegou a Manchester com medo, não conhecia ninguém, uma cultura diferente, só estrelas do futebol europeu no plantel. Foi então que Kompany se dirigiu ao jovem médio e o reconfortou, dizendo que estava lá para o ajudar na integração e caso precisasse de algo, não hesitar em falar com o belga. Zinchenko revela que tudo se tornou mais fácil na sua adaptação desde esse momento.

Os requisitos de Guardiola

Com um plantel por si só já muito forte, haviam várias lacunas a corrigir. Todas as contratações daí em diante foram pensadas ao detalhe para se enquadrarem no plano estratégico de Guardiola. Do que já lá havia, o espanhol arrumou a casa, dispensou alguns, potenciou outros. O que dizer de Sterling, que antes da chegada de Pep já era apontado como jogador que não estava a justificar o investimento avultado na sua contratação? Se as estatísticas falam por si, no documentário são várias as provas da sua qualidade no relvado.

O outro exemplo é Kevin De Bruyne. O médio belga passou a ser o grande cérebro de toda a construção ofensiva da equipa, cumprindo à risca todas as indicações do técnico, aliando a isso o talento natural patente na sua visão de jogo e capacidade de remate de meia distância. Há bombas para todos os gostos nesta série e um festejo a aclamar “oh Kevin de Bruyne” no balneário dos citizens. O próprio Kompany passou a ser um jogador que, mais do que apagar fogos, é obrigado a assumir a posse na primeira zona de construção.

Kevin de Bruyne é o mágico desta equipa (Foto: Manchester City)

De resto, é uma exigência há muito reconhecida a Guardiola. É por aí que começam as contratações. A primeira aposta para a baliza foi provavelmente a mais falhada. Claudio Bravo não justificou o investimento que fez o Barcelona abdicar dos seus serviços. Limitado com os pés, desastrado em muitas saídas, deixou claro não ser a melhor opção, embora assuma um papel importante nas taças internas, sendo um especialista na defesa de penaltis. Era preciso um guarda-redes ágil, com grande capacidade de jogo de pés. Ederson foi o ingrediente perfeito e são evidentes as soluções que oferece ao jogo – é o primeiro a construir e oferece uma segurança brutal na defesa. A defesa é, como diz Mubarak ao longo da série, o sector mais difícil de encontrar soluções ao gosto de Guardiola.

Para lateral esquerdo, queriam um jogador alto, forte fisicamente, rápido e com muita técnica. Admite a direção que Benjamin Mendy era a única opção e não havia qualquer alternativa. Os centrais idem, altos, possantes, ágeis e com grande capacidade de jogar com os pés. Stones foi o primeiro a enquadrar-se, aproveitando Guardiola para potenciar também Otamendi que já estava nos quadros.

Mangala não serviu e quando Guardiola se viu limitado de centrais pelas lesões, procurou um central esquerdino, que pudesse colmatar possíveis necessidades laterais em último recurso. Laporte foi peça chave desde a sua chegada até aos dias de hoje. Na direita, dois jogadores do mesmo perfil. Walker é fundamental para Guardiola e Danilo possui uma polivalência que permite ao técnico ajustá-lo a necessidades de recurso, seja à direita ou à esquerda. O mesmo acontece com Fabian Delph, que sendo uma opção de recurso foi inúmeras vezes fundamental para a equipa.

No miolo há Fernandinho, que passou também de rotativo a peça fundamental no meio campo defensivo, tendo até direito a renovação de contrato. Para a frente, chegaram Sané e Bernardo Silva. Chegam a faltar adjetivos para o talento desta nova geração. Dois dos melhores pés esquerdos do futebol mundial. Se Sané é mais explosivo e faz uso da sua agilidade para galgar terreno e criar desequilíbrios, Bernardo é o maestro da posse, decide sempre com critério, aborda cada duelo com inteligência e faz uso de uma visão de jogo e passe que o deixam como o substituto direto de Kevin De Bruyne e David Silva. Para melhorar, sempre que os mágicos são reunidos em campo, o resultado é futebol em estado puro.

Na frente, com Agüero de faro apurado, chegou Gabriel Jesus para seu substituto. O brasileiro foi fundamental em diversas conquistas e fica ligado ao inédito recorde de 100 pontos na liga. Marcou o tento decisivo na última jornada, nos descontos, com um chapéu de fazer levantar o estádio.

Aguero é o matador deste Manchester City (Foto: OneFootball)

Como se pode constatar, não há jogadores prescindíveis para Guardiola. A base de sucesso que demora a construir por onde passa, assentou agora em Inglaterra. A partir daqui só um ajuste ou outro, como acontecera em Barcelona e em Munique. Um plano específico e uma ideia incontornável: onde quer que vá, na liga que for, a bola tem que ser dele. Se tem interesse em saber o que é um clube visto de dentro, com altos e baixos, não pode perder este documentário. Que seja uma motivação para mais exemplos. Assim se semeia tudo o que de bom tem o futebol.


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