O Gil Vicente voltou e já canta de galo na Liga NOS!

José Nuno QueirósAgosto 12, 20195min0

O Gil Vicente voltou e já canta de galo na Liga NOS!

José Nuno QueirósAgosto 12, 20195min0
O GIl regressou em grande ao principal palco do futebol português, logo com uma vitória sobre um grande. Mas em que é que se baseou ao certo este triunfo dos Galos de Barcelos?

O Gil Vicente assinalou o seu regresso à primeira liga com uma surpreendente vitória sobre o FC Porto, atual vice-campeão desta mesma prova e um dos três grandes clubes em Portugal. Mas em que consistiu exatamente esta vitória do Gil Vicente, que foi tudo menos uma obra do acaso?

Organização em todos os momentos de Jogo

O Gil ZVicente é uma equipa tremendamente remendada e que se apresentou nesta primeira jornada com apenas 3 jogadores a ter experiência de Primeira liga (Rúben Fernandes, Soares e Sandro Lima), com os jogadores a terem chegado a conta-gotas, com um novo técnico e acima de tudo com uma subida direta do campeonato nacional de seniores para o principal palco em Portugal pela via administrativa.

Todos estes fatores pareciam indicar uma vantagem para o FC Porto, mas que rapidamente se percebeu que pela frente, os dragões iam ter um Galo extremamente bem organizado num 4x5x1 em momento defensivo, no qual o ponta de lança estava sempre fora da manobra defensiva e onde um dos 5 elementos do meio-campo saia ao portador da bola portista quando esta caia em Sérgio Oliveira ou Bruno Costa.

Lourency é um autêntico quebra-cabeças e vai ser uma das revelações da Liga. (Fonte: O Jogo)

Estas dificuldades em sair a jogar fizeram com que o FC Porto nunca conseguisse criar jogo pelo meio e todo o seu processo ofensivo ficou entregue a Alex Telles que pela esquerda ia conseguindo cruzamentos venenosos.

Já em transição ofensiva, o Gil Vicente liberta Lourency, imediatamente para situação ofensiva com Kraev a assumir todo o miolo e servindo como o cérebro deste Gil Vicente. A velocidade de execução destes dois jogadores, aliado à falta de Danilo Pereira no miolo criaram uma via rápida na qual o Gil apareceu uma mão cheia de vezes e conseguiu marcar dois golos a este FC Porto.

Foi um jogo sempre bem pensado e trabalhado por parte do Gil Vicente, que nunca perdeu a noção do espaço, nunca abdicou de atacar e de procurar o golo, nunca colocou o autocarro, nunca perdeu tempo, nem nunca abusou do pontapé para a frente, mostrando ser uma equipa com uma personalidade e identidade forte e que promete causar problemas na liga.

Qualidade e mentalidade dos jogadores

Quem viu o jogo do Gil Vicente ficou, seguramente, boquiaberto com a qualidade de Lourency e de Kraev e perguntou-se, como é que estes jogadores foram descobertos e como se conseguiu arranjar bons atletas a um preço tão acessível.

Todo o trabalho do Gil Vicente na última temporada foi pensado de modo a preparar esta temporada e os alvos pretendidos foram identificados precocemente e o Gil Vicente atacou o mercado de uma forma atempada e muito inteligente que lhe permitiu perceber onde existia o valor e onde se podia aproveitar jogadores bons mas que não tinham o nível para atuar nos clubes onde se encontravam, conseguindo assim valores mais acessíveis.

Depois de já o ter feito nas Aves, o búlgaro Kraev volta a decidir com classe para o Gil Vicente. (Fonte: O Jogo)

O Gil Vicente atuou no onze inicial com 10 reforços relativamente à equipa da época passada, tendo mantido apenas Edwin no lado esquerdo da defesa. Edwin passou de defrontar o Limianos para jogar contra o FC Porto e manteve o mesmo nível que tinha demonstrado na época passada, anulando Corona e Marega, dois jogadores, um de nível técnico e outro físico, muito difíceis de contrariar.

Mais do que a qualidade, foi a mentalidade com que a equipa gilista entrou em campo que fez a diferença. Uma equipa confiante, segura e respeitosa, contra um FC Porto arrogante, nervoso, descaracterizado e facilitador, que pensou mais na Champions do que no recém-promovido do Campeonato Nacional de Seniores.

O Gil com um estudo aprofundado do adversário e com a qualidade na frente de Kraev e Lourency, conseguiu anular um candidato ao título, ganhando de forma justa e categórica.

Vítor Oliveira

O Gil Vicente, sabendo de todas as dificuldades que iria encontrar neste regresso à elite, foi extremamente inteligente ao perceber que tinha que encontrar um treinador que fizesse a diferença e permitisse ao Gil Vicente conseguir a tão desejada manutenção.

E foi isso mesmo que se fez com a contratação de Vítor Oliveira. Um técnico muito qualificado, que pratica bom futebol, tem por hábito conseguir cumprir com os objetivos a que se propõem e consegue retirar o máximo dos jogadores que possuiu.

E ao garantir isto, o Gil garantiu um dos melhores técnicos portugueses e um dos melhores técnicos da liga que, a meu ver, é bastante superior a Sérgio Conceição e Marcel Keizer, que vão continuando a somar jogos ao leme de grandes do futebol nacional. Já Vítor Oliveira, depois de épocas sucessivas a lutar e conseguir títulos, a conseguir cumprir os objetivos, nunca teve o reconhecimento que a sua carreira pedia e nunca foi opção de um grande.

Talvez a sua postura mais humilde não agrade ao clubes, mas sem sombra de dúvidas que a sua qualidade enquanto treinador está lá e mais uma vez com menos recursos, conseguiu vergar um grande, sem perdas de tempo, sem ajudas, apenas fez o simples: Praticou melhor futebol que o seu adversário.

Um técnico que merecia bem mais na sua longa carreira. (Fonte: Sapo Desporto)

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