Quanto Custa um Campeão?

Francisco da SilvaMaio 26, 20184min0

Quanto Custa um Campeão?

Francisco da SilvaMaio 26, 20184min0
Em mais um artigo da rubrica Futebol Científico, o Fair Play comparou os gastos com pessoal dos "Três Grandes" ao longo das últimas 5 temporadas e corroborou o adagio popular de que "no meio é que está a virtude".

Ao longo dos últimos anos a discussão em torno dos custos operacionais dos principais emblemas portugueses tem alimentado tertúlias, conversas de cafés ou simples artigos de opinião. Não raras vezes os simpatizantes de FC Porto, SL Benfica e Sporting CP têm imensa dificuldade em perceber como é que os seus clubes gastam tanto em salários e indemnizações, especialmente tendo em conta a realidade económica portuguesa.

Com o intuito de avaliar quanto gasta cada um dos “Três Grandes” em custos com pessoal e, posteriormente, determinar qual o retorno futebolístico que cada um dos emblemas obtém na principal prova nacional, o Fair Play decidiu abordar esta temática de forma inovador.

Primeiramente, com base nos relatórios e contas consolidados dos “Três Grandes” referentes às últimas cinco temporadas desportivas, recolhemos os respetivos gastos com pessoal:

Ao longo das últimas épocas, o FC Porto foi a equipa que mais recursos financeiros despendeu para cumprir as suas obrigações laborais em quase todos os anos. Se em 2012/2013, os custos com pessoal azuis e brancos rondavam os 54 milhões de euros, três temporadas depois essa mesma rubrica já ascendia aos 81 milhões de euros, valor mais alto de todos os clubes em análise. Por outro lado, o Sporting CP é o emblema mais frugal em todas as temporadas, porém, fruto do maior investimento do clube de Alvalade em recursos humanos, desde 2014/2015 que a SAD liderada por Bruno de Carvalho tem carregado nos gastos com pessoal.

De seguida, contabilizamos os pontos ganhos por cada um dos clubes no campeonato nacional para as cinco últimas épocas:

Sem grande surpresa, o SL Benfica é desde 2013/2014 a equipa portuguesa que mais pontos acumulou no campeonato português, sendo que em 2013/2014 e 2016/2017 conquistou mesmo a principal prova nacional com alguns graus de liberdade em relação aos seus principais rivais. A única exceção a este domínio encarnado ocorreu em 2012/2013 devido a um momento dramático e irrepetível de Kelvin que permitiu ao FC Porto conquistar o campeonato nessa época.

Com base nos dados recolhidos acima, a última fase deste artigo consiste em dividir os gastos com pessoal pelo número total de pontos conquistados em cada uma das temporadas. O quadro abaixo resume esta operação:

Como podemos comprovar, o Sporting CP foi durante três temporadas consecutivas a formação que precisou de despender menos em gastos com pessoal para conseguir conquistar um ponto. O clímax desportivo do emblema leonino podia ter acontecido em 2015/2016, temporada em que a equipa orientada por Jorge Jesus não se sagrou campeão nacional por apenas 2 pontos, isto apesar do gasto/ponto ser o menor dos “Três Grandes”. Já o FC Porto é o rei do desperdício financeiro e em três das cinco temporadas desportivas em análise foi o clube português que mais teve de gastar em pessoal para conquistar um ponto. Nesse sentido, as épocas 2015/2016 e 2016/2017 são completamente para esquecer a nível financeiro e desportivo pois, além de não ter conquistado qualquer troféu, cada ponto ganho pelo clube liderado por Jorge Nuno Pinto da Costa custou mais de um milhão de euros. Em conformidade com o adagio popular “no meio é que está a virtude”, o SL Benfica tem sido a organização mais equilibrada em termos de gastos e rendimento desportivo. Além da hegemonia no panorama nacional fruto do tetracampeonato, o emblema encarnado tem ainda sido suficientemente eficiente na alocação que faz dos seus recursos financeiros.

Os custos com pessoal continuam a ser um dos maiores fardos financeiros dos clubes nacionais, quer pela ambição desmedida de adquirir a “próxima futura transferência milionária” quer pela inércia de quem contrata em contentores. A análise acima mostra-nos de que nem sempre por detrás de um grande investimento está um grande retorno. Devido às crescentes dificuldades financeiras dos clubes portugueses, os aficionados do Desporto Rei apelam sobretudo ao bom senso de quem dirige o FC Porto, o SL Benfica e o Sporting CP, pois no dia em que um destes clubes desaparecer por questões de solvabilidade ficaremos todos um bocadinho mais pobres.


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