À Procura de um Goleador
Desde o final da temporada de 2014/2015, o FC Porto encontra-se incessantemente à procura de um goleador que garante golos suficientes capazes de estabilizar emocional o coletivo azul e branco.
Depois de num passado recente o Dragão aplaudir de pé nomes como Lisandro López, Radamel Falcao ou Jackson Martínez, o recinto azul e branco deixou de ter desde a saída de “Cha Cha Cha” para o Atlético de Madrid um fiel fuzileiro das redes adversárias. Nas últimas 3 temporadas vários “homem golo” assumiram a posição 9, contudo, nenhum parece ter realmente convencido os exigentes adeptos portistas.
Vincent Aboubakar é o ponta de lança mais utilizado desde meados de 2015, no entanto, os inícios de temporada fulgurantes do camaronês parecem ser esquecidos devido a longos períodos de seca de golos. A irregularidade exibicional e as debilidades físicas do africano continuam a preocupar a massa adepta azul e branca, cada vez com menos paciência para a falta de compostura e frieza de Aboubakar. Durante o aparecimento de André Silva e Rui Pedro, dificilmente se esquece o esforçado mas inconsequente Hyun-Jun Suk, o boémio Daniel Osvaldo cujo o seu currículo era bem melhor do que a sua competência ou o poderoso e desengonçado Laurent Depoitre. Entre estas apostas falhadas emergiram 2 talentos da formação portista. André Silva, desde sempre apontado como um dos avançadores mais promissores, começou a temporada 2016/2017 em grande plano, no entanto, talvez por ainda não ser capaz de aguentar o ritmo da alta competição, baixou drasticamente de rendimento na segunda metade da temporada. A sua saída para o AC Milan deixou algumas saudades, mas nada que 38 milhões de euros não as façam esquecer. Já o rebelde e talentoso Rui Pedro ficará para sempre ligado ao golo monumental que assinou frente ao SC Braga e colocou fim a uma longa seca de golos do conjunto então orientado por Nuno Espírito Santo. Desde então, o avançado de 20 anos tem tido dificuldades em encontrar o seu lugar na primeira liga. O nome quiçá mais consensual para os portistas é o de Francisco “Tiquinho” Soares. Contratado no mercado de Inverno de 2016/2017, o brasileiro teve uma estreia de sonho frente ao Sporting CP, assinando um bis que daria a vitória ao conjunto azul e branco. Apesar de ser incessantemente fustigado por lesões musculares, uma franja considerável de portistas não tem dúvidas em apontar “Tiquinho” Soares como o melhor ponta de lança do atual plantel azul e branco. Para além de ser um elemento extremamente esforçado, o matador brasileiro posiciona-se com muita qualidade em zonas de finalização, onde demonstra toda a sua técnica de remate e cabeceamento.
Enquanto o Benfica tinha Jonas (e Mitroglou) e o Sporting tinha Bas Dost (e Slimani), o FC Porto experimentava sem sucesso inúmeros avançados na posição “9”. Não será de todo surreal afirmar que a seca de títulos nacionais do emblema da Invicta está intimamente relacionado com a falta de um “homem golo” capaz de ter a frieza e maturidade de balançar as redes adversárias sem misericórdia. Por exemplo, em 2015/2016 Aboubakar marcou somente 13 golos na liga portuguesa, já Jonas faturou por 32 vezes, Slimani por 27 e Mitroglou balançou as redes 20 vezes. Na época seguinte, Bas Dost obteve tanto golos no campeonato como André Silva e Soares juntos.
Em 2017/2018, a honra do convento foi salva por um elemento totalmente inesperado. Face à irregularidade de Aboubakar e aos problemas físicos de Soares, o ataque azul e branco encontrou em Moussa Marega o seu fiel fuzileiro. O maliano está longe de ser um prodígio da técnica e da finalização, porém, enquadrado num estilo de jogo que potenciava a sua dimensão física, Marega foi capaz de se assumir como o melhor marcador portista com 22 golos, menos 5 que Bas Dost e menos 12 que Jonas. Já Vincent Aboubakar, começou bem mas foi fustigado por lesões que atiraram o camaronês para um plano secundário.
Atendendo à lesão de “Tiquinho” Soares e à situação psicológica de Moussa Marega, os adeptos portistas receiam falta de assertividade e cadência no poder de fogo do FC Porto. Aboubakar continua longe da melhor forma, intercalando 1 bom jogo com 3 maus, Marius Mouandilmadji é uma incógnita tão grande como a dificuldade em pronunciar o seu nome de família, Rui Pedro procura novamente reencontrar a alegria de jogar à bola, enquanto Rui Costa é um elemento promissor mas que ainda tenta entrosar-se na filosofia de jogo azul e branca.
A época 2018/2019 será extremamente longa e desgastante para todo o plantel azul e branco, no entanto, a frente de ataque continuará a ser alvo de forte atenção por parte da exigente massa adepta. A inoperância ofensiva, a inércia na finalização e a ausência de suor ditarão os níveis de tranquilidade no Estádio de Dragão. Aboubakar, Marega e Soares estarão em permanente xeque, nada que assuste Sérgio Conceição, tão habituado a fazer xeque-mate com os despejos de outras batalhas. Quiçá nas voltas e desencontros do destino, o dono da pólvora não estará em Portimão.