A Última Ceia de Jorge Nuno Pinto da Costa no FC Porto

Francisco da SilvaMaio 30, 20203min0

A Última Ceia de Jorge Nuno Pinto da Costa no FC Porto

Francisco da SilvaMaio 30, 20203min0
O próximo ato eleitoral do FC Porto tem já definido o vencedor, contudo, várias personalidades parecem já querer posicionar-se para o quadriénio seguinte.

“A Última Ceia” de Leonardo da Vinci é uma das obras mais icónicas e valiosas do Renascimento, constituindo-se como um dos maiores tesouros da humanidade.

O dom artístico do piloto toscano imortalizou um dos momentos mais dramáticos para os cristãos e que assinala a noite em que Jesus Cristo prevê que um dos apóstolos o irá trair, bem como, antevê o que irá acontecer assim que seja crucificado. A obra-prima de Leonardo da Vinci adquiriu ao longo dos anos um carácter esotérico que tem invariavelmente alimentado teorias, mitos e lendas sobre esse fatídico momento.

O ato eleitoral do FC Porto que se realiza já nos próximos dias 6 e 7 de Junho parece reunir todas as condições para se tornar uma réplica portista e contemporânea da “Última Ceia”.

No centro da mesa há uma autoridade unânime, histórica e demolidora, Jorge Nuno Pinto da Costa, que indubitavelmente irá vencer as próximas eleições. A caminho de perfazer 83 anos de idade, este será muito provavelmente o último ato eleitoral do homem que lidera os destinos do FC Porto há 38 anos, desta forma, implicitamente o tiro de partida para o quadriénio seguinte já foi dado em surdina.

Placidamente dispostos na mesa à direita de Jorge Nuno Pinto da Costa, temos personalidades portuenses extremamente carismáticas e relevantes que não quiseram afrontar o domínio do atual presidente portista. Certos de que o mais provável seria o insucesso e a fragmentação do núcleo azul e branco, Rui Moreira, Vítor Baía e António Oliveira congelaram momentaneamente quaisquer intentos ou movimentos de renovação do FC Porto. Os dois primeiros integram inclusive a lista entregue por Jorge Nuno Pinto da Costa, o que lhes poderá dar uma vantagem competitiva para o quadriénio seguinte pois serão certamente vistos como sucessores do legado do atual presidente portista. Quanto a António Oliveira, comummente indicado por uma franja de adeptos impaciente, descontente e frustrada com os atuais destinos do clube, parece aguardar estoicamente pelo aparecimento de um movimento significativo e unificador que o apoie na era pós-Pinto da Costa.

Ativamente sentados na mesa à esquerda de Jorge Nuno Pinto da Costa, emergem as figuras de José Fernando Rio e Nuno Lobo que encabeçam finalmente uma alternativa à atual liderança do clube. Apesar de discursos inflamados e adjetivamente ricos, de propostas ousadas e do advento de novas personalidades no mundo do futebol, ambos sabem que as suas candidaturas estão condenadas ao fracasso, contudo, pretendem claramente liderar um movimento renovador que terá um papel fundamental nas eleições do quadriénio seguinte. O principal objetivo não é vencer hoje, mas sim liderar e conquistar a liderança do clube amanhã, para tal, pretendem cativar desde já audiência, validar as suas propostas e consolidar as suas legítimas aspirações.

Ludovico Sforza, Duque de Milão entre 1494 e 1499, jamais imaginou que o seu real capricho de encomendar a “Última Ceia” para adornar a Igreja de Santa Maria Delle Grazie poderia alimentar durante tantos séculos o imaginário de milhões de curiosos e especialistas que procuram desenfreadamente mensagens subliminares nesta pintura renascentista. Ora, o ato eleitoral do FC Porto que terá lugar nos próximos dias 6 e 7 de junho inclui incomensuravelmente também várias omissões, antevisões, previsões e mensagens subliminares que certamente só verão a luz no quadriénio seguinte. Até lá, resta ao FC Porto inspirar-se na história de sobrevivência da obra-prima “Última Ceia” que nos recorda que quando algo é efetivamente essencial e valioso, o destino encarrega-se caprichosamente de o guardar para a posterioridade.

Nuno Lobo e José Fernando Rio (Foto: Lusa e OJogo)

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