3 jogadores que regressaram ao Dragão em grande
Qualquer adepto gosta de ver lendas ou ícones do clube voltar a uma “casa” onde foram felizes, e neste artigo relembramos três jogadores que regressaram ao FC Porto pela porta grande. De um comandante sem igual, ao mágico impressionista até a um lutador incansável, qual deles teve o melhor retorno ao Dragão?
Nota para o facto de termos escolhido só jogadores que regressaram ao FC Porto no século XXI, depois de terem estado no mínimo dois anos de fora do clube.
LUCHO GONZALEZ (2005-2009 / 2012-2014)
El Comandante, maestro ou general, qualquer um destes títulos adequa-se na perfeição a Lucho Gonzalez, certamente o melhor jogador argentino a ter passado pelo FC Porto nos últimos 30/40 anos, que apaixonou as bancadas do Dragão em duas fases diferentes. A primeira começou a partir do ano 2005 e durou sensivelmente até o Verão de 2009, tendo conquistado durante esse período diversos títulos ao serviço do emblema portuense, com o tetracampeonato de Co Adriaanse-Jesualdo Ferreira a ser o maior destaque em termos de troféus.
O internacional argentino chegou do River Plate a troco de 10,25M€ (um valor recorde à altura) apresentando uma panóplia de atributos e qualidades só vistas em médios de um nível elevado, seja a condução suave e de veludo da bola, a organização constante do meio-campo e de como a equipa se deveria mexer e trabalhar, sem esquecer uma voz completamente clara, lúcida e pulsada de clarividência que atribuía um equilíbrio decisivo para o FC Porto atingir vitórias atrás de vitórias.
A 1ª saída dá-se em 2009 para o Marselha por 20M€ (um valor algo tímido perante os standards actuais do mercado de transferências) e depois de ter levantado mais alguma prata, decidiu voltar a “casa” em 2012, dando uma ajuda aos azuis-e-brancos, comandados na altura por Vítor Pereira. Como um excelente Vinho do Porto, Lucho Gonzalez mostrou-se ainda melhor na condução de jogo, no criar desequilíbrios através de um passe sempre “açucarado” e inteligente, continuando a fazer a diferença na frente-de-ataque com golos (17 golos e 13 assistências) ou no reequilibrar linhas e guiar os seus colegas, voltando a ser fulcral na conquista de títulos (bicampeonato) pelo FC Porto.
Fica o registo final de Lucho Gonzalez:
2005-2009: 152 jogos / 45 golos / 25 assistências / 4 Campeonatos / 2 Taças de Portugal
2012-2014: 86 jogos / 17 golos / 13 assistências / 2 Campeonatos / 2 Supertaças
RICARDO QUARESMA (2004-2008 / 2014-2015)
Começamos pelo fim… a forma como Ricardo Quaresma saiu do FC Porto em 2015 continuará para sempre a ser um dos maiores erros e fracassos de Julen Lopetegui, com o treinador espanhol a procurar conquistar o plantel através da força do seu punho, castigando pelo caminho um dos jogadores mais carismáticos e apaixonados pelo clube da Invicta nos últimos 20 anos.
Amado pelos adeptos, que trataram de apelidá-lo de Harry Potter devido à magia que produzia a cada arranque, o internacional português encontrou na cidade do Porto a sua “casa” e correspondeu sempre com épocas de inegável qualidade, seja através de golos (tanto os de trivela ou de feitio normal), assistências (antes de Alex Telles, Miguel Layun ou Hulk, era Quaresma o rei dos centros que garantiam golos), pormenores técnicos de irresistível qualidade (quantos adversários deixou pelo caminho, com aqueles dribles sensacionais) e uma constante intensidade que criava medo na defesa contrária.
Durante aquelas primeiras quatro temporadas ao serviço do FC Porto, Ricardo Quaresma foi constantemente reconhecido como um dos melhores jogadores da era pós-Mourinho, sendo uma das chaves para a recuperação do título de campeão nacional em 2005/2006, subindo mais de nível nas duas temporadas seguintes que lhe valeriam uma transferência para o Inter de Milão. O retorno ao Dragão deu-se em Janeiro de 2014, naquele que foi dos piores momentos do FC Porto em termos de gestão de balneário e direcção técnica do departamento de futebol, e mesmo não tendo conseguido levar a equipa à conquista de novos campeonatos ou taças, é impossível não aplaudir o quão boas foram a maioria das exibições do extremo na segunda passagem pelo Dragão, uma delas frente ao Bayern de Munique, onde deu um recital extraordinário a par de Jackson Martínez.
Continua a ser acarinhado e relembrado entre os adeptos do FC Porto e no Verão de 2020 até se sonhou com um regresso, mas o destino assim não o quis.
O registo de Ricardo Quaresma no FC Porto:
2004-2008: 158 jogos / 31 golos / 50 assistências / 3 Campeonatos / 1 Taça de Portugal / 2 Supertaças
2014-2015: 67 jogos / 19 golos / 13 assistências
SÉRGIO CONCEIÇÃO (1996-1998 / 2004)
O actual timoneiro do FC Porto passou pela Invicta por duas ocasiões, com a primeira a se dar entre 1996 e 1998 – como sénior, já que chegou ao clube com 16 anos de idade -, para depois retornar em 2003/2004 durante os anos dourados de José Mourinho, tendo pouco impacto na altura em termos de números, mas com significativa importância no dar um extra de experiência num balneário que já estava preenchido de lendas do clube, como Vítor Baía, Jorge Costa, entre outros.
Durante os anos 90, Conceição conquistou um lugar no imaginário dos adeptos azuis-e-brancos, muito graças à raça com que atacava cada bola, à ambição vocalizada em cada acção no ataque (ou quando ajudava a defesa), o capricho de trabalhar sem parar e sem nunca virar a cara à luta, caracterizando-o como um dos extremos mais difíceis de defender no que toca ao aspecto físico e mental. Em duas temporadas ajudou o clube a somar duas primeiras ligas, seguindo-se uma saída para Itália onde praticamente levantou todos os títulos nacionais e internacionais (na Lazio foi campeão de Itália, somou uma Taça das Taças e ainda uma Supertaça Europeia) para regressar ao FC Porto em 2004.
Em Janeiro desse ano, Jorge Nuno Pinto da Costa abriu a porta a um dos filhos queridos da Nação Portista, sabendo de antemão que não poderia ser inscrito nas competições europeias e que teria uma concorrência total pelo lugar, nada que assustasse Sérgio Conceição pois sempre foi um apaixonado pela competitividade interna. Em 2004 faria 12 jogos, marcou um golo e acabou por ver o seu nome inscrito como campeão nacional de 2003/2004, saindo no fim dessa época para o Standard de Liège, em busca de somar mais tempo de jogo, isto sem perder um “pingo” da paixão que sentia/sente pelo clube.
Os números de Sérgio Conceição no FC Porto:
1996-1998: 77 jogos / 10 golos / 26 assistências / 2 Campeonatos / 1 Taça de Portugal / 1 Supertaça
2004: 12 jogos / 1 golo / 2 assistências / 1 Campeonato