Gil Vicente – A importância da preparação da época

José Nuno QueirósMarço 18, 20215min0

Gil Vicente – A importância da preparação da época

José Nuno QueirósMarço 18, 20215min0
O Gil Vicente contratou mal, escolheu mal o treinador e substitui-o por alguém com ideias completamente diferentes. Conseguirá a manutenção?

Depois de uma época de sonho no regresso à primeira liga portuguesa, o Gil Vicente passou a ser um dos candidatos à descida de divisão na presente temporada, numa campanha que explica na perfeição a importância do planeamento e do rigor na construção do plantel.

A preparação desta temporada nos galos começou ainda no decorrer da anterior, quando foi anunciado por Vítor Oliveira, na sala de imprensa, que o mesmo não iria continuar ao serviço do clube porque não podem haver dois técnicos principais numa mesma equipa. Este foi o primeiro e, quiçá, o maior erro da estrutura gilista na preparação da nova temporada.

Despedir Vítor Oliveira daquela forma não só foi uma enorme perda na qualidade da equipa técnica, como foi também uma enorme falta de respeito para com o técnico, que pareceu estar incomodado, pela forma como falou na conferência de imprensa, com a forma como a decisão foi tomada por parte da estrutura diretiva.

Rui ALmeida foi uma aposta falada. (Fonte: Sapo)

De qualquer das formas a decisão estava tomada e a opção recaiu em Rui Almeida, antigo adjunto de Jesualdo Ferreira, e com uma carreira como técnico principal por divisões secundárias em terras gaulesas, e cujos números não enchiam os barcelenses de confiança para o que aí vinha.

Toda a preparação da época do Gil pareceu ter como fator determinante o dinheiro! Poupar é a palavra na ordem do dia e desde o treinador à equipa principal havia uma clara lógica de tentar a manutenção, reduzindo os custos. Uma jogada que se esta a revelar arriscada demais.

Com a chegada do novo treinador, chegou também uma nova ideia de jogo assente no modelo de 3 centrais. Isto levou a que o Gil usasse com frequência o seu bom trio composto por Nogueira, Rodrigo e Rúben Fernandes, que já tinham dado boas indicações com Vítor Oliveira. Este aumento do número de defesas centrais levou à contratação de apenas um suplente, no caso Tim Hall.

Nas laterais houve uma reformulação total com as saídas de Arthur Henrique, Alex Pinto e Fernando Fonseca para as entradas de Joel, Mantuan, Souleymane Aw e Talocha, sendo que Henrique Gomes foi o único sobrevivente mas não somou quase qualquer minuto com o novo técnico depois de ter terminado a época como titular!

Para o meio campo veio Lucas Mineiro para o lugar de Kraev e na frente praticamente só Lourency sobreviveu, juntamente com a renovação do empréstimo de Baraye com as chegadas de Renan, Miullen, Buba, Fujimoto e Leauty.

Provavelmente a contratação que mais impacto teve na equipa . (Fonte: Mais Futebol)

Escusado será dizer que muito do insucesso da época veio da fraca qualidade de muitos destes atletas, sendo que Renan e Hall só duraram até Janeiro e Aw, Mantuan e Miullen são apenas figuras de corpo presente. A juntar a isto Talocha, Joel e Baraye são jogadores que se apresentam a um fraco nível.

Com os maus resultados veio a mudança de treinador, com a chegada de Ricardo Soares, que veio romper com a ideia tática da equipa e como tal a direção teve que se mexer no mercado para comprar as posições necessárias. Primeiro veio Alaa Abbas, naquilo que apenas pode ser visto como uma jogada de marketing, porque o acrescento de qualidade foi nulo na equipa. A chegada do central Diogo, que soma escassos minutos também não se compreende.

Com este treinador jogadores como Buba, Henrique Gomes e Fujimoto ganharam claramente uma nova vida, mas foram os reforços no final do mês que revolucionaram para melhor o plantel. Falo claro está de Paulinho, Pedrinho e Pedro Marques.

Com Pedro Marques a equipa parece finalmente ter um Ponta de Lança talhado para este nível, Paulinho rapidamente “roubou” o lugar a Joel e Pedrinho já é dono e senhor do lugar no meio campo com Claude e Lucas Mineiro (o melhor reforço do lote inicial).

Resta agora saber se, com tanta mexida a meio e com constantes mudanças no sistema tático da equipa, ainda é possível salvar a temporada e manter o Gil na primeira, mas acima de tudo perceber se a direção aprendeu com os erros e conseguirá fazer novamente um plantel competitivo e manter-se sem sobressaltos mais anos na primeira divisão.


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