FC Porto e o “Ninguém quer saber da taça da carica!”
“Ninguém quer saber da taça da carica!” – frase dita ao longo dos anos, sempre que acabámos eliminados da taça da liga. Claro que no ano passado a expressão não foi usada, porque sejamos honestos, já fazia comichão ser a taça que faltava no nosso museu que tão vasta coleção contém e por isso até soube bem poder finalmente ganhá-la.
É verdade que há um outro troféu em falta, mas só um portista pouco portista o iria querer ver no museu – a Conference League. Afinal de contas, ganhar este troféu é sinal de uma época anterior bastante aquém daquilo que o Porto tem obrigação de fazer todos os anos. Não é troféu para os grandes, não é troféu que se queira ver um grande a vencer.
Mas voltando à nossa atual temporada: já ficaram dois troféus pelo caminho – a supertaça que vimos ser levantada por aquele que consideramos o nosso maior rival em território nacional – o Benfica – e a taça da Liga da qual caímos após uma derrota desapontante frente ao Estoril. Restam-nos 3 frentes – campeonato, taça de Portugal (na qual teremos que defrontar novamente o Estoril) e a Champions League. E é sobre esta última que partilho as minhas preocupações.
Tivemos um começo na competição que eu considero excelente. O jogo contra o Barcelona no Dragão, apesar de terminar em derrota, mostrou-me um Porto que consegue impôr-se, jogar bem e apresentar magia no relvado. Foi sem dúvida o jogo em que vi mais Porto esta época. Foram 90 minutos que me fizeram questionar “Porquê que o Porto não joga sempre assim? Porquê que conseguimos apresentar este tipo de jogo na Champions frente ao Barcelona, e parecemos penar para conquistar 3 pontos contra equipas do meio da tabela?”. Custa realmente ver maus jogos do Porto quando já nos foi demonstrado que podem fazer mais e melhor.
Mas voltando às minhas preocupações sobre a Champions. Após esta demonstração de raça e pedigree europeu a coisa acabou por fugir um pouco do nosso controlo. Na segunda mão com o Barcelona voltámos a perder e já não foi um jogo tão bem conseguido e (talvez um detalhe que ninguém esperava) a vitória do Shakhtar frente ao Barcelona na 4ª jornada estragou-nos as contas do grupo, deixando-nos numa posição desconfortável, porque com isto tudo, a passagem à próxima fase foi adiada para a última jornada.
Basta-nos um empate e é isso que me preocupa, porque muitos são os que acabam a cair devido a entrar em campo com foco nos mínimos necessários e com isso deixam escapar o que parecia garantido. Quero acreditar que não vão entrar com esse espírito em campo, quero acreditar que a raça do Dragão volta para cumprir aquilo que não é mais que uma obrigação – carimbar a passagem e fazer parte das 16 equipas qualificadas para o “mata-mata”.
Vamos ver o que o jogo de 13 de dezembro nos reserva e que no fim, o resultado deixe toda uma nação portista a sorrir.
Mas que essa passagem (que espero mesmo que aconteça) não nos faça esquecer os problemas que estamos a viver no nosso clube. Há debilidades em vários setores (especialmente no defensivo e em particular nas laterais) e esse problema prevalece há algum tempo, tendo contribuído também para a eliminação da taça da liga (isso e a falta de finalização).
Abrem-se mercados, fecham-se mercados, chegam jogadores, partem jogadores e a maior debilidade parece manter-se. Atribuem-se culpas a vários, criticam-se jogadores, mas nada parece mudar e o nosso desempenho nas várias provas fica em causa devido a esses problemas. Temos talvez “escondido” ou “disfarçado” estes problemas ganhando troféus aqui e acolá, para deixar os adeptos contentes, mas a dada altura isso deixa de bastar. Os adeptos amam a modalidade e para isso é preciso que ela nos cative, que nos mostrem 90 minutos que sejam interessantes, em que se veja que estão ali para “morrer” pelo emblema. O Porto já foi mais que isto, o Porto habituou-nos a bem mais que isto, por isso não culpem os adeptos por quererem ver mais e melhor.
“Ninguém quer saber da taça da carica!”, mas o que aconteceu nela reflete o nosso desempenho nas restantes provas e portanto, resta a questão: De quem é a culpa?