Benfica sem Krovinovic – perdeu-se o penta com uma lesão?
É certo que Krovinovic entrou tarde na equipa do Benfica e tornou-se, rapidamente, peça fulcral no 11. O 4-3-3 parece ter sido construído à volta do médio croata e estava a funcionar lindamente. Mas a lesão de Krovinovic põe em risco a luta pelo pentacampeonato? Cai, com ela, o sonho dos encarnados?
Os números com e sem Krovinovic
A presença de Krovinovic é demasiado notória na equipa do Benfica. Krovinovic fez 19 jogos com a camisola encarnada e, até ao momento, o Benfica fez 16 partidas sem o croata. A percentagem de vitória com Krovinovic é de 63,15% e, sem ele, 43,75%. Quase 20% de diferença na quantidade de vitórias em apenas um jogador.
A passagem pela Liga dos Campeões foi um desastre total, mas seria assim se Krovinovic estivesse inscrito? 6 derrotas e a pior prestação dos encarnados na Europa, em 6 jogos onde o 4-3-3 com Krovinovic não pode brilhar.
Mas a influência do croata não se mostra apenas na percentagem de vitórias. O Benfica com ele fez, em média, 2,26 golos por jogo e sofreu apenas 0,35 golos por jogo. Já sem o talento croata a história é outra: 1,63 marcados e 0,88 sofridos. Uma diferença drástica que mostra a eficiência e a qualidade de jogo que o médio trouxe à Luz. Mais golos marcados e menos golos sofridos, todo um sistema a funcionar de maneira totalmente diferente às costas de Krovinovic.
As soluções para o lugar no 4-3-3
Rui Vitória analisou, ainda antes do empate com o Belenenses, as alternativas a Krovinovic. A análise e explicações do mister encarnado podem ser vistas no vídeo abaixo.
João Carvalho, Zivkovic, Keaton-Parks e Gedson Fernandes. Quatro opções dentro do plantel encarnado que, no mercado de inverno, não foi reforçado. O primeiro jogo sem Krovinovic resultou num empate em Belém. Aí jogou João Carvalho, sem grande sucesso. O médio português não entrou bem no esquema da equipa e, a ausência da qualidade Pizzi não permitiu uma estreia melhor na posição.
Depois disso Rui Vitória testou Zivkovic. O sérvio jogou com o Rio Ave e com o Portimonense no meio. Sem o brilhantismo de Krovinovic, o certo é que os encarnados venceram os dois jogos. Zivkovic deve, por isso, manter-se na titularidade ao lado de Pizzi. O sérvio tem qualidade técnica muito acima da média e isso faz dele uma boa alternativa para a posição. As combinações com os homens das alas e com Jonas são a base do 4-3-3 de Rui Vitória.
Ainda assim, o tempo de habituação que Krovinovic teve para assumir a posição não existe para nenhum outro. A temporada está no ponto crítico e não há espaço para erros na equipa do Benfica. Se Zivkovic vai agarrar a posição terá que fazê-lo já para manter os encarnados na luta pelo penta.
O penta perdeu-se numa lesão?
Krovinovic era, até à lesão, o jogador mais influente no jogo do Benfica. Jogava e fazia jogar, todo o sistema era baseado na sua qualidade. Sem a chegada à área do croata e a sua capacidade de ler o jogo como ninguém, o penta parece uma miragem.
Mesmo que, em três jogos, os encarnados tenham vencido dois e empatado outro, a qualidade de jogo caiu a pique. O futebol do Benfica está mais partido e sem fluidez. As duas vitórias nasceram de bolas paradas e rasgos nas alas, maioritariamente de Cervi. Tudo isto a juntar à lesão de Jonas da qual ainda não se sabe a gravidade.
Mas o penta não está perdido, cabe a Rui Vitória reinventar soluções para (apenas) mais um problema. Mas a alternativa não pode passar simplesmente por um substituto direto de Krovinovic. Esperar que João Carvalho ou Zivkovic façam a mesma coisa que o 20 do Benfica é ser injusto com os outros dois jogadores.
A solução deve passar por Pizzi. O médio português tem que melhorar a sua qualidade de jogo, tem que voltar ao Pizzi da época passada. As transições e triangulações do camisa 21 podem ser a salvação da equipa de Rui Vitória. Com um Pizzi a bom nível, tudo fica mais fácil para quem joga ao seu lado.
Por fim, também as alas têm que manter o rendimento. Cervi está numa forma soberba e é assim que os encarnados precisam dele. A ala esquerda com Grimaldo pode, a qualquer momento, resolver um jogo.
É certo dizer que um campeonato não se perde com uma lesão, nem mesmo de uma pedra basilar. Mas não é menos correto afirmar com encarnados ficaram com uma tarefa muito mais complicada com perda de Krovinovic.