Benfica de Jesus: Uma total falta de visão, qualidade e respeito

Gonçalo MeloJaneiro 22, 20217min0

Benfica de Jesus: Uma total falta de visão, qualidade e respeito

Gonçalo MeloJaneiro 22, 20217min0
Artigo com a análise da situação atual do Benfica, desde a qualidade exibicional até à postura do treinador Jorge Jesus, de LFV, e da equipa.

Quando avançamos a passos largos para o término da primeira volta do campeonato, já é possível elaborar uma análise do que de bom, e também mau, foi feito nas várias equipas. No caso do Benfica, são poucas, para não dizer nenhumas, as coisas boas que se passaram desde o regresso do magnânimo e irrefutável Jorge Jesus, chegado de terras brasileiras com mais fama e crédito que Pedro Álvares Cabral.

Afinal o segundo apenas descobriu um novo país, enquanto o primeiro descobriu a fórmula para ganhar um Brasileirão e uma Libertadores, algo que Abel Ferreira até pode conseguir também (mas disso não convém muito falar).

Transferências

Apesar das constantes criticas e indiretas a vários jogadores, não falando da forma quase irrisória como o técnico encarnado foi implorando, pleno de “lata” pelas aquisições de Gerson e Bruno Henrique até Outubro, a verdade é que o técnico nascido na Amadora não se pode queixar muito. Viu chegar nomes incontornáveis e experientes como Jan Vertonghen e Nicolás Otamendi, titulares indiscutíveis de duas seleções de topo mundial, aos quais se juntaram Darwin Nuñez, Everton Cebolinha e Pedrinho, jogadores jovens e talentosos que juntos custaram mais de 60 milhões de euros.

Além destes, o técnico teve ainda direito ao lateral direito que pediu, Gilberto (difícil perceber como é que um dispensado do Hellas Verona e da Fiorentina é a primeira opção num clube como o Benfica), e mais recentemente viu novamente satisfeito um capricho seu com a chegada de Lucas Veríssimo, quando tem no plantel desde Outubro Todibo, que mal tem jogado.

Resultados

Para quem vinha arrasar e jogar o triplo, o que tem sido mostrado até agora tem sido manifestamente insuficiente. A não ser que o arrasar fosse uma referência ao que iria fazer aos adeptos do Benfica.

Escandalosamente eliminado na 3ª pré eliminatória na Liga dos Campeões frente a um PAOK com um quarto da capacidade financeira, algo que levou o clube a vender o seu melhor defesa e aquele que muitos apontavam como futuro capitão do Benfica (bastou ficar de fora da Champions para se ter de vender o mais promissor jogador, algo preocupante num clube que supostamente respira saúde financeira).

No campeonato, exibições paupérrimas, para não dizer inadmissíveis, de uma equipa que é apenas terceira classificada a 4 pontos do rival Sporting, com o ponto mais baixo na visita ao Bessa, onde o Benfica perdeu por claros 3-0 frente a uma equipa do Boavista que não somou mais nenhuma vitória no campeonato.

Na Liga Europa, uma equipa claramente inferior ao Rangers (os escoceses foram de forma CLARA superiores ao Benfica nos dois jogos), como demonstra o segundo lugar no grupo, à frente de duas equipas que, com todo o respeito, dificilmente ficariam nos 7 primeiros da nossa Liga.

Na Taça da Liga, eliminação na semi final frente ao Braga, depois de ter passado de forma sofrida frente ao Vitória SC nos quartos de final. Na Taça de Portugal, há pouco a dizer, tendo em conta que o clube da Luz defrontou duas equipas com pouquíssimos recursos quando comparadas ao gigante lisboeta.

Na Supertaça, mais uma derrota clara para o rival FC Porto, num jogo em que a equipa lisboeta foi dominada, sentindo muita dificuldade para criar perigo, e onde a falta de atitude comparada à dos adversários foi quase embaraçosa.

Postura e Qualidade Exibicional

O grande problema da equipa encarnada. O Benfica parece viver numa bolha, onde ninguém da estrutura parece ter a coragem de se revoltar e encarar os factos (o único que ameaçou fazê-lo após a derrota na supertaça foi rapidamente criticado e posto no lugar pela “estrutura”).

O Benfica joga pessimamente para o investimento que foi feito, investimento esse que não conseguiu preencher ainda assim várias das lacunas do plantel, que durante anos foi alvo de sangrias motivadas pelo líder Luís Filipe Vieira, em parceria com o seu amigo Jorge Mendes.

Desde 2017 que a equipa não tem um lateral direito de qualidade, não há um médio com características indicadas para um meio campo a 2 (Taraabt está pior a cada jogo que passa, e Pizzi nunca foi nem será um 8), os centrais são lentos para quem quer jogar com uma equipa a pressionar alto, o guarda redes não consegue controlar a profundidade, e os elementos do plantel que mais qualidade têm a jogar entre linhas no ataque são constantemente postos de parte pelo técnico.

Jesus quer à força por este Benfica a jogar como o Flamengo. Esquece-se de um pequeno pormenor. Na Europa joga-se futebol a sério, com marcações e técnicos inteligentes taticamente, algo que o “mestre” da tática não encontrou no Brasil.

Um treinador arrogante e prepotente, a puxar constantemente a carta do seu currículo, que para um homem da sua idade, nem sequer é assim tão impressionante. Um treinador completamente acomodado e passivo, que no banco só se faz ouvir quando está a ganhar, revelando uma letargia enorme e falta de ideias quando o jogo está complicado.

Mais grave que a fraca qualidade exibicional, é a ausência de agressividade, vontade e atitude da equipa.

Com exceção de um par de jogadores, a equipa parece amorfa durante grande parte dos jogos, estando isso possivelmente relacionado com a forma como o treinador aborda e motiva a equipa (ainda neste último jogo coloca Gonçalo Ramos a 2 minutos do fim).

Jorge Jesus parece ser neste momento um treinador perdido, à imagem do seu presidente, que em Maio afirmava que Bruno Lage iria ficar fosse ou não campeão. Entretanto em Outubro, numa entrevista, disse que o regresso de Jorge Jesus foi decidido em Março. Percebeu? Nós também não.

Um presidente que em Janeiro defendia não poder emprestar os jovens do Seixal, pois era imperativo arranjar espaço para os mesmos na equipa principal. 7 meses depois empresta Florentino, Jota e Tomás Tavares.

Um presidente que há um ano dizia ser fundamental controlar o investimento, e que só um demagogo diria que ia investir mundos e fundos para formar uma super equipa. Algo que acabou por fazer um ano depois, para garantir a reeleição.

Estamos por isso diante um Benfica descredibilizado junto dos próprios sócios, que perderam interesse no clube e em quem o lidera. Um clube com um presidente que se esconde atrás do que já fez e que só aparece quando a equipa vence.

Um clube com uma equipa amorfa, desequilibrada e que desrespeita com a sua atitude a história do mesmo. Um clube com um treinador que vive do passado recente no Brasil, onde ganhou um campeonato com uma equipa riquíssima e com jogadores muito superiores aos dos rivais, e onde ganhou uma libertadores em 4 minutos depois de ser dominado por 88 pelo River Plate de Gallardo.

Um Benfica que parece perdido, e que não tem referências que o coloquem no bom caminho. Se soubesse o que sabe hoje, Vieira teria trazido de volta Jorge Jesus? E tu, que votaste Vieira, se fosse hoje votavas outra vez?

Vieira e Jesus são os dois responsáveis pela situação atual do clube da Luz

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