A luta pela subida recomeça: Paços, Arouca, Académica ou Estoril?

Francisco IsaacAgosto 8, 201811min0

A luta pela subida recomeça: Paços, Arouca, Académica ou Estoril?

Francisco IsaacAgosto 8, 201811min0
Os dados vão começar a ser lançados já este fim-de-semana, especialmente na luta pela subida na Ledman LigaPro. Quem vai ascender ao escalão máximo português em 2019?

A Liga Ledman Pro está prestes a começar e com reinício da competição volta a corrida louca pela subida. Num ano em que não há viagens para fora de Portugal Continental (os ilhéus do Santa Clara e Nacional já aqui não moram), a guerra pela promoção à Liga NOS será entre 5 ou 6 emblemas, alguns deles já com calo de Primeira Liga.

Algumas curiosidades e avisos ficam desde a análise sucinta a alguns dos candidatos: dos nove despromovidos das últimas 5 Liga NOS (não contando com os da época passada, que só este ano vão poder confirmar ou não esta evidência), só dois conseguiram regressar a esse campeonato, e foram o Moreirense (2013) e Nacional (2018)

Em 2012/2013, o Moreirense foi relegado mas acabaria por regressar logo na temporada seguinte; 2013/2014, só desceu o Olhanense para nunca mais voltar;  entre 2014 e 2017, Gil Vicente, Penafiel, União da Madeira, Académica e Arouca caíram primeiro para fracassarem constantemente na demanda pela Liga NOS.

Este é um pormenor curioso, ao ver que a maioria dos clubes que obtiveram a experiência na principal liga de futebol em Portugal, não foram capazes de realizar uma campanha convincente ao ponto de voltar ao convívio dos principais emblemas nacionais.

Perante este cenário, o Paços de Ferreira trouxe o melhor remédio para não fracassar nesta Ledman Pro. Vejamos qual é!

O REI DAS SUBIDAS ASCENDE AO TRONO DA CAPITAL DO MÓVEL

Vítor Oliveira, para quem não sabe, é o mestre das subidas à Primeira Liga tendo ajudado mais de 10 clubes a subir de divisão. É um treinador que conhece a segunda liga como ninguém, tem noção dos seus desafios, do que é necessário para não só sobreviver mas, especialmente, dominar.

O FC Paços de Ferreira, que há 14 anos não sabia o que era jogar no segundo nível de futebol profissional em Portugal, optou por apostar em força no técnico português e para ajudar ao sonho de regressar, a direcção trouxe alguns reforços interessantes: o guarda-redes Ricardo Ribeiro (ex-Académica), os defesas Bruno Telles (ex-Rio Ave) e Marcos Valente (empréstimo do Vitória SC), os médio Paul Ayongo (ex-Amarante) e o avançado Douglas Tanque (ex-Police Tero FC).

Mas mais importante que estas novas caras no clube, foram os vários regressos a casa, com destaque para Christian, médio-centro que pode actuar a trinco (foi um dos titulares constantes da equipa de Costinha no Nacional na temporada passada), Sodiq Fatai e Barnes Osei.

Christian, como nota de rodapé, foi um dos trincos mais badalados do futebol português na última temporada, mesmo tendo jogado na segunda liga. É um portento físico, apresentando-se como um jogador complicado de passar por, de uma raça máxima e com um desejo não só de recuperar o esférico com grande prontidão, mas de ser ele próprio a sair a jogar e a iniciar um contra-ataque mortífero.

Vítor Oliveira construiu então um plantel bem moldado aos seus príncipios de jogo, com muito músculo, experiência, velocidade e capacidade de não inventar. São cinco pormenores que tornam qualquer plantel do Rei das Subidas num crónico candidato à promoção ou a surpreender (veja-se o Portimonense na época passada, onde foi uma das equipas mais convincentes do campeonato).

Com André Leão, Marcos Baixinho e Vasco Rocha no grupo de capitães, este Paços de Ferreira poderá muito bem fazer uma temporada de alto nível e sem sobressaltos. O regresso à Liga NOS é o grande objectivo e Vítor Oliveira deverá querer inscrever os pacenses na sua longa lista de clubes bem sucedidos na segunda liga.

AROUCA, ENTRE OS 13 REFORÇOS E A CANDIDATURA

Miguel Leal, treinador que já teve vários anos na Primeira Liga, manteve-se no papel de técnico-principal do FC Arouca, cargo que recebeu em 2017 após um início de época muito conturbada para o clube do centro de Portugal. Falharam a subida à primeira divisão por pouco, no qual tropeçaram já nas últimas jornadas abrindo caminho para que o Santa Clara, Académico, Académica e Penafiel terminassem à sua frente. E como será esta temporada?

Um plantel “refeito” com 13 contratações, parece ser mesmo a tentativa de dar uma lufada de ar fresco a um clube que ficou muito preso à maioria dos jogadores que tinham descido de divisão com o Arouca.

Para esta época houve vontade de dar outra identidade ao plantel principal com Miguel Leal a receber alguns jogadores de qualidade que podem e devem dar uma ajuda preciosa aos aroucenses: Fábio Fortes, Heliardo (fez boas épocas no Tondela, mas acabou por perder espaço com Pepa), Kiko (bom lateral-esquerdo, muito propenso a auxiliar o ataque), William Soares (um trinco que gosta de destruir o jogo dos seus adversários e que tenta dar continuidade à sequência de passe da sua), entre outros.

Bukia renovou o empréstimo ao clube, depois de uma época passada bem conseguida com golos e assistências. Mais importante de tudo, o ritmo e dinamismo que o extremo conferia ao ataque são elementos importantes para este Arouca. Contudo, no meio destas chegadas deram-se quatro saídas que se vão fazer notar nos primeiros meses: Nuno Coelho, Vítor Costa, Bracalli e Aleksandar Palocevic.

O central/médio português foi o capitão do clube nos últimos anos, e um dos defesas mais goleadores em 17/18, sendo que recebeu um convite do CF “Os Belenenses” e rumou ao clube que agora joga no Jamor.

O brasileiro, que foi uma das maiores surpresas da Ledman Pro, finalizou o seu empréstimo com o clube e acabou por ter oportunidade de ir para a Liga NOS, mais precisamente para o CD Aves. Bracalli é sempre um problema, já que a qualidade entre os postes era uma certeza ao longo de toda a campanha (está no Boavista); e Aleksandar Palocevic, foi o reforço mais caro do CD Nacional (1,2M€), abrindo uma luta pelo lugar de médio-criativo no plantel do Arouca.

Será curioso perceber de que forma Miguel Leal vai atacar o objectivo para esta época, se com uma postura mais paciente, de retranca, apostando num bom domínio de bola sem arriscar em passes profundos ou de uma raça total, de velocidade frenética e de aposta num ataque de golos, arriscando expor os corredores a avanços dos adversários?

O novo Arouca para 2018/2019 (Foto: Ojogo)

É DESTA VEZ QUE A BRIOSA VOLTA AO MAIOR PALCO DE TODOS?

Dois anos de Liga Ledman Pro, dois anos de constante fracasso, especialmente na época passada no qual a Académica esteve mesmo à beira da subida, para deixar escapá-la nas últimas três jornadas do campeonato.

Uma época com sucessivas saídas e entradas de treinadores, de algumas convulsões e questões de fundo, agora terá de dar lugar a uma temporada de afirmação e que termine em promoção. Nesse sentido, a SAD do clube contratou para o cargo de treinador Carlos Pinto, o homem que deu a ascensão à Liga NOS ao Santa Clara mas que está também no meio de uma polémica sem fim à vista (para o Académico e União pelo menos).

Carlos Pinto é um treinador que gosta de ter uma equipa lutadora, de manter a posse de bola e de acertar os timings de jogo, de elevar o ataque para um panorama de contra-ataque venenoso em que os avançados ajudam na construção de jogo, assim como a sua finalização. É um bom pensador de jogo, um técnico que tem firme noção do que quer da equipa, dando espaço à mesma para que cresça e se adapte ao seu raciocínio.

Exactamente como as outras duas equipas, a Académica foi ao mercado e escolheu alguns jogadores a dedo, dois até com experiência Champions League nas pernas: Hugo Almeida e William.

O ponta-de-lança português dispensa apresentações, sendo um goleador nato que nos últimos tem tido pouca sorte nos clubes que joga por. Encontra na Académica um emblema diferente e que lhe poderá conferir um estatuto de lenda do futebol português. Raros foram os internacionais portugueses que decidiram ir para a segunda liga e o bomber formado no FC Porto apresentou-se à causa.

E William? Aos 33 anos regressa a Portugal, uma vez que o seu último clube em solo português foi o Gil Vicente no longínquo ano de 2007. Desde então serviu uma série de clubes em Israel, actuou pelo Standard de Liége e Omonia, sendo agora reforço da Académica. O brasileiro traz experiência ao eixo-defensivo e uma fisicalidade que faz diferença na segunda liga.

Perante este cenário, a Académica tem um plantel bom para resistir aos ataques dos seus adversários e capaz de chegar aos lugares de promoção da Ledman LigaPro. Cabe agora ver o que Carlos Pinto faz com um elenco onde está Peçanha (também é reforço para esta época, o veteraníssimo guardião brasileiro), João Real, Nelson Pedroso, Ricardo Dias, Guima, Donald Djoussé, Hugo Almeida, Marinho e Traquina.

SERÁ QUE O SOL VOLTARÁ A BRILHAR NO CLUBE DA LINHA DE CASCAIS?

O Estoril-Praia está de regresso a uma divisão que não lhe deixou grandes saudades da última vez que lá jogou: em 2005, quando desceu a esta autêntica luta de gladiadores, ficou sete anos à espera de uma oportunidade para voltar ao convívio dos grandes. Muito mudou nos canarinhos, que agora têm em mãos um desafio de extrema dificuldade e que poderá até ser penoso.

Sim, colocámos o Estoril-Praia como um dos candidatos pois veio sempre da Liga NOS e deverá ter alguma espécie de vantagem em relação aos seus rivais pela promoção. Tem, também, um bom plantel com Igor Rodrigues (fez duas épocas de elevado nível no Covilhã), Rafael Furlan, João Gomes, João Góis, Pedro Queirós e Patrão (bons reforços que provieram do GD Chaves), Fernandinho,  Sandro Lima (o falso-avançado que sabe jogar a extremo chega depois de duas épocas de bom nível no Viseu), Dadashov e Roberto.

Tudo reforços de nível, uns com conhecimento da Ledman Pro, outros com muitos minutos nas pernas da Liga NOS, com o claro destaque a ir para Patrão, Sandro Lima e Roberto. O médio-centro ex-GD Chaves, tem uma calma impressionante no controlo do esférico e um total cuidado na hora de trocar a bola com os companheiros, revelando-se também como um recuperador nato. Falta-lhe, talvez, uma capacidade física de maior gabarito para colocar os seus colegas sempre no nível máximo.

Sandro Lima é aquilo que já dissemos, um atacante multi-facetado que tanto pode actuar dentro da grande área, como pode ser o responsável por conduzir o jogo fora dela. É fisicamente forte, rápido q.b., dotado tecnicamente e com noção do que tem de fazer dentro das quatro-linhas. Extremamente leal na hora de lutar pela sua equipa, será uma das caras fortes desta Académica que precisava de alguém com esta agressividade no choque físico e com vontade de decidir à frente das redes.

Por fim, Roberto, um goleador experiente que passou pelo Arouca, Moreirense (ganhou a Taça da Liga pelo clube então treinado por Augusto Inácio) e Naval. Tem um instinto felino na hora de se movimentar dentro da grande área, aparece bem nos cantos, rápido a apanhar os centrais desprevenidos e inteligente no seu posicionamento.

São reforços de qualidade para um clube que tem atravessado tanto problemas competitivos como financeiros nos últimos tempos. Para liderar este grupo de atletas, a direcção dos canarinhos convidou o jovem Luís Freire (32 anos) que guiou o Mafra à conquista do Campeonato de Portugal 2017/2018. Um homem com ideias, que gosta de primar pelo futebol atacante, de boas movimentações a partir das alas e em que a defesa participa activamente na construção de jogo.

Poderá ser que esta boa mistura de factores leve o Estoril de volta à Liga NOS. Depende agora se sabem o que custa lutar na Ledman Pro!

Tentaremos no decurso das próximas semanas falar do Penafiel, Académico de Viseu, Famalicão, três emblemas com claras e boas hipóteses de chegarem aos lugares cimeiros desta divisão.


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