Futebol sem parar

Luís MouraJunho 18, 20254min0

Futebol sem parar

Luís MouraJunho 18, 20254min0
O Mundial de Futebol de Clubes já começou e Luís Moura e milhares de adeptos não estão impressionado com a invenção da FIFA

Ao dia catorze do mês de junho de dois mil e vinte e cinco, Inter Miami e Al Ahly deram inicio a uma das maiores novidade do futebol mundial, em simultâneo a menos esperada e ansiosamente aguardada. O Mundial de clubes FIFA foi criado com o objetivo de atribuir novas dinâmicas ao futebol universal, democratizando uma competição jogada a meio da época, por quatro equipas de diferentes origens geográficas, mas com um continente vencedor já anunciado. A equipa europeia que jogava a final four do mundial de clubes saía, salvo raras exceções, sempre vitoriosa. As justificações acabam por ser óbvias. O futebol europeu é mais avançado a nível técnico e tático, com mais milhões envolvidos (numa contabilização histórica, e não dos últimos anos arábicos), nos quais se refletem os melhores jogadores do mundo. A pouca disputa dentro de campo refletia-se nas audiências e na energia envolvente ao evento. A final do mundial passava despercebida entre as jornadas dos campeonatos europeus.

Foi neste contexto que a FIFA desenhou uma “super competição” para substituir a transata. Convocou as 32 melhores equipas a nível mundial- seleção altamente condicionada por questões de distribuição geográfica e política- arranjando maneira de colocar o Inter Miami de Messi e companhia como anfitriões da prova, num grupo que conta com os campeões egípcios, o Porto e o Palmeiras. Deixou de fora o Barcelona (apesar das cinco Champions conquistadas e o título de campeão espanhol), o Manchester United, o AC Milan, entre outras equipas que se confundem com o futebol. Deu lugar a equipas como o Auckland City, um clube da nova Zelândia constituído por jogadores amadores. Atletas que, simultaneamente, cumprem uma carreira profissional nos mais diferentes ramos da sociedade e, que agora, viajaram para os Estados Unidos da América para travar uma luta absolutamente desleal com Bayern München (já goleados por dez bolas a zero), Benfica e Boca Juniors. Estão pior classificados no Ranking Mundial da Opta Analyst que o Pevidém, equipa que recentemente defrontou os encarnados. O parque de jogos Albano Martins Coelho Lima, no qual atoa a formação vimaranense, tem mais mil e quinhentos lugares do que o ainda mais modesto Kiwitea Street do Auckland City.

A Federação Internacional de Futebol apostou forte numa prova sem garantias de sucesso. O preço dos bilhetes começou com um preço astronómico, mas a poucos dias do inicio do mundial a organização foi forçada a baixar o preço dos ingressos. Em Miami ofereceram a entrada aos jovens com a esperança de encher o estádio. O prémio de participação, antes da constituição do torneio era elevado, com o avançar dos meses foi diminuindo. O Porto que ia receber cinquenta milhões têm de se satisfazer com pouco mais de quinze milhões.

A procissão ainda vai no adro, mas tudo indica que o mundial não será como o esperado. Os estádio não enchem, a transmissão televisiva convencional é limitada. A esmagadora maioria dos clubes compete depois de uma intensa época. Esse é um dos maiores erros cometidos. Querer criar as competições das competições, sem ter em atenção a capacidade física dos atletas. É incompreensível como é que a FIFA abre datas para competição de seleções, uma semana antes do inicio do mundial. Ninguém teve tempo para se preparar, nenhum clube joga com verdadeira vontade de ganhar. Vencer o mundial pode ser hipotecar uma nova temporada. Aquilo que parecia ser a maior honra do futebol mundial, parece ser um fardo que todos querem evitar.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS