Portugal – construindo a nossa história até ao Mundial 2023

Margarida BartolomeuOutubro 13, 20225min0

Portugal – construindo a nossa história até ao Mundial 2023

Margarida BartolomeuOutubro 13, 20225min0
Portugal vai ter de disputar mais um playoff para chegar ao Mundial de futebol feminino, mas o horizonte parece ser risonho como explica Margarida Bartolomeu

11/10/2022 – um dia que ficará, juntamente com tantos outros, para a história do Futebol Feminino português. “E porquê?”, questionam os mais distraídos, e aqueles que não acompanham os jogos da nossa equipa nacional feminina. Ora, porque foi neste dia que Portugal ficou a um passo microscópico de se apurar para o primeiro Campeonato do Mundo Feminino de Futebol da sua ainda “curta” história, após vencer categoricamente uma poderosa seleção islandesa, que à partida, seria sempre vista como favorita à vitória.

Após o sorteio do playoff de apuramento para o Campeonato do Mundo 2023, que terá lugar na Austrália e Nova Zelândia, muitos vaticinaram a queda da seleção portuguesa logo no primeiro jogo, frente à seleção da Bélgica. Uma seleção recheada de jogadoras talentosas e em clara ascensão, que prometia causar muitas dificuldades às jogadoras lusas. Mas, na verdade, foram as jogadoras lusas que conseguiram criar muitas dificuldades à seleção belga, e garantir a vitória e consequente passagem ao segundo jogo do playoff, onde iriam defrontar a sempre poderosa seleção islandesa, conhecida pelo seu poderio físico, capacidade técnica, intensidade e historial no futebol feminino.

O dia chegou, as nossas jogadoras encheram-se de toda a coragem e capacidade de luta que as caracteriza, e entraram em campo, enfrentando as adversárias “olhos nos olhos”, sem receios, demonstrando que o futebol português está em clara ascensão, tem muita qualidade, e uma raça inigualável! Se é verdade que foi necessária a marcação de uma grande penalidade, e consequente expulsão da jogadora islandesa, para desbloquear o marcador a favor de Portugal, também é verdade que a seleção nacional portuguesa já vinha a dominar grande parte do encontro, impossibilitando o jogo organizado islandês, cujas jogadoras eram “obrigadas” a apostar na rápida transição ofensiva e a criar perigo através de lances de bola parada.

O período em que a seleção islandesa foi capaz de criar mais perigo foi durante os 10/15 minutos que se seguiram ao momento em que se encontravam a jogar em inferioridade numérica, tendo, inclusive, conseguido chegar à igualdade no marcador, e criar oportunidades para fazer o 1-2. No entanto, assim que as jogadoras lusas conseguem conquistar nova vantagem no marcador (nos minutos iniciais do prolongamento), apenas deu Portugal. Velocidade na troca de bola, desmarcações constantes, permutas entre as jogadoras ofensivas, jogadas e jogadas de perigo, rápida recuperação de bola.

A equipa portuguesa foi dona e senhora do jogo, e soube tirar partido da superioridade numérica de que usufruía desde o minuto 55’. A entrada de Francisca “Kika” Nazareth e de Andreia Jacinto revelou-se determinante para a implementação de novas e perigosas dinâmicas ofensivas na equipa portuguesa, que causaram muitíssimas dificuldades à seleção nórdica. Houve, para mim, 2 jogadoras que foram ainda mais determinantes para o desfecho positivo do jogo, e não o digo pelo facto de ambas terem marcado, mas sim por tudo o que deram ao jogo. Pela sua capacidade de pressionar, fechar espaços, roubar bola, construir ataques, finalizar – Tatiana Pinto (mas que nível tem vindo a apresentar) e Diana Silva (apareceu em todo o lado, e definiu praticamente sempre da forma mais acertada)!

Finalizado o jogo, e com o sentimento de “missão cumprida”, restou às jogadoras portuguesas aguardar pelo desfecho dos outros dois jogos que se encontravam a decorrer. Muito embora estes resultados não tenham sido benéficos para Portugal, ficámos aqui com uma importante demonstração de poder e qualidade, que certamente traz confiança e uma base de trabalho muito positiva para enfrentar os desafios que se adivinham.

China Taipé, Tailândia, Camarões, Senegal, Papua Nova Guiné, Haiti, Panamá, Chile e Paraguai – são estas as seleções a quem Portugal se juntará, de 17 a 23 de fevereiro de 2023, para disputar o acesso (inédito) ao Campeonato do Mundo 2023. As seleções acima mencionadas vão ser divididas em três grupos, dois constituídos por três equipas, e um com quatro equipas, onde os cabeças de série serão decididos através do ranking da FIFA (Portugal é, entre as 10 seleções presentes, a mais bem colocada). O vencedor de cada um dos grupos do play-off Intercontinental passa à fase final (apuramento direto no caso dos cabeças de série dos grupos de 3 equipas) onde irá defrontar o vencedor da meia-final do seu grupo. No grupo constituído por 4 equipas, decorrerão duas meias finais, após as quais cada vencedor se irá defrontar, de forma a determinar o consequente vencedor do grupo, que irá marcar presença no Campeonato do Mundo.

Mesmo com os equipamentos antigos, mesmo com uma divulgação muito aquém daquilo a que a ocasião obrigava, mesmo sem preencher capas de jornais, as jogadoras portuguesas cumpriram a sua missão a 100%, falhando o apuramento direto apenas por “azar”, visto que tanto a Suíça, como a República da Irlanda, acabaram por vencer os respetivos jogos e assegurar uma vaga no Mundial 2023.

Agora, é focar no que aí vem, preparar o próximo playoff, que já será disputado “down under”, e demonstrar a tudo e todos que o crescimento do Futebol Feminino português veio para ficar, e não pode continuar a ser “chutado para canto”!


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