FC Porto e o Mercado de Verão 2020: atitude inteligente ou caos anunciado?

Francisco IsaacAgosto 30, 20208min1

FC Porto e o Mercado de Verão 2020: atitude inteligente ou caos anunciado?

Francisco IsaacAgosto 30, 20208min1
Dos quatro principais emblemas em Portugal, o FC Porto é de longe o que se tem mexido menos e começa a preocupar os seus adeptos e não só. O que se passa com a SAD dos azuis-e-brancos?

Junho de 2021 poderá vir a ser lembrado como um mês de total negritude para o FC Porto, pondo em xeque a SAD azul-e-branca naquilo que poderá ser uma repetição do Verão de 2019… ou seja, a saída a custo-zero de jogadores supra-valiosos. Alex Telles, Sérgio Oliveira, Otávio, Moussa Marega, Tiquinho Soares e Vincent Aboubakar têm só mais 10 meses de contrato com os actuais campeões nacionais, tendo estes um valor de mercado ao redor dos 90M€ de acordo com o Transfermarkt, para além de juntos terem custado 32,5M€ aos cofres dos dragões e que terá de ser encarado como um total buraco financeiro e falta de capacidade negocial por parte de uma direcção que tem revelado constantes falhas nos últimos 7 anos – desde a época em que Paulo Fonseca assumiu o plantel no ano de 2013 – caso se confirme esse cenário.

Este é o primeiro passo para perceber que as dificuldades financeiras do FC Porto não estão debaladas nem controladas como Jorge Nuno Pinto da Costa e Fernando Gomes apregoaram durante e após as eleições do clube portuense e a preocupação dos adeptos é natural e tem razão de ser, para além de que Sérgio Conceição poderá não ter reforços de alta qualidade para a nova temporada.

Contudo, esta postura mais conservadora e paciente por parte da estrutura comandada por Jorge Nuno Pinto da Costa poderá ser uma estratégia de mercado, tendo alguns alvos definidos e possivelmente renovações de contrato a chegar para a maioria dos jogadores que estão em fim de contrato ou saídas já minimamente acordadas para lucrar minimamente com estas possíveis partidas?

Ou é outro episódio caricato e decisivo que acarretará custos altos não só nesta época mas também para a seguinte? Olhando para o historial recente, o mais provável é a segunda possibilidade tomando os casos de Yacine Brahimi e Hector Herrera como exemplo primário da gestão actual de uma SAD perdida tanto no tempo e numa arrogância que foi alimentada pela conquista de uma dobradinha, que só aconteceu pelos esforços da equipa e treinador mas também pela queda abrupta do SL Benfica depois dos dragões até terem retomado a competição da pior forma em Junho passado, recuperando da derrota do Famalicão e empate na Vila das Aves para recuperar o troféu de campeão.

As chegadas de Carraça e Cláudio Ramos são para já as duas únicas novidades e a explicação para a ausência de contratações de renome é entendida devido à ausência de fundos, que acaba por ser também uma questão “quente”.

Não foi o FC Porto campeão nacional? E não irá receber praticamente 40M€ pela entrada directa na fase-de-grupos da Liga dos Campeões 2020/2021? Isto poderá levar à formação da teoria de que mesmo a chegada dos milhões da Europa estes de nada valerão para ajudar o clube a se reforçar para esta época, sendo então necessária a venda de activos para existir algum fundo de maneio. Para adicionar ainda mais uma dose de estranheza a toda a situação, é peculiarmente crítico a forma como a SAD azul-e-branca procurava angariar fundos, através de negócios feitos por Jorge Mendes com algum dos clubes que normalmente recebem activos jovens, como o Valencia. Durante semanas a fio foi garantido que Diogo Leite, Tomás Esteves e Fábio Silva (os três em processo de crescimento e desenvolvimento enquanto jogadores-referência) saíram para o emblema Che a troco de 80M€, o que iria conferir sanidade e saúde ao FC Porto.

Esta situação pode ser irónica e quase hipócrita pois durante os últimos anos os vários membros da direcção da SAD dos portistas apontava dedos ao SL Benfica por estar envolvido em negócios do género com Jorge Mendes, sendo que iriam entrar pelo mesmo caminho e sem qualquer sinal de arrependimento pelo facto de poderem condenar a carreira desportiva de atletas de qualidade mas que necessitavam de tempo para amadurecer e dar resposta no plantel principal.

Se continuarmos a seguir pelo caminho mais destrutivo e caótico, será que perante o cenário da falta de fundos para negociar contratações, terá a SAD optado por não vender nenhum dos principais nomes e aguentar a equipa mais uma temporada, dando aqueles seis jogadores como negócios perdidos, sabendo que dificilmente seriam substituídos por jogadores da mesma qualidade, o que pode significar a perpetuação da ideia de que a SAD liderada por Jorge Nuno Pinto da Costa vive num projecto de época a época, submergindo o clube numa visão a curto prazo e que criará ainda mais dificuldades para o futuro a médio/longo prazo.

Entre as várias questões, avançamos com aquela que é a mais preocupante para o pós-2020/2021: vender os activos que estão à beira de ficar sem contrato ou mantê-los? Hector Herrera e Yacine Brahimi saíram sem que houvesse um retorno monetário, tendo sido uma decisão estratégica errada até porque ambos tinham mercado no Verão anterior à sua rescisão a custo-zero, apesar de ser sempre por um valor inferior do que a SAD pretendia.

Uribe um dos raros reforços de qualidade a chegar ao Dragão nos últimos anos

A manutenção de ambos os jogadores na altura acarretou dois problemas, a continuação do pagamento de salários exorbitantes sabendo que a o clube não tinha de forma de tapar esse “buraco” e de que outros jogadores sairiam prejudicados por terem menos tempo de jogo quando poderiam ter se tornado elementos úteis um ano antes. Mas para 2021 o problema triplicou e agora são seis jogadores que podem vir a sair sem qualquer benefício para o clube, sendo que cinco deles são tomados como essenciais para a manobra de Sérgio Conceição, colocando ainda mais dúvidas se o timoneiro continuará no clube depois desta nova época.

Sem entrar no marasmo de rumores criados pela imprensa que deseja alimentar os sonhos de cada adepto, o nome mais comentado é o de Mehdi Taremi, o avançado iraniano do Rio Ave que chegou a terras lusas em Agosto de 2019 e causou algum burburinho seja pelos golos marcados ou pela panóplia técnica e física demonstrada durante a época. Seria um reforço viável e interessante para o ataque dos campeões nacionais em título, todavia padece do mesmo problema: necessita que o clube fique financeiramente estável para se dar uma possível transferência.

Ou seja, o plantel de Sérgio Conceição pode nem ter grandes novidades se não se realizar nenhuma venda significativa e isto poderá ser problemático para um elenco que precisa de receber novas vitaminas, pois tanto Nakajima como Aboubakar ou Zé Luís pouco ou nada contam para o técnico português. Os três principais rivais apresentaram diversas contratações, podendo os adeptos dos dragões indagar na qualidade de cada um desses new arrivals do SL Benfica, Sporting CP e SC Braga, mas não é possível criticar a vontade dos adversários em ajustar e afinar a equipa, enquanto que Sérgio Conceição vai jogando com as peças que detém, apesar de se saberem das carências em dois sectores como a frente de ataque (é necessário um goleador nato, algo que tem faltado desde a saída de Jackson Martínez) e meio-campo criativo (por melhor trabalhador que Otávio seja, não é um criativo e tem problemas quer na criação de espaços ou na aplicação de passes letais).

Se a comparação com o SL Benfica parece já não servir para demover os mais conservadores, a verdade é que o Sporting Clube de Portugal contratou dois jogadores que foram amplamente difundidos como alvos do FC Porto, como Nuno Santos e Pedro Gonçalves, tendo o emblema lisboeta se antecipado e fechado negócio com o Rio Ave e Famalicão, respectivamente. Enquanto os rivais directos pelo título reforçaram-se e parecem ter preparado a época com outra “agressividade”, o FC Porto optou por esta estratégia inconclusiva, pouco prática e de meter os nervos à franja dos seus adeptos que ansiavam por ver uma resposta aos seus críticos em todas as medidas.

Não queremos dizer que o plantel actual é de baixa ou fraca qualidade, pois demonstrou a sua capacidade na época 2019/2020 tanto no jogo mental como técnico… o que queremos deixar entendido é o perigo total do FC Porto entrar em campo para a temporada com as mesmas fragilidades no ataque e meio-campo e pelo facto de ter 5 titulares à beira de uma saída sem qualquer obtenção de ganhos, expondo erros preocupantes da gestão da SAD.

Corona acaba o contrato em 2022


One comment

  • Nuno

    Setembro 8, 2020 at 11:02 am

    O ódio deste site pelo Porto é qualquer coisa, nem disfarçam.

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