FC Porto: curiosidades, factos e números dos últimos 5 anos de mercado

Francisco IsaacOutubro 6, 20225min0

FC Porto: curiosidades, factos e números dos últimos 5 anos de mercado

Francisco IsaacOutubro 6, 20225min0
Saídas e entradas, vendas e compras, Francisco Isaac tenta desvendar se existem padrões nas transferências do FC porto de 2017 até 2022

Na entrada para a terceira década do Século XXI, o FC Porto procura ultrapassar, de uma vez por todas, as dificuldades económicas e financeiras que forçaram a UEFA a colocar travões, naquilo que se pode chamar a troika desportiva, durante alguns anos. De um clube que se assumiu como o maior “predador” de títulos do futebol nacional, para um emblema doente e vítima de diferentes maleitas, os azuis-e-brancos actuaram de uma forma, por vezes, estranha nos diversos mercados de transferências, permitindo saídas a custo-zero de jogadores de valor alto, ou a efectuar negócios pouco claros. Mas existe algo que valha a pena observar em especifico? Tentemos oferecer alguns pormenores, factos e dados sobre a actuação do FC Porto no Mercado nos últimos 5-6 anos, percebendo se existem padrões ou algo mais, com recurso a tabelas informativas.

Importante referir que salários, comissões e outro tipo de valores que podem levar a flutuações nos valores de venda/compra.

COMPRAR E VENDER… QUEM FORAM OS PRINCIPAIS CLIENTES/FORNECEDORES?

Olhando para o quadro disponibilizado, fica claro que o FC Portimonense é a central de maior fornecimento de atletas dos últimos anos, com seis atletas a terem chegado ao Dragão: Paulinho, Ewerton, Samuel, Rafa Soares, Bruno Costa e Wilson Manafá. Curiosamente, os “dragões” nunca conseguiram lucrar com a venda de qualquer um dos activos vindos do emblema algarvio, o que significou um dano de quase 6M€ nas contas do clube da Invicta, podendo mudar para positivo caso Manafá, Samuel ou Bruno Costa sejam transferidos no futuro por um valor alto.

SC Braga e CD Santa Clara seguem-se com três jogadores cada, com destaque para David Carmo, que até hoje foi o central mais caro da história do FC Porto, Mamadou Loum (nunca conseguiu ganhar lugar no plantel principal) e Galeno, perfazendo 38M€ gastos em atletas oriundos dos “Guerreiros” do Minho.

Contudo, David Carmo não foi o jogador mais caro destes 5-6 últimos anos, pois esse “mérito” vai para Óliver que chegou ao FC Porto a troco de, também, 20M€, ocupando ambos os jogadores o 1º lugar, com Pêpê a seguir em 3º lugar, uma vez que chegou ao plantel de Sérgio Conceição por 15M€.

E nas vendas ou cedências a custo-zero? Bem, nesse “campeonato” ganha o Vitória Sport Clube, com os vimaranenses a receberem cinco atletas ex-FC Porto (André André, João Carlos Teixeira, Rafa Soares, Mikel Agu e Jorge Fernandes) sem terem cometido loucuras para assegurar esses reforços. Depois há um “oceano” inteiro de diferentes clubes que foram à Invicta buscar reforços, seja o Manchester United (Diogo Dalot e Alex Telles, ambos por um valor baixo), Atlético Madrid (Felipe e Hector Herrera, lembrando que o mexicano saiu a custo-zero), ou Sevilha FC (Óliver Torres e Jesús Corona, a preço de saldo ambos).

Entre 2017 e 2022, dos 14 negócios realizados durante esse período de atletas que foram contratados e, depois, vendidos, só três representaram exercícios positivos para a contabilidade dos azuis-e-brancos, e que acabam por “salvar” a situação negativa. A venda de Luís Diaz representou um net gained de 43M€ (poderá atingir os 53M€), o mesmo valor de Éder Militão, e, finalmente, Yordan Osório com 2M€. Os abandonos a custo-zero ou de net gained negativo, apesar de serem totalmente anulados pelas vendas atrás referidas, ainda assim representam 52M€ perdidos.

E por falar em custo-zero…

CHEGARAM CAROS… E SAÍRAM BARATOS

Já falámos deste ponto em outros artigos, e para não repetir ideias ou frases, deixamos só um par de questões e ideias, para além da tabela onde estão compreendidos os seis atletas mais valiosos que saíram a custo-zero, tendo estes custado um total de 63M€ aos “cofres” da SAD do FC Porto.

Se adicionarmos Chancel Mbemba, Renzo Saravia e Ewerton, o valor ascende quase aos 80M€, expondo em claro um dos maiores problemas dos últimos anos de gestão da direcção liderada por Jorge Nuno Pinto da Costa, e que poderá ganhar outra dimensão caso Matheus Uribe saia do Dragão a custo-zero. Se será por falta de visão, capacidade negocial, força orçamental para efectuar renovações (um elemento crítico durante o controlo de despesas imposta pela UEFA), o facto é que diversos investimentos foram perdidos e representaram pesadas consequências a longo-prazo, não só a nível desportivo, como financeiro.

O QUE SALVA A SITUAÇÃO?

Resposta peremptória e directa: as vendas de atletas como Luís Diaz e Éder Militão e dos jogadores da formação, com estes a significarem 152M€ em vendas, um valor minimamente importante para estabilizar as contas do Dragão, mesmo que neste momento se assista alguma restrição no poder ir ao mercado.

Não há dúvidas que Vitinha, Fábio Vieira, Francisco Conceição e Diogo Leite (parece ter encontrado o seu espaço na Bundesliga) saíram por um valor mais baixo do que esperado, ou comunicado por membros da direcção durante o último ano, mas esse tema merece outra atenção num contexto diferente.

Poderíamos perder mais tempo a analisar os números e perceber o porquê do mercado de Verão de 2022 ter sido marcado por desilusão, pelo facto da equipa não ter sido reforçada como se exigia, especialmente após a saída de certos jogadores nucleares no plantel de Sérgio Conceição.

O facto é que o FC Porto tem realizado sucessivos maus negócios, representando estes custos volutados para uma SAD e clube já imersa em problemas orçamentais que podem vir a acarretar sérias consequências no futuro próximo…


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