LaLiga Legends #3 – Iker Casillas (Real Madrid)

Bruno DiasAgosto 31, 20226min0

LaLiga Legends #3 – Iker Casillas (Real Madrid)

Bruno DiasAgosto 31, 20226min0
A edição #3 do LaLiga Legends traz-nos um mítico... #1. Vamos relembrar uma lenda das balizas do Santiago Bernabéu.

A 15 de Setembro de 1999, o Real Madrid estreava na sua baliza um jovem guardião de apenas 18 anos, sem possivelmente imaginar a grandiosa dimensão que aquele rapaz, de pouco mais de um metro e oitenta de altura, atingiria entre os seus pares espanhóis e mundiais.

Esse jovem chamava-se Iker Casillas. Que, de resto, já tinha tido um contacto prévio com a Champions League – competição onde se estreou, frente ao Olympiacos – dois anos antes, com 16 anos, não tendo porém saído do banco.

O espanhol teria uma temporada de estreia de sonho, ao defender a baliza “merengue” na final da competição milionária, final essa que o Real Madrid venceu por 3-0 frente ao Valencia. No ano seguinte, desfecho semelhante: embora tenha perdido a titularidade a meio da temporada, César Sánchez (o seu concorrente directo) acabaria por se lesionar em plena final europeia e Casillas foi chamado a intervir, correspondendo com defesas fulcrais para nova conquista europeia.

Depois desta ascensão meteórica, o caminho estava traçado: Casillas estava destinado ao topo do futebol mundial. E atingiu-o a todos os níveis. Pelo Real Madrid, assume definitivamente a braçadeira de capitão do clube em 2010, após a saída de Raúl González (outra figura incontornável no Santiago Bernabéu) e conquista tudo o que há para conquistar. 18 títulos em 17 anos de ligação, incluindo 5 edições da LaLiga e 3 edições da Champions League. 725 partidas pelo clube (apenas atrás de Raúl, novamente). Números lendários e que gravam eternamente o seu nome na história dos “blancos“.

Também na selecção espanhola, Iker marcou uma geração e teve um papel fundamental nas páginas mais gloriosas do futebol espanhol. Dono indiscutível da baliza durante o domínio mundial de “nuestros hermanos“, com as conquistas consecutivas do Euro 2008, do Mundial 2010 e do Euro 2012, o guarda-redes coleccionou 167 internacionalizações, um registo extraordinário que foi apenas superado, entretanto, pelo seu colega de equipa Sergio Ramos.

É então que, já depois de ultrapassar o que terá sido o auge do seu percurso futebolístico, surge em Julho de 2015 a “bomba” no mercado espanhol: Iker Casillas sai do Real Madrid (a contragosto e claramente ressentido com a postura do presidente Florentino Pérez em todo o processo) e ruma a Portugal, para representar o FC Porto. Uma contratação gigantesca para o futebol português, sintomática da magnitude que o seu nome havia já atingido no panorama mundial. No Porto, junta mais dois campeonatos ao seu extenso palmarés, mas vê a vida pregar-lhe uma partida de mau gosto quando, em 2019, sofre um enfarte num treino que o força a retirar-se dos relvados, aos 38 anos.

Porém, nem o fim inesperado e precoce da carreira beliscou minimamente a forma como Casillas é amplamente recordado entre os adeptos de futebol: um mito das balizas mundiais.

(Foto: goal.com)

 

Um monstro entre os postes: assim jogava… Casillas

O guardião espanhol cedo se notabilizou pela sua agilidade na baliza e por uns reflexos quase supersónicos, capazes de protagonizar defesas aparentemente impossíveis e que possuíam tanto de espectaculares como de eficientes.

Apesar de poder ser considerado baixo para a posição (1,82m), Casillas dominava alguns dos mais importantes aspectos atléticos de um guarda-redes. Para além das características já referidas, o espanhol possuía um “timing” fantástico para se impulsionar e “voar” para a bola, e mais do que compensava a sua eventual falta de altura entre os postes com uma velocidade lateral bem acima da média, responsável por algumas das mais lendárias defesas da sua carreira e pela valiosa noção de que, em muitos jogos, “enchia a baliza”.

Extremamente astuto a ler o jogo e antecipar as decisões adversárias, apresentava um nível de elite neste capítulo, a par com qualquer outro dos seus contemporâneos mundiais. Casillas terá sido, talvez, um dos guarda-redes mais inteligentes a alguma vez pisar um campo de futebol, e essa capacidade contribuía para que fosse sempre capaz de transmitir uma tremenda sensação de segurança à sua equipa e, especialmente, à linha defensiva, que controlava de forma activa e vocal.

A comunicação e a capacidade de liderança, de resto, eram outras das imagens de marca do “portero” espanhol. Não é à toa que Iker foi um mítico capitão tanto no Real Madrid como na selecção espanhola. Liderando por exemplo, a sua ética de trabalho e a sua postura calma mas assertiva no terreno de jogo transformaram-no, progressivamente, numa figura respeitada por todos, de colegas a treinadores e passando pela massa adepta em geral, incluindo até a dos seus maiores rivais na carreira. Constantemente interventivo e capaz de galvanizar os seus companheiros nos momentos mais decisivos e complicados, o líder presente em Casillas elevou o seu estatuto no futebol para uma outra dimensão.

Mas eram os grandes jogos, aqueles em que o guardião espanhol mais brilhava. A sua tendência para se agigantar nos maiores palcos e contra os melhores adversários cedo saltou à vista na sua carreira, e todo o seu percurso foi alicerçado em defesas inesquecíveis, que valeram muitos pontos e vários dos maiores títulos e troféus do seu ilustre palmarés. No Real Madrid, no FC Porto ou na selecção (onde ficou célebre a defesa frente a um isolado Arjen Robben, ao minuto 62 da final do Mundial 2010, que colocaria a Espanha em desvantagem no marcador), Casillas respondeu sempre de forma afirmativa e peremptória quando chamado a decidir. Um claro exemplo de um guarda-redes que garantia vitórias.

Com 725 jogos pelo Real Madrid e 167 jogos pela selecção A espanhola, Iker Casillas foi um ícone mundial das balizas durante mais de uma década, e uma tremenda inspiração para milhares de jovens “porteros“, que desejavam ser aquele “pássaro” que voava entre os postes para impedir até os mais certos lances de golo.

Dono de uma postura inabalável e serena, dentro e fora dos relvados, “San Iker” marcou uma era e deixou um legado praticamente irrepetível na LaLiga e no futebol espanhol.


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