La Liga Scouting #7 – Emerson (Real Bétis)
A sétima edição do “La Liga Scouting” leva-nos a Sevilha, para conhecer melhor um jogador que se tem destacado individualmente no seio de um contexto colectivo desastroso. Emerson tem sido uma das figuras de um Real Bétis que atravessa um momento muito complicado, tendo iniciado a época da pior forma, com 5 derrotas em 11 jornadas e apenas 12 pontos, um registo que os coloca no 16º lugar, bem próximo da zona de despromoção.
Com apenas 20 anos, o brasileiro tem tido uma ascensão meteórica na sua ainda curta carreira. Despontou para o futebol na Ponte Preta, em 2017. Daí, deu o salto para o Brasileirão e para o Atlético Mineiro, já em 2018. As suas exibições e o potencial que apresentou nesse contexto – juntamente com o passado de sucesso que já possui nas selecções jovens brasileiras -, levaram então a que fossem vários os interessados de renome em trazê-lo para a Europa.
Isso aconteceu em Janeiro de 2019 quando, num negócio relativamente invulgar, o FC Barcelona comprou o jogador ao Atlético Mineiro, para de imediato o emprestar até final da época ao Bétis. Emerson estreou-se no conjunto “verdiblanco” com Quique Setién, demonstrou bons pormenores nos períodos em que jogou e, já nesta temporada, o Bétis acabou mesmo por adquirir o jogador a título definitivo, por cerca de 6M€ (num negócio que, no entanto, terá certamente algum tipo de cláusula de recompra por parte do Barcelona).
As boas prestações neste início de temporada, de resto, levaram a que Tite colocasse o seu nome na mais recente lista de convocados para a selecção A brasileira, e tendo em conta as opções do Brasil para a posição, é de esperar que isso se venha a repetir muitas vezes ao longo da próxima década. Emerson agarrou o lugar no Bétis, mas certamente que a sua evolução lhe permitirá atingir voos ainda mais altos.
Como joga Emerson?
Emerson é aquilo que denominamos naturalmente de um lateral-direito moderno. Com uma estampa física considerável (1,83m), possui grande potência física e uma capacidade atlética acima da média, que lhe permitem fazer com qualidade todo o corredor direito durante os 90 minutos.
É um jogador de alta propensão ofensiva, oferecendo constantemente largura ao ataque e sendo mais um foco de desequilíbrio, através da qualidade técnica que possui e da facilidade com que desequilibra no drible e ganha a linha de fundo. Destaca-se pela variedade de acções que possui com bola, sendo também frequente vê-lo tentar invadir o espaço interior para chegar a zonas de finalização. Prova do seu impacto ofensivo são os 2 golos e 2 assistências já conseguidos na presente edição da La Liga, em 8 jornadas.
Falta, no entanto, algum critério em posse. Por vezes, Emerson acaba por ser “demasiado irreverente” nas suas acções, e a falta de capacidade para temporizar é talvez o aspecto que mais impede o seu jogo com bola de crescer exponencialmente. Tendo apenas 20 anos, ainda vai mais do que a tempo de corrigir essa questão, e é muito por aí que poderá dar definitivamente um salto competitivo para o mais alto nível.
Defensivamente, demonstra também ainda alguma imaturidade e inexperiência, procurando sempre resolver os problemas com que se depara de forma impulsiva e quase sempre com base no seu atleticismo. Essa abordagem leva-o a cometer ainda erros posicionais e de abordagem ao portador da bola, que depois acabam por penalizá-lo. Um aspecto que poderá ser mitigado, de forma lenta, à forma que for jogando e evoluindo dentro de um contexto de grande exigência, como é a La Liga.
Inegável mesmo é a sua estrondosa margem de progressão, em todos os capítulos do jogo. As comparações com Dani Alves e Cafu são, mais do que elogiosas, uma mensagem clara de que Emerson poderá mesmo ser um caso sério no futebol mundial, e uma promessa cujo crescimento certamente valerá a pena acompanhar.