La Liga Scouting #32 – Rodri Sánchez (Real Bétis)

Bruno DiasNovembro 17, 20215min0

La Liga Scouting #32 – Rodri Sánchez (Real Bétis)

Bruno DiasNovembro 17, 20215min0
A edição #32 do "La Liga Scouting" leva-nos novamente até Sevilha, onde a magia e a criatividade voltam a prosperar.

Já é tradição no mundo futebolístico: Sevilha é cidade de talento. Sobretudo ao longo deste século, pela cidade figuraram e ainda figuram treinadores de reconhecida qualidade e competência e jogadores de fino recorte, sublime classe e superlativo talento.

A esses “ingredientes” principais, junta-se ainda um par dos mais históricos estádios da “La Liga“, constantemente repletos de adeptos fervorosos e que fazem questão de assegurar que a cidade andaluza é um ponto de referência para todo o futebol espanhol e até europeu (com o recente sucesso do Sevilla FC na Liga Europa a servir como prova cabal desta afirmação).

O mais recente exemplo do talento para o futebol que grassa na cidade chama-se Rodri Sánchez. Aos 21 anos, o jovem extremo desequilibrador espanhol tem ganho cada vez mais o seu espaço no Real Bétis, através de exibições vistosas, subtilmente apoiadas por pormenores de génio e que ficam na memória do adepto de futebol.

Com passagens por Barcelona e Madrid (ao serviço do Atlético) na sua formação, Rodri chegou ao Bétis apenas em 2017. No entanto, isso não o impede de ser visto como um “filho da casa”, sendo a sua utilização tratada, geralmente, com grande carinho e apoio por parte da massa adepta do clube.

A sua ascensão meteórica também não passou despercebida ao radar da selecção, tendo Rodri feito a sua estreia pelos sub-21 espanhóis no passado mês de Outubro, em mais um claro sinal de que o seu futuro se avizinha muito promissor, caso o extremo mantenha esta trajectória muito positiva de evolução.

Integrado num contexto futebolístico que aparenta ser cada vez mais estável e seguro, poderemos estar aqui na presença de mais um nome que irá dar que falar a médio e longo prazo.

 

O Futebol de Rodri

Por esta altura, apenas e só pela introdução deste artigo, já se percebeu que Rodri não é um futebolista comum. Bem pelo contrário, o extremo é tudo menos convencional enquanto jogador de futebol, assentando todo o seu jogo numa base tão criativa e genial quanto imprevisível e pouco ortodoxa.

Lançado por Manuel Pellegrini a partir da ala direita do ataque – no 4x2x3x1 que o técnico chileno, de 68 anos, cedo estabeleceu como uma das imagens de marca da sua carreira -, Rodri sente-se no seu habitat natural quando recebe de pé esquerdo bem aberto no flanco direito, podendo de seguida avançar para aquele que é o seu futebol: um constante jogo de atrevimento, focado na iniciativa individual e em acções de 1×1 e 1×2, altamente potenciadas por uma combinação letal de precisão no drible curto, alta velocidade de execução e uma acutilante agilidade que o transforma num jogador bastante difícil de travar, mesmo em espaços curtos.

(Foto: marca.com)

É de realçar que esta aposta no jovem talento espanhol, por parte de Pellegrini, ganha uma dimensão ainda maior quando pensamos naquela que é a sua concorrência criativa e desequilibradora no plantel “verdiblanco“. Originário de uma árvore futebolística que sempre deu bons frutos (a ala criativa espanhola), Rodri surge num contexto de um plantel com vários atletas que partilham das suas forças futebolísticas e que lhe oferecem uma forte concorrência pelo lugar no 11 do conjunto que actua perante o público bético do Benito Villamarín.

Nomes como Nabil Fékir, Juanmi, Sergio Canales, Cristian Tello, Diego Lainez ou o mítico Joaquín, figura lendária do clube e que, aos 40 anos, continua a ser não só um elemento de grande valor individual, como também uma espécie de “mentor” para os meninos da “cantera” como Rodri.

Muito evoluído tecnicamente, é capaz de executar bem a grande maioria das acções que cria e que, não raras vezes, colocam a sua equipa em situações favoráveis para ameaçar a baliza contrária. Do seu “livro de magia” saem inúmeros pormenores de delicioso requinte, que contribuem significativamente para os desequilíbrios que provoca e que “fazem levantar o estádio”.

Não podemos ignorar, claro, que a amostra de rendimento efectivo é ainda algo reduzida, uma vez que falamos de um jovem jogador com apenas cerca de 30 jogos pela equipa principal, muitos deles com poucos minutos de utilização. É necessário saber até que ponto o jovem espanhol conseguirá manter um rendimento constante ao longo de um maior período de tempo, com um volume de jogos superior e com o desgaste acumulado dos mesmos.

É também evidente que existem ainda limitações ao nível da tomada de decisão e da forma como direcciona todo o seu talento para o bem colectivo, naquele que é um “mal comum” a muitos dos jogadores que partilham das suas características. Algo natural, porém, dada a juventude e inexperiência de um “miúdo” que deixa ainda o seu futebol em estado bruto e pouco formatado falar por si, sem amarras tácticas ou ideias de jogo pré-concebidas que o condicionem. Com a experiência e maturidade que o acumular de jogos trarão, é expectável que evolua neste aspecto, para se tornar num atleta que poderá até almejar voos bem mais altos.

(Foto: vavel.com)

Mesmo existindo ainda muito por lapidar neste “diamante em bruto”, a verdade é que Rodri parece talhado para ser um dos raros revolucionários que procura quebrar com o paradigma do futebol actual, onde a imaginação e a criatividade são ostracizadas em detrimento do rigor e da padronização. O futuro está assegurado: há magia em Sevilha.


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