La Liga Scouting #30 – Eduardo Camavinga (Real Madrid)

Bruno DiasOutubro 4, 20215min0

La Liga Scouting #30 – Eduardo Camavinga (Real Madrid)

Bruno DiasOutubro 4, 20215min0
A 30ª edição do "La Liga Scouting" dá a conhecer uma das maiores promessas mundiais da sua geração, acabada de chegar a Madrid e à "La Liga".

Os últimos mercados têm sido relativamente calmos para o Real Madrid. Florentino Pérez, apostado em continuar a trazer “galácticos” para o clube, tem procurado sobretudo “manter a máquina a carburar” desde a saída de Cristiano Ronaldo – em 2018 – e a contratação de Eden Hazard – em 2019, de forma a reunir os fundos necessários para a sua próxima transferência milionária (que há muito se afigura ser Kylian Mbappé, avançado francês do PSG).

Assente na base de jogadores experientes que dominou a Europa em anos recentes, os mercados têm sido progressivamente pautados pela chegada e integração no plantel de alguns jovens de menor renome (mas nem por isso menor qualidade) e pela saída de outros, alguns deles por quantias avultadas (como são os casos de Achraf Hakimi, Sergio Reguilón ou Martin Odegaard, apenas para mencionar os mais recentes).

O último desses jovens talentos a entrar no plantel é Eduardo Camavinga. Formado no Rennes, o médio francês (mas nascido em Angola) rapidamente saltou para os olhos do mundo quando fez a sua estreia a nível profissional com apenas 16 anos, num jogo da Ligue 1 frente ao Angers.

Daí para cá, não mais parou de crescer e brilhar. Em Agosto de 2019 venceu o prémio de melhor jogador do mês na liga, em Setembro estreou-se nas competições europeias e, um ano depois, estava já a realizar a sua estreia pela selecção principal francesa, aos 17 anos.

Camavinga, ao serviço do Rennes (Foto: goal.com)

Após imenso burburinho em torno do seu próximo destino, foi mesmo o clube madrileno que se antecipou a toda a forte concorrência dos principais clubes europeus (com o Manchester United à cabeça), fazendo assim chegar ao Santiago Bernabéu o prodígio francês por cerca de 31M€.

Aí, Camavinga encontrará dois dos melhores “professores” possíveis para o seu desenvolvimento: Toni Kroos e Luka Modric são mestres do jogo na zona central do campo, com um currículo e uma experiência ao mais alto nível inquestionáveis. O alemão, na gestão e no controlo do jogo e do seu ritmo, através do passe; o croata, na ligação entre sectores e no meio-campo ofensivo. Uma aprendizagem única e quase feita “à medida” do perfil do francês, altamente abrangente e completo.

A antecipação e o entusiasmo para se perceber como é que um dos médios mais promissores do futebol mundial se dará neste “salto” decisivo para a sua carreira são grandes, e os primeiros sinais dados entre as estrelas “merengues” já foram claros: Camavinga continua a jogar como um craque mesmo quando está… entre craques.

 

Como joga… Camavinga

Quando olhamos para a forma como Camavinga se apresenta no relvado, rapidamente nos apercebemos de um “pormaior”: a sua maturidade.

O francês não é um jovem normal, futebolisticamente falando, mesmo para aqueles que são os padrões pouco ortodoxos do futebol actual. É, antes, um jovem de 18 anos que não raras vezes joga como um veterano de inúmeras temporadas.

Entre muitas outras qualidades, a forma adulta que o seu jogo já possui em tão tenra idade é talvez o traço mais distintivo e que mais sobressai numa primeira impressão mais desatenta – mas nem por isso errada -, e restam poucas dúvidas de que é essa naturalidade em campo que o transporta para níveis muito elevados dentro das quatro linhas.

Tecnicamente muito dotado, a sua combinação de capacidade atlética e qualidade no controlo da bola permitem-lhe quebrar linhas em drible com frequência, de uma forma tão subtil quanto eficaz. A sua relação com o esférico impressiona nestes momentos, tal é a aparente forma natural com que o conduz e domina mesmo sob pressão e em espaços curtos.

O seu atleticismo contribui também de forma substancial para a sua qualidade defensiva. Camavinga lê bem o jogo e antecipa várias acções adversárias, mas é a sua passada larga que lhe permite desarmar e roubar a bola em lances onde muitos só conseguiriam uma intercepção ou um “corte” esforçado. Um autêntico “polvo”, que só terá tendência a crescer cada vez mais neste capítulo do jogo à medida que, ao seu auge físico e atlético, juntar uma evolução natural na já referida leitura de jogo, mas também no sentido posicional e no rigor que emprega em tarefas defensivas.

Com um manancial de recursos quase ilimitado, o médio francês está “na sua praia” como um 8 “box-to-box, com liberdade para intervir na totalidade do futebol da sua equipa na zona intermédia e em zonas centrais do terreno. Defensivamente, na recuperação de bola e preenchimento de espaços. Ofensivamente, na forma como guarda a bola e faz a equipa chegar à baliza adversária com qualidade, seja através do transporte em drible, seja através da sua apetência para passes de ruptura, sobretudo em momentos de transição. Faltará, agora, juntar a todas estas mais-valias uma chegada à área adversária de outro nível, para que os seus desequilíbrios se possam também reflectir em golos e assistências directas que definam resultados.

 

Até por ser ainda um jovem, existirão sempre dúvidas razoáveis sobre o limite do seu potencial. Mas o que já parece ser inegável é que, se nada de anormal ocorrer, Eduardo Camavinga será um nome de montra e que marcará o destino do Real Madrid e do futebol mundial nos próximos anos. O futuro é brilhante.


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