La Liga Scouting #25 – Bryan Gil (SD Eibar)

Bruno DiasFevereiro 28, 20215min0

La Liga Scouting #25 – Bryan Gil (SD Eibar)

Bruno DiasFevereiro 28, 20215min0
Completamos 25 edições do "La Liga Scouting" com mais um talento irreverente do futebol espanhol. Apresentamos... Bryan Gil.

A formação do Sevilla FC tem dado ao futebol espanhol um número quase infindável de grandes talentos, e os tempos recentes não são excepção. Um dos mais recentes “diamantes por lapidar” é Bryan Gil. Produto da geração de 2001, este jovem de apenas 20 anos e natural de Cádiz fez toda a sua formação no clube “rojiblanco“, tendo desde cedo saltado à vista dos responsáveis do clube e da selecção espanhola (internacional por todos os escalões jovens).

Chega ao futebol sénior na época 2018/19, com apenas 17 anos, estreando-se pela equipa B do Sevilla na divisão e brilhando imediatamente. Termina a temporada com 4 golos e 6 assistências em 23 jogos, dando mostras de que o enorme potencial evidenciado na formação poderia também torná-lo num jogador diferenciado mesmo num patamar bem mais competitivo.

A temporada seguinte traz consigo a estreia pela equipa principal, ainda com 18 anos e num empate caseiro frente ao Atlético Madrid. Estreia-se ainda a marcar pelo clube umas semanas mais tarde, numa goleada por 5-0 imposta ao Rayo Vallecano. Porém, o espaço para se impor num dos melhores plantéis nacionais afigurava-se curto e, a meio da época 2019/20 (e já depois de se ter estreado também nas competições europeias), Bryan sai pela primeira vez de Sevilha, para rumar ao “aflito” Leganés. Aí, apesar de boas prestações (12 jogos), o jovem não consegue evitar a despromoção do “Lega“.

De forma a poder jogar com o máximo de regularidade possível – algo essencial para qualquer jovem em início de carreira – Bryan Gil voltou a ser emprestado para esta temporada de 2020/21. O clube escolhido foi o Eibar, e Bryan não tem desiludido, tendo já apontado 3 golos e 3 assistências em 18 jogos. A sua irreverência e criatividade ajudam a dar cor a uma equipa habituada a batalhar bastante para conquistar os seus objectivos, não tendo sido por isso surpresa que tenha agarrado a titularidade com relativa facilidade.

Longe de “casa”, cresce um talento que pode perfeitamente almejar voos mais altos, no futuro.

(Foto: footure.com.br)

Como joga… Bryan

Este irrequieto extremo espanhol será, porventura, um dos raros casos de um jogador que agradará simultaneamente a adeptos do “futebol espectáculo” e aos saudosistas de um futebol mais antigo, com funções e posicionamentos bem definidos para cada posição. O “habitat natural” de Bryan é o flanco esquerdo, espaço que conhece como poucos e que explora com enorme versatilidade. Um extremo “à antiga“, na medida em que abre bem na linha e parte dos limites do campo para criar desequilíbrios individuais, através de uma técnica claramente acima da média, que serve de base para os inúmeros recursos que possui no drible.

No entanto, não é só na esquerda que Bryan consegue acrescentar qualidade e valor à sua equipa. Pela diversidade de recursos ofensivos que possui, nomeadamente ao nível da visão de jogo e da sua capacidade associativa, é também frequente vê-lo trocar de flanco e partir da direita, espaço que lhe permite atacar o corredor central com outra acutilância. Ágil e com uma capacidade incomum de mudar de direcção a alta velocidade quando parte para o drible, sente-se também bastante confortável em espaços curtos, sobretudo devido à combinação especial de qualidade técnica e velocidade de execução que possui no pé esquerdo (quase sempre o pé utilizado para todas as acções).

Defensivamente abnegado, o seu empréstimo ao Eibar tem feito maravilhas à sua evolução no plano defensivo, às mãos de José Luis Mendilibar, treinador reconhecido pela competência na forma como organiza as suas equipas quando estas não têm a bola. Seja na esquerda ou na direita, é-lhe pedido que imprima verticalidade e velocidade na transição ofensiva, e que seja igualmente capaz de criar oportunidades de qualidade para finalização. Tudo aspectos em que Bryan se sente como “peixe na água“.

Faltar-lhe-á ainda ganhar outro tipo de preponderância no último terço, zona onde demonstra grande potencial, quer para a criação, quer para a própria finalização, nas ocasiões em que consegue surgir na área adversária. É possível que uma maior utilização no corredor direito ou até no corredor central levem Bryan a aprimorar aspectos como a sua tomada de decisão ou a capacidade dele próprio visar a baliza, uma vez que também possui um remate preciso na sua “canhota”.

Questões que certamente serão melhoradas com a maturidade e o tempo de jogo que agora começa a adquirir na sua carreira, e que possivelmente poderão crescer em Sevilha já na próxima temporada, uma vez que tanto Monchi como Julen Lopetegui estarão, certamente, muito atentos à evolução de um dos maiores talentos a sair da formação do clube andaluz, nos últimos anos.

Com apenas 20 anos, Bryan Gil é já um talento estabelecido na La Liga, com uma larga margem de progressão. Caso nada de anormal suceda e a sua evolução continue dentro da normalidade, este será um nome que os adeptos do futebol espanhol e europeu voltarão a ouvir muitas vezes, ao longo dos próximos anos.


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