La Liga Scouting #24 – “Pedri” González (FC Barcelona)

Bruno DiasFevereiro 14, 20215min0

La Liga Scouting #24 – “Pedri” González (FC Barcelona)

Bruno DiasFevereiro 14, 20215min0
A 24ª edição do "La Liga Scouting" coloca os holofotes num dos mais recentes e entusiasmantes "mágicos" do futebol espanhol.

Numa temporada de constante tumulto para o FC Barcelona, pelo ambiente de crispação que se vive no seio do clube – exponenciado pelos resultados negativos -, vai surgindo um foco de esperança para os adeptos “blaugrana“: a juventude. Com um plantel recheado de jovens muito talentosos, os comandados de Ronald Koeman vão dando provas de que, mesmo que o contexto actual não seja de todo favorável, há motivos razoáveis para que um futuro bem mais risonho seja uma realidade plausível.

Dentre todos esses jovens, há claramente um que se tem destacado na temporada 2020/21 da “La Liga“. Pedro González López, mais conhecido no mundo do futebol como “Pedri“, é uma autêntica pérola do clube catalão e do futebol espanhol, e a sua afirmação no meio-campo ofensivo da equipa tem sido peremptória.

Com apenas 18 anos, o menino nascido e criado nas Canárias começou a chamar a atenção do mundo futebolístico no Las Palmas, clube onde realizou a sua estreia enquanto profissional, aos 16 anos. De forma meteórica, levou apenas alguns meses a “pegar de estaca” no 11 inicial e a controlar os destinos da equipa em muitas partidas. Tal ascensão não escapou ao olhar dos grandes clubes espanhóis, e em Setembro de 2019 o Barça apressou-se a assegurar os serviços do jogador para os próximos anos, num negócio que rondou os 5M€ e que permitiu ainda a Pedri terminar a temporada no clube do arquipélago espanhol, rumando apenas a Camp Nou no final da temporada 2019/20.

Aí chegado, o plano passaria provavelmente por um empréstimo do jogador, de forma a poder obter mais minutos numa zona do terreno para a qual o Barça conta com Antoine Griezmann, Philippe Coutinho ou um tal de Lionel Messi. No entanto, o jovem “trocou as voltas” a Koeman, demonstrando todo o seu talento na pré-época e convencendo o holandês a encontrar-lhe espaço nas suas opções. Uma decisão que, percebe-se agora, foi altamente benéfica para todas as partes.

(Foto: marca.com)

Como joga… Pedri

Durante anos e anos, o FC Barcelona procurou incessantemente os “herdeiros” de Xavi Hernández e Andrés Iniesta, dois terços daquele que é, discutivelmente, o melhor trio de médios que o futebol alguma vez viu (juntamente com Sergio Busquets, que ainda joga pelos catalães). E se, para Xavi, a procura ainda se mantém, a verdade é que Pedri pode muito bem ser aquele que os catalães tanto procuraram para suceder a “Don Andrés”.

Pedri tem o charme e a classe do “10” antigo, à qual junta a dinâmica e alta rotação do futebol “moderno”. Idealmente jogando a partir do corredor central, nas costas dos avançados, a “casa” do jovem é, porém, toda e qualquer zona do terreno que lhe permita associar-se com os colegas e colocar a bola a circular, e isso dá a Koeman a possibilidade de também o utilizar a partir de uma das alas. Tal como Iniesta, também Pedri tem a rara capacidade de atrair a pressão adversária e dela sair como se nenhum oponente o importunasse, com uma leveza própria dos mágicos, dos criativos, de quem acredita piamente não estar a fazer nada de complicado ou complexo. Uma característica especial, de extremo valor e que encanta todos os que a isto assistem, sobretudo num clube tão familiarizado com o valor da posse de bola e da importância de a tratar bem para atingir o sucesso.

Especial é, também, a sua relação em campo com Messi, o que não é de estranhar tendo em conta o perfil deste jovem talentoso. Esta temporada já proporcionou alguns momentos deliciosos, cortesia dessa “sociedade” com o astro argentino. A capacidade de resistência à pressão anormal de ambos os jogadores, combinada com um drible curto de excelência e um primor técnico de topo, fazem com que Pedri tenha caído nas boas graças do capitão, que beneficia imenso da sua presença no último terço para desenrolar o carrossel de passes e tabelas a que se habituou em tempos passados.

É também evidente que, até pela sua tenra idade e apesar de um início muito promissor, o espanhol tem ainda um longo caminho a percorrer até ao topo do futebol mundial. A espaços, a inconsistência natural da juventude vem ao de cima, e Pedri ainda não oferece a garantia de poder “guardar a bola no cofre” em todas as suas acções. Também não é ainda um jogador claramente ligado à baliza adversária, apesar de demonstrar uma apetência sobrenatural para o último passe, focando-se regularmente em procurar sempre a opção de passe mais arrojada, mas também com a maior possibilidade de benefício. O equilíbrio saudável e o aprimorar da tomada de decisão chegarão com a experiência, como é natural em qualquer evolução.

Aos 18 anos, Pedri é já um nome bem reconhecido do futebol espanhol, estando já até na corrida para uma chamada à selecção A espanhola. Um mágico com talento a emanar por todos os poros, e que promete colorir o futebol mundial da próxima década.


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