La Liga Scouting #18 – Óscar Rodríguez (Real Madrid)

Bruno DiasAgosto 28, 20205min0

La Liga Scouting #18 – Óscar Rodríguez (Real Madrid)

Bruno DiasAgosto 28, 20205min0
A edição #18 do "La Liga Scouting" traz-nos um médio entusiasmante, que acaba de realizar uma temporada extremamente interessante em Leganés. Os holofotes viram-se hoje para... Óscar Rodríguez.

Foi numa das equipas despromovidas da “La Liga” em 2019/20 que encontramos uma das maiores revelações da temporada no futebol espanhol. Não foi certamente pelo rendimento de Óscar Rodríguez que o Leganés acabou por descer de divisão. O médio-ofensivo do conjunto treinado pelo mexicano Javier Aguirre “carregou” autenticamente a equipa durante vários períodos da época, e o seu rendimento claramente acima da média (9 golos em 30 jogos) merecia outro tipo de sucesso colectivo.

Emprestado pelo Real Madrid em 2018 (um empréstimo de duas temporadas, estratégia que tem sido utilizada pelo clube em vários casos), Óscar fez toda a sua formação nos “merengues” e é, inegavelmente, um dos maiores talentos da sua geração. A sua primeira temporada, tendo sido de adaptação a um contexto competitivo bem superior àquele que o jogador estava habituado, não foi de todo negativa, tendo contribuído com 4 golos e 4 assistências em 31 jornadas do campeonato.

Já a segunda época – que agora findou – em Leganés foi de tal forma impactante que despertou o interesse de inúmeros emblemas europeus, entre os quais se destacam clubes de grande renome como o AC Milan ou a Lazio. Dada a tremenda colecção de talento que o Real Madrid acumula no seu meio-campo, o espaço para o médio espanhol, de 22 anos, encontra-se muito reduzido, e há rumores de que o actual campeão espanhol está a pedir cerca de 20M€ pelo jogador.

Valores que parecem muito adequados face ao rendimento já demonstrado pelo jogador e, sobretudo, face à grande margem de progressão que apresenta.

 

Como joga… Óscar

(Foto: mediotiempo.com)

Seja como “10” declarado ou jogando como interior mais ofensivo num trio de meio-campo, Óscar apresenta o seu melhor futebol no meio-campo adversário, preferencialmente em campo aberto. O seu estilo destemido, vertical e sempre no limite do risco é um catalisador para os seus companheiros e tem um efeito positivo na atitude da equipa. Adaptando esta descrição ao contexto português, é possível encontrar muitas semelhanças entre o perfil de Óscar e o perfil de um velho conhecido do nosso futebol: Bruno Fernandes.

Muito forte na condução, quebra linhas e cria ataques através do drible. Possui uma capacidade de progressão assinalável, funcionando frequentemente como um agitador e partindo o jogo com facilidade, levando-o para uma “batalha” de transições onde ele se encontra como “peixe dentro de água”. Com números bem interessantes na última edição da “La Liga” (9 golos em 30 jogos, tal como referido acima), chega com qualidade à área adversária e é uma ameaça constante no último terço. Tem recursos variados na finalização, algo que indicia a possibilidade de poder ainda melhorar o seu registo goleador, desde que envolvido num contexto colectivo de valor mais elevado e que maximize as suas qualidades.

A sua meia-distância é também uma arma de qualidade, e vários dos “highlights” da carreira de Óscar derivam de remates espectaculares e golos de fazer “levantar o estádio”. Primeiro toque de muita qualidade. Recebe regularmente de forma orientada, permitindo-lhe bater o adversário directo com frequência e criando espaço para arrancar em drible rumo à baliza contrária.

Outro dos seus “bónus” são as bolas paradas. Óscar é um autêntico especialista e, apesar de ainda não ter números particularmente impressionantes ao nível das assistências, a precisão do seu pé direito poderá dar-lhe aqui uma óptima margem de crescimento e um aumento significativo à sua capacidade de decidir partidas e garantir vitórias.

Intenso e agressivo sobre a bola, parece que está sempre “ligado à corrente”. Aguerrido, não vira a cara às tarefas defensivas e pressiona com intenção, sendo muitas vezes o primeiro defesa e correndo quilómetros, demonstrando uma abnegação aparentemente inegociável para a equipa. É ainda pouco capaz pelo ar, embora esse não seja um requisito essencial para o seu jogo.

Aquilo que poderá diferenciar Óscar a um nível europeu, no futuro, é a forma como, para além deste estilo vertical e de constante ameaça à baliza adversária, consegue também ter momentos de altíssimo nível em situações desfavoráveis com bola. Guarda a bola com eficácia em espaços curtos, através de um leque de recursos diversificados no drible. A combinação de estilos transforma-o definitivamente num médio de um perfil raro no futebol actual, e aumenta em muito o seu valor e a sua capacidade de ter sucesso em contextos distintos.

 

Em 2020/21, é possível que o futuro de Óscar Rodríguez não passe pela “La Liga”, pois a lista de clubes interessados é de facto extensa. No entanto, quer seja em Espanha ou em qualquer outro campeonato, confiar em Óscar para voltar a impressionar pela positiva e fazer a diferença na sua equipa é uma aposta mais do que segura.


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