LaLiga Legends #4 – Xavi Hernández (FC Barcelona)

Bruno DiasOutubro 16, 20225min0

LaLiga Legends #4 – Xavi Hernández (FC Barcelona)

Bruno DiasOutubro 16, 20225min0
Quarta edição do LaLiga Legends, que alterna novamente de Madrid para Barcelona. E a lenda de hoje continua a brilhar no futebol espanhol.

O passar do tempo no futebol traz-nos curiosidades inusitadas. A quarta edição desta rúbrica relembra uma lenda da LaLiga que, agora, volta a protagonizar a mesma a partir dos bancos. E há que dizê-lo: que grande carreira terá Xavi Hernández enquanto treinador, se conseguir aproximar-se daquilo que foi a sua presença enquanto jogador nos relvados espanhóis.

Catalão de nascença, viveu toda a sua infância em Barcelona e chega a “La Masía” – a famosa academia catalã – aos 11 anos. O seu talento cedo foi reconhecido pelos técnicos dos jovens escalões “blaugrana“, e a sua progressão ao longo dos mesmos foi acompanhada com alguma expectativa. Assume preponderância a nível sénior pela primeira vez quando ajuda a equipa B a subir de divisão em 1997/98 e, na temporada seguinte, é lançado na equipa principal por Louis Van Gaal.

Com a maturidade que sempre lhe foi característica, Xavi impôs-se rapidamente e terminou a época de estreia com 26 jogos efectuados. Daria, de resto, continuidade a este bom início na temporada seguinte, sobretudo a partir da lesão do então colega Pep Guardiola, que mais tarde haveria de ser seu treinador (já lá vamos…).

Em 2005, entrava no lote de capitães do clube, numa altura em que o seu nome já era consensual dentro do futebol espanhol. Mas seria após a chegada de Guardiola ao comando da equipa que Xavi ganharia toda uma outra dimensão, fazendo parte de um conjunto histórico e que ditava a forma como se jogava ao mais alto nível. O reconhecimento individual apareceu naturalmente, e o médio haveria de ser nomeado como 3º melhor jogador do mundo em 2009, 2010 e 2011, anos em que também conquistou a distinção de melhor médio da LaLiga.

No total, foram 767 jogos pelo FC Barcelona entre 1998 e 2015, num percurso fabuloso e que deixou uma pesada herança mas também um poderoso exemplo para os jovens da formação que ainda hoje procuram seguir as suas pisadas. Afinal, Xavi simboliza o futebol que encantou Barcelona em tempos recentes.

Não foi só pelo seu Barça que Xavi chegou ao topo do futebol, de resto. Também com a selecção espanhola conquistou tudo o que poderia conquistar, sendo peça fundamental da dinastia espanhola que dominou o futebol de selecções entre 2008 e 2012, vencendo dois Europeus e um Mundial de forma consecutiva.

Uma carreira recheada de títulos e decorada por uma classe inimitável.

(Foto: fcbarcelona.com)

O futebol de… Xavi

O mestre do tempo.

Se existisse um só jogador, na história do futebol mundial, a quem esta expressão tivesse de ser atribuída, esse jogador seria Xavi Hernández.

O médio espanhol transformou-se, ao longo da sua carreira, num jogador capaz de gerir o ritmo a que se jogava como nenhum outro. É verdade que o contexto futebolístico também o ajudou nessa evolução, nomeadamente a partir de 2008, ano em que o Barcelona de Pep Guardiola começa a dominar o panorama mundial com o célebre “tiki-taka“, a filosofia de jogo assente no “jogo de posição”, da qual Xavi foi um dos principais símbolos e protagonistas.

Juntamente com Sergio Busquets e Andrés Iniesta, formou possivelmente o melhor trio de médios que o futebol alguma vez conheceu. Busquets era o “6“, o pivot, o pêndulo da estrutura. Iniesta era o mágico, o criativo, o génio dos espaços curtos e dos desequilíbrios tão subtis quanto eficazes.

Xavi estava no meio. E, como tanta vez ouvimos em jeito de ditado popular, no meio estava a virtude. Xavi geria, organizava, comandava e orientava o jogo da forma que entendia melhor aproximar a equipa da vitória. Sempre de cabeça levantada, antecipava o rumo dos acontecimentos antes de qualquer outro e adaptava-se em função do que o jogo lhe pedia.

Com recursos quase infinitos do ponto de vista técnico, guardava a bola com mestria até nas situações mais improváveis, resistia à pressão com naturalidade e manietava a equipa adversária com passes disruptivos e que quebravam até a mais aprimorada defesa. Não era certamente o jogador mais atlético dentro das quatro linhas, mas a forma como isso não limitava o seu jogo, como gostava de ter a bola no pé e como incentivava os seus colegas a seguirem o seu exemplo redefiniu e revolucionou a sua posição, levando a que muitas equipas apostassem em jogadores de características semelhantes nos anos que se seguiram.

Um líder por natureza, Xavi sobressaía ainda nos momentos em que a equipa mais precisava de si, brilhando nos jogos de maior importância e dificuldade e assumindo um papel decisivo no último terço em muitos deles. Não tanto pelos golos que marcava (apenas 58 ao serviço dos “culés“), mas pelos passes para golo com que fornecia os seus companheiros. À data do seu último jogo em Camp Nou, o médio era o segundo jogador com mais assistências na história da LaLiga (126), apenas atrás do seu colega de longa data Lionel Messi.

Um visionário.

Com uma longa e ilustre carreira, onde venceu praticamente tudo o que poderia vencer tanto pelo Barcelona como pela selecção espanhola, Xavi Hernández marcou uma era no miolo do futebol espanhol e mundial, sendo o percursor de um perfil que ainda hoje inspira milhares de médios por todo o globo. É, por inteiro direito, uma lenda da LaLiga enquanto jogador, e veremos agora qual o caminho que trilhará enquanto treinador na competição.


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