La Liga: Granada, o orgulho da Andaluzia

Bruno DiasNovembro 5, 20206min0

La Liga: Granada, o orgulho da Andaluzia

Bruno DiasNovembro 5, 20206min0
É na Andaluzia que se encontra uma das mais interessantes equipas da "La Liga". O estilo não recolhe uma legião de fãs, mas os resultados têm superado até as expectativas mais animadoras. Eis o Granada de Diego Martínez.

Comecemos… por outra formação que não a deste artigo. Em Fevereiro deste ano, falei por aqui do Getafe de José Bordalás que, com o seu estilo aguerrido, combativo e intenso, tem subjugado adversários tanto a nível nacional como a nível europeu, de uma forma futebolística que nem sempre é apelativa, mas que é sem dúvida alguma eficaz.

8 meses depois, replicando de certa forma essa mesma filosofia, uma outra equipa continua a dar cartas na “La Liga“. Com os portugueses Rui Silva, Domingos Duarte e Andorinha no seu plantel, o Granada assenta todo o seu sucesso em ideias claras e bem definidas: solidez defensiva e pragmatismo ofensivo. Foram estes pressupostos que, transmitidos por Diego Martínez – o jovem técnico de apenas 39 anos que tem feito um trabalho sublime ao comando dos “rojiblancos” -, conduziram o Granada a uma fantástica e inédita qualificação europeia, terminando a época 2019/20 no lugar, com 56 pontos conquistados.

Uma prestação que coloca, para esta nova temporada, muitos holofotes em cima do clube, no sentido de compreender se esta terá sido uma época de excepção ou se, pelo contrário, este Granada chegou para ficar junto de equipas como a Real Sociedad, o Villarreal, o Valencia ou o próprio Getafe, na luta pelos lugares europeus.

 

A equipa

Assente num 4x2x3x1 (mas já também com experiências prévias em 5x3x2 ou 4x4x2), o Granada é uma equipa altamente adaptativa ao adversário que defronta. A base está na segurança e estabilidade defensiva, como já referido, mas a forma como defendem e, consequentemente, como saem para atacar, depende quase sempre da equipa que se encontra do outro lado do campo.

Muita desta segurança assenta no português Rui Silva, guarda-redes de 26 anos que se tem assumido cada vez mais como um pilar decisivo na baliza e que já contribuiu directamente para a conquista de vários pontos e resultados positivos. Há quase 4 anos no clube (proveniente do Nacional da Madeira), a sua evolução tem sido exponencial e notória, e as suas magníficas prestações no futebol espanhol levaram-no inclusive à sua primeira chamada à selecção nacional (apesar de ainda não se ter estreado).

Na defesa, outro português é motivo de destaque. Contratado por apenas 3M€ ao Sporting no início da temporada passada, Domingos Duarte cedo se impôs na equipa como um autêntico “patrão” da linha defensiva. Enquadrado num contexto , o central de 25 anos comanda os restantes colegas, domina no ar, é forte nos duelos individuais, tem atributos com a bola nos pés e demonstra ainda uma apetência muito interessante para marcar na área contrária, em lances de bola parada. Normalmente acompanhado por Jesús Vallejo (nesta temporada), o experiente Germán Sánchez e Carlos Neva na defesa, são eles o grande “segredo” de uma base defensiva que garante êxitos para o clube.

Já no miolo, jogadores como Maxime Gonalons, Luis Milla ou Yangel Herrera assumem preponderância, sobretudo num papel de maior equilíbrio para a formação. Embora a flexibilidade de sistemas exista, a génese deste Granada raramente se altera, e tanto o quarteto defensivo como o duplo-pivot à frente da defesa têm como função primordial garantir que a coesão colectiva e a defesa da baliza são factores imutáveis para o jogo praticado.

É precisamente esta “base” que permite depois alguma liberdade ofensiva aos 4 jogadores mais adiantados da equipa. Os veteraníssimos Jorge Molina e Roberto Soldado são as referências mais fixas no ataque, e a estes juntam-se Darwin Machís, Antonio Puertas e Kenedy a partir das alas, todos eles com um futebol bastante vertical e objectivo, no sentido de aproveitar todos os erros cometidos pelo adversário para fazer o golo. E há ainda…

 

A figura: Luis Suárez

Parecerá estranho indicar como figura deste colectivo um jogador que chegou esta temporada ao plantel e que ainda não se conseguiu impor no 11 titular da equipa de Diego Martínez. No Granada, para todos os efeitos, é de facto um jogador que ainda não provou nada. Mas a verdade é que Luis Suárez vem de uma temporada em que demonstrou um potencial massivo na 2ª Liga Espanhola, com 19 golos apontados em 38 jogos e um peso muito elevado no ataque do Saragoça, e estes são predicados que podem fazer do colombiano um elemento diferenciador para o clube da Andaluzia.

Aos 22 anos, Suárez é um avançado altamente completo e capaz de percorrer toda a frente de ataque com grande sucesso. Muito móvel, pujante e aguerrido, não dá um único lance por perdido, o que torna num autêntico “terror” para as defensivas contrárias. Os seus recursos técnicos, aliados a esta atitude competitiva e a uma capacidade atlética acima da média (1,85m de altura e uma velocidade e agilidade assinaláveis), fazem com que seja o ideal sucessor de Molina e Soldado na frente de ataque, podendo ajudar o colectivo a crescer em momentos como a reacção à perda da bola ou a capacidade de pressão em linhas mais altas do terreno.

(Foto: colombia.com)

A tendência será a de agarrar um lugar no 11, seja na frente de ataque ou partindo de uma das alas como um avançado móvel e com maior liberdade de movimentos. E o momento em que isso acontecer poderá ser decisivo para o sucesso do Granada nesta “La Liga” 2020/21. A sua facilidade de remate e o vasto leque de recursos apresentados na finalização – muitas vezes pouco ortodoxos – fazem com que a comparação com o seu homónimo uruguaio (Luis Suárez, ex-avançado do FC Barcelona e actual avançado do Atlético Madrid) não seja de todo descabida. E que belo exemplo seria esse para o colombiano.


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