Emprestados de Sporting CP, SL Benfica e FC Porto: qual o veredicto? pt.3

Ricardo LopesAbril 19, 20236min0

Emprestados de Sporting CP, SL Benfica e FC Porto: qual o veredicto? pt.3

Ricardo LopesAbril 19, 20236min0
Olhamos para quem pode voltar a "casa" e singrar, ou sair em definitivo, nesta lista de emprestados de Sporting CP, SL Benfica e FC Porto

Na segunda parte deste artigo analisámos alguns motivos pelo qual uma entidade empresta um atleta, além de avaliarmos a situação do FC Porto, e agora passamos para o SL Benfica para ver como está a situação dos emprestados das águias.

Caso do Benfica

O SL Benfica possui uma lista bem maior do que as dos rivais. Com a contratação de um treinador novo e a mudança de projeto, é natural que alguns jogadores deixassem de contar e era extremamente complicado conseguir uma mudança em definitivo para todos os elementos. É também o caso mais fácil de se entender quem irá contar e quem entrou na “roda dos empréstimos” até sair em definitivo.

Tiago Gouveia foi o jogador que aproveitou melhor o seu empréstimo, sendo 99% certo que irá fazer parte do plantel principal. Mostrou alto nível o seu empréstimo ao Estoril, onde esteve com um treinador que já o conhecia (Nélson Veríssimo), para se tornar um dos destaques da temporada, fora dos Três Grandes, principalmente numa primeira fase, onde o coletivo estava a funcionar muito bem. A falta de extremos puros no Benfica leva a que o mesmo passe a ser presença obrigatória, além de oferecer a Schmidt outras caraterísticas.

Paulo Bernardo entrou com grande qualidade na equipa do Paços de Ferreira. Após ter estado presente na Luz na primeira metade da época, houve a perceção que o atleta necessitava de minutos na Primeira Liga para poder crescer e o destino foi bem escolhido, pois a maioria do jogo do Paços de Ferreira passa por Paulo Bernardo. O médio é aposta do Benfica para o futuro, pois tem contrato até 2027. A sua presença na pré-temporada deve estar garantida, porém não é de descartar um empréstimo a uma equipa que não lute pela manutenção.

Num patamar diferente estão Sandro Cruz e Tomás Araújo. Os jogadores estão cedidos equipas a fazer temporadas estáveis, porém ainda são curtos para fazer parte do plantel e quiçá da pré-temporada. Tomás Araújo ganhou algum protagonismo com a chegada de Daniel Sousa ao comando técnico do Gil Vicente, porém a concorrência na posição no Benfica é muito forte e com dois titulares absolutos.

Manter-se por Barcelos mais um ano poderia ser uma bela ideia, para as três partes. Já Sandro Cruz até poderia integrar o plantel do Benfica, porém Grimaldo irá sair e o Benfica necessita de um titular absoluto para a posição. Sandro Cruz não tem o nível necessário para tal neste momento e a ser suplente irá crescer pouco, alem da existência de Ristic para esse lugar, o que levaria a Sandro Cruz possivelmente a ser relegado para a equipa B. Procurar uma nova cedência a uma equipa de um patamar médio (Estoril, por exemplo), seria uma boa opção. Rafael Brito deveria seguir o mesmo caminho.

Henrique Araújo é um dos elementos que dão mais esperança aos adeptos benfiquistas, porém o local da cedência em 2022/23 foi totalmente errado, somando poucos minutos no Watford, apesar do começo promissor. Fará sentido um novo empréstimo para a próxima temporada, porém deverá ser feito mais perto de casa, no campeonato português. Com a saída de Gonçalo Ramos o mesmo poderia ter espaço, mas é óbvio que o Benfica irá investir em alguém, no caso da saída do avançado português e Petar Musa continuará a ser o número dois do ataque.

Meité, Gabriel e Seferovic estão num patamar semelhante: foram emprestados porque além de não contarem, têm um peso muito grande no orçamento salarial. Destes três, o elemento com mais destaque tem sido Seferovic, que ganhou uma nova vida com Carlos Carvalhal (na primeira metade da temporada esteve no Galatasaray) e que deverá ficar pelos Balaídos em definitivo. Gabriel estará presente no Botafogo no recomeço do Brasileirão, podendo apresentar-se como um dos destaques da equipa, possibilitando a que John Textor invista no jogador. Meité é o caso mais bicudo. Conta com um contrato até 2026 e não está a ser a maior das estrelas na Cremonese, que coletivamente não faz bom campeonato. Pode entrar na “roda dos empréstimos”, porque para Schmidt dificilmente contará.

Tiago Dantas e Weigl foram um sucesso nos seus empréstimos e deverão manter-se nos clubes em definitivo, com PAOK e Monchengladbach e encherem os cofres do Benfica. Já João Victor poderá ser integrado no plantel do Benfica pois possui qualidade para tal. O empréstimo foi com um claro objetivo de adaptação à Europa, além de somar minutos, já que a dupla António Silva-Otamendi esteve bastante sólida e levou a que João Victor estivesse parado (além da lesão sofrida).

Tiago Gouveia e João Victor deverão fazer parte do plantel principal do Benfica em 2023/24, porém existem outras alternativas que terão obrigatoriamente lugar em caso de crescimento, como Paulo Bernardo ou Tomás Araújo, evitando uma ida ao mercado em anos futuros. Fica também claro que o Benfica mostrou mais inteligência que os rivais onde colocar os jogadores, nomeadamente os que tinham que somar minutos para evoluir, principalmente no campeonato português.

Henrique Araújo foi um tiro ao lado, porém percebeu-se a intenção. Mesmo os atletas que nunca vão contar para Schmidt somaram algum tempo de jogo, que os valorizou (Seferovic e Gabriel). O grande problema será a colocação de Meité, que ganha um ordenado que impossibilita estar parado um ano, além de Seferovic e Gabriel, no caso da existência de algum problema que impeça a sua contratação por parte do clube onde estão no momento, deverão ser cedidos novamente, já que têm ordenados de plantel principal, o que não é saudável para um clube (casos de Loum ou Rafael Camacho, por exemplo).

Nesta temática, o Benfica aparenta ter vencido os seus rivais, ainda que os mesmos tenham alguns ativos para aproveitar. Porém os três continuam unidos no mau: há elementos que irão regressar e terão que arranjar novamente colocação, resta saber quem será mais inteligente. A temática dos empréstimos é algo que terá que ser estudado com mais profundidade e planeado de uma maneira mais tranquila e estudada, já que a mesma tem cada vez mais condicionamentos.


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