Eddie Howe e o Incrível Bournemouth
Quando falamos de treinadores ingleses, não são muitos os nomes que nos vêm à cabeça. Talvez Gareth Southgate seja o nome mais falado, depois da bela campanha feita pela seleção dos três leões no mundial da Rússia. Mas a nível clubístico, os técnicos de topo são escassos, e a maioria possui já uma reputação negativa e apresenta algumas ideias ultrapassadas, como são os casos de Roy Hodgson ou Sam Allardyce. Na moda está o treinador do Bournemouth, o jovem Eddie Howe, responsável pelo bom futebol dos Cherries.
Desde a estreia na Premier League, corria a época de 15/16, o Bournemouth consegui um 16º lugar na primeira experiência entre os grandes, sendo que nas ultimas duas épocas conseguiu um 9º e um 12º na época transata, sendo de elevar as épocas tranquilas e estáveis dos Cherries, mesmo tendo constantemente dos planteis menos valiosos da Premier League. Esta regularidade impressionante tem de ter algum fundo, sendo o jovem técnico Eddie Howe, um dos, senão o principal responsável pelo sucesso do modesto clube do sul de Inglaterra, que conta apenas com o o 14º plantel mais valioso da competição, muito devido à subida de cotação de nomes como Nathan Aké e Callum Wilson e Lewis Cook.
A que se deve o sucesso deste Bournemouth de Howe? O técnico inglês é especialista em analisar as fragilidades dos oponentes, e a adaptabilidade de alguns jogadores permite aos Cherries jogar em mais que uma tática, sendo o 4-4-2 claramente o exlibris da formação sulista, mas podendo facilmente passar a alinhar com 3 centrais. Mas o que diferencia o Bournemouth dos outros candidatos à descida?
Na baliza, os Cherries contam com um dos mais subvalorizados e menos falados guarda redes do campeonato, Asmir Begovic, sendo o internacional bósnio dotado de enormes reflexos e agilidade impressionante para um homem com mais de 2 metros. A juntar a isso, conta com um interessante à vontade com a bola nos pés, permitindo aos seus centrais estarem confortáveis quando é necessário atrasar.
Na defesa, há um contraste de experiência com juventude. Simon Francis continua a ser o dono da lateral direita, com 15 partidas já realizadas na Premier League, parecendo não acusar os 33 anos de idade. No eixo, a dupla Steve Cook e Nathan Aké atravessa provavelmente a melhor fase, complementado-se quase na perfeição e sendo muito fortes na construção, aliando essa qualidade a uma velocidade interessante que permite muitas vezes jogar com a defesa subida. Na esquerda, o outro experiente do setor Charlie Daniels não tem dado hipóteses ao reforço espanhol Diego Rico, que chegou cotado vindo de boas prestações pelo Leganés.
No meio campo, é habitual ver um duplo pivot na equipa de Howe, com um médio mais defensivo, e outro com alguma liberdade. Na posição 6 o dono do lugar tem sido o reforço colombiano Jeferson Lerma, que tem a responsabilidade de justificar os 30 milhões de euros gastos na sua contratação, sendo que a sua força e disponibilidade física são características muito apreciadas em terras britânicas. Ao seu lado têm alternado Andrew Surman e o jovem Lewis Cook, sendo que o segundo é uma das grandes esperanças da nova geração inglesa, sendo a sua visão de jogo e qualidade de passe, aliada à sua capacidade de liderança invulgar para um jovem de 21 anos, ele que é comparado a Frank Lampard.
Nas alas o destaque tem sido o velocista escocês Ryan Fraser, que conta com 4 golos e 7 assistências em 17 jogos na Premier League, sendo que do outro lado (o direito), não é fácil apontar um titular indiscutível, com David Brooks a partir na dianteira, com 3 tentos em 15 jogos, mas não podendo adormecer perante a concorrência de Junior Stanislas que também leva 11 partidas, e do ex-Liverpool Jordon Ibe que parece estar a ganhar confiança.
Na frente mora o principal destaque destes Cherries na presente época, o ponta de lança Callum Wilson. O grande momento de forma do avançado de 26 anos já lhe valeu 8 golos e 6 assistências em 16 partidas, e a estreia pela seleção principal inglesa no mês de Novembro. O parceiro tem variado, sendo o norueguês Josh King o complemento predileto, mas com aparições interessantes de Lys Mousset e de Brooks, que é na realidade um segundo avançado/médio ofensivo de origem, mas tem sido mais utilizado na ala direita. Quem parece ter perdido o comboio é o veterano Defoe, que soma apenas 21 minutos na Premier League esta época, distribuídos por 4 jogos.
Um 4-4-2 dinâmico e muito forte taticamente, com avançados muito fortes na primeira zona de pressão, extremos com talento individual mas com capacidade de trabalho em prol da equipa, médios ofensiva e defensivamente fortes e uma defesa coesa, experiente, talentosa e que concede poucos golos, são os segredos deste relógio tático que é a equipa do Bournemouth, uma equipa que mantém um equilíbrio quase irreal em termos de golos marcados e golos sofridos, sendo que os Cherries são aquela equipa ambígua que gosta de fazer a vida negra aos candidatos ao título e superiorizar-se aos concorrentes diretos, ocupando neste momento um belíssimo 8º lugar a apenas 3 pontos do sexto e a 1 da zona europeia, sendo que muitos dos jogadores do Bournemouth fizeram parte do processo de subida com a equipa, sendo Eddie Howe o responsável pela ascensão de nomes como Wilson, Fraser ou Steve Cook.