Da América do Sul para a MLS- O novo paradigma do futebol americano?

Diogo MatosSetembro 30, 20184min0

Da América do Sul para a MLS- O novo paradigma do futebol americano?

Diogo MatosSetembro 30, 20184min0
De Josef Martínez a Mauro Manotas, são vários os sul-americanos que brilham na MLS. Qual o fenómeno que explica a crescente aposta dos clubes da Major League Soccer em atletas da América do Sul?

Se, até há uns anos, a Major League Soccer era vista como o exótico destino onde grandes estrelas europeias terminam a carreira auferindo de salários chorudos, a verdade é que esse paradigma tem-se vindo a alterar nas últimas temporadas. Fazendo-se uma análise aos jogadores que compõem os plantéis das equipas da MLS, é facilmente percetível que a aposta em jovens é cada vez mais uma constante e que, dentro desse parâmetro, há uma predisposição cada vez maior em se dar oportunidades a jogadores da América do Sul.

 

Tango e samba nos pés na procura do “sonho americano”

 

O fenómeno é recente, mas a explicação é relativamente simples. Na perspetiva do jogador, o projeto Major League Soccer é aliciante. Para além do facto de a competição estar em crescimento, a paixão dos adeptos e os estádios sempre bem compostos são condições sobre as quais todos os atletas gostam de trabalhar. A tudo isto é preciso acrescentar-se os salários elevados que grande parte dos clubes oferecem e a qualidade de vida de países como os Estados Unidos da América e o Canadá. Tendo em conta que grande parte destes jogadores foram criados em condições muito difíceis em países com condições baixas de vida, torna-se evidente que chegar à Major League Soccer acaba por ser quase um “paraíso” para esses mesmos atletas.

Diego Rossi tem sido uma das figuras do Los Angeles FC (Fonte: Angels on Parade)

Por outro lado, na visão dos clubes, apostar em jogadores sul-americanos é quase sempre um tiro certeiro. Sem se querer entrar em generalizações, a criatividade e irreverência que estes jogadores normalmente apresentam na sua forma de jogar vão de encontro às características da liga. O “espetáculo” que os jogadores produzem dentro de campo acaba por ter repercussões fora deste. Os adeptos sentem-se motivados a ir aos estádios e o processo acaba quase por se tornar uma “bola de neve” (adeptos motivados convencem jogadores a ingressar na MLS e jogadores a produzir bom futebol dentro do campo incentivam os adeptos a ir aos estádios). Para além disso, os emblemas da Major League Soccer sabem que podem ter retorno financeiro quando apostam em jogadores de 19/29/21 anos, isto na medida em que a probabilidade de serem vendidos a um clube europeu num futuro próximo é grande.

 

Casos de sucesso na Major League Soccer

Quem acompanha a MLS semana após semana sabe que a aposta em jovens sul-americanos tem dado frutos.

Começando a viagem pelo topo da Conferência Este, é impossível não se referir o caso dos Atlanta United. Equipa que disputou pela primeira vez a competição no ano passado, tem em jogadores sul-americanos cinco das suas maiores referências. Na defesa, Leandro González-Pírez (Argentina, 26 anos) forma com Michael Parkhurst uma das mais respeitáveis dupla de centrais da competição. Na frente de ataque, destaque para os argentinos Ezequiel Barco (19 anos) e Héctor Villalba (24 anos), para o paraguaio Miguel Almirón (24 anos) e para Josef Martínez, avançado venezuelano de 25 anos que soma 30 golos na presente edição da Major League Socer.

Ainda na Conferência Este é importante dar ênfase à época que Alejandro Romero Gamarra (Paraguai, 23 anos) vem realizando ao serviço dos New York Red Bulls, às exibições de Milton Valenzuela (Argentina, 20 anos) e de Artur (Brasil, 22 anos) pelos Columbus Crew e para as exibições de Yamil Asad e Luciano Acosta, ambos argentinos de 24 anos, que, juntamente com Wayne Rooney, têm sido os principais obreiros da recuperação dos DC United.

Os Atlanta United são uma das equipas que mais aposta em jogadores sul-americanos (Fonte: Dirty South Soccer)

Já na Conferência Oeste, é impossível não se falar de Carlos Gruezo (Equador, 23 anos), Pablo Aránguiz (Chile, 21 anos) e Santiago Mosquera (Colômbia, 23 anos) na equipa dos FC Dallas e de Diego Rossi (Uruguai, 20 anos) nos Los Angeles FC. Também Jefferson Savarino, extremo venezuelano de 21 anos dos Real Salt Lake tem estado em destaque, assim como Mauro Manotas (Colômbia, 23 anos) no conjunto dos Houston Dynamo.

Se a Major League Soccer só por isso já é uma competição que merece ser vista, fazer-se o acompanhamento de alguns destes jovens e perceber onde podem rumar é um aliciante muito grande para qualquer adepto de futebol.

Artigo escrito por Diogo Matos, administrador e fundador da página MLS Portugal.


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