Convocatória de Portugal pós-Euro: possíveis explicações para as opções

Francisco IsaacAgosto 27, 20218min0

Convocatória de Portugal pós-Euro: possíveis explicações para as opções

Francisco IsaacAgosto 27, 20218min0
6 novidades, 7 saídas em relação ao Euro 2020, estes são os principais destaques da convocatória de Fernando Santos para Portugal. Descobre tudo neste artigo

Fernando Santos entra naquela que será a sua última época como seleccionador Nacional de Portugal, e nesta primeira convocatória após o Campeonato da Europa 2020, surgiram algumas novidades na lista de 26 convocados. Entre estreias, retornos e novidades, os destaques maiores vão para a inclusão de Diogo Costa (guarda-redes do FC Porto), Gonçalo Inácio (defesa-central do Sporting CP), Otávio (médio do FC Porto), João Mário (médio do SL Benfica), Ricardo Pereira (lateral-direito do Leicester City), Domingos Duarte (central do Granada), sendo que Renato Sanches, Sérgio Oliveira, João Félix, William Carvalho, José Fonte, Nélson Semedo e Rui Silva ficaram de fora, por diversos motivos, depois de terem estado presentes no Euro 2020 ao serviço das Quinas.

Olhando para a convocatória, Fernando Santos opta por dar lugar a certos jogadores devido a ausências forçadas ou por necessidade de se iniciar o processo de renovação de Portugal, procurando soluções para determinadas posições (como por exemplo, quem fará parelha com Rúben Dias após a saída de Pepe?) e que nestes três encontros frente à República da Irlanda, Qatar e Azerbaijão terá um espaço interessante para começar a aferir a qualidade mental e técnica do futuro da selecção portuguesa.

Contudo, e após o anúncio realizado pelo responsável técnico máximo das Quinas, surgiram algumas críticas à convocatória e, nesse sentido, apresentamos um artigo em pergunta-resposta, de modo a conseguir encontrar lógica no elenco de Portugal para esta tripla de jogos em Setembro.

João Mário é convocado agora quando podia ter sido para o Europeu… porquê?

Renato Sanches, Sérgio Oliveira e William Carvalho. Nenhum destes estará presente para os jogos de Setembro, revelando-se um corte de quase 50% em relação ao grupo de médios que estiveram presentes no Campeonato da Europa passado, abrindo espaço para chamar algumas novidades e retornos, como Otávio ou João Mário. João Palhinha deverá agarrar o lugar de trinco (Danilo começou a titular no PSG, mas o médio do Sporting CP tem conquistado créditos desde o encontro frente à França) e Bruno Fernandes merecerá nova oportunidade para fazer sentir a sua influência no “miolo” de jogo, ficando a dúvida se João Moutinho manterá o seu lugar no 11, a exemplo do que aconteceu nos últimos dois encontros do Campeonato da Europa, podendo surgir espaço para Otávio ou João Mário aparecerem como condutores de jogo, dependendo do que Fernando Santos procura.

A ideia de que João Mário só voltou a ganhar lugar na selecção Nacional por causa da ida para o SL Benfica deverá ser recebida com algum descrédito, apesar da controvérsia gerada do porquê do médio não ter sido chamado para o Europeu após uma época de bom nível ao serviço do Sporting CP, tendo se revelado um jogador diferente e de outras obrigações em comparação com o que fez na sua 1ª passagem pelo clube de Alvalade. O somar das ausências de três jogadores que surgiram em mais de 95% das últimas 6 convocatórias de Fernando Santos e o facto de João Mário ter entrado em boa forma nesta época (jogos bem conseguidos até ao PSV Eindhoven, onde caiu qualitativamente) possibilitaram este retorno, apesar de estar em clara disputa pelo lugar com Otávio.

Se João Mário ou Otávio não fossem convocados, que jogadores poderiam surgir neste espaço? Matheus Nunes (entrou em grande na presente temporada), André Gomes (não tem jogado pelo Everton e está na porta de saída), Pizzi (os dias de maior fulgor e expressão ofensiva parecem já estar para lá do horizonte), Fransérgio ou Xeka poderiam ser opções, escasseando, curiosamente, nomes jovens em forma e a jogar normalmente – só Matheus Nunes é a excepção – pois nem Duarte Bragança, Vítor Ferreira, Vitinha, Romário Baró, Gedson Fernandes ou Florentino têm tido espaço para se mostrar.

Gonçalo Inácio é chamado para os AA’s mas não conta para os sub-21… demonstração de ignorância/teimosia de Rui Jorge?

Não olhando para o Europeu de sub-21, no qual Portugal chegou à final e perdeu frente à Alemanha por 1-0, é importante referir que Fernando Santos não deu espaço/oportunidade a Rui Jorge e avançou para Gonçalo Inácio, isto porque a selecção Nacional precisa de rapidamente cultivar o futuro parceiro de Rúben Dias ou, pelo menos, de garantir soluções para um lugar que, apesar da qualidade a nível de novos “diamantes”, carece de reais respostas imediatas. Diogo Leite é uma carta fora do baralho de Sérgio Conceição, Diogo Queirós está a contas com covid-19 (e tem jogado globalmente melhor pelos sub-21 do que no clube), Ferro parece ter atingido o seu máximo potencial, que está alguns níveis abaixo do exigido pelos AA, sendo Gonçalo Inácio, neste momento, o melhor central jovem de Portugal por várias e diversas razões, seja pela imposição física, rápido recolher do esférico, saída de bola controlada e de prima qualidade e uma cabeça cada vez mais lúcida na interpretação das dinâmicas de jogo.

Recuando até Rui Jorge e às escolhas do seleccionador Nacional dos sub-21, é perceptível que o próprio tenha optado por jogar com Diogo Leite e Diogo Queirós, uma dupla que jogou junta na formação do FC Porto e sub-20/21, não deixando de ser questionável o porquê de Gonçalo Inácio não ter sido chamado para estar no banco de suplentes durante o último Campeonato da Europa de sub-20 (não foi o único jogador a levantar questões com a convocatória).

De qualquer das formas, Fernando Santos ofereceu um justo prémio a um jogador que tem trabalhado a 100% desde a chegada de Rúben Amorim a Alvalade, carregado de um talento imenso e que pode ser perfeitamente o futuro central a operar junto de Rúben Dias no eixo defensivo de Portugal, sabendo de antemão que terá de lutar com Domingos Duarte pela internacionalização, isto caso não haja rodagem total frente ao Catar (amigável).

Ricardo Horta merecia estar no lugar de Gonçalo Guedes na convocatória… porquê sempre chamar os mesmos no ataque?

É uma questão legítima e de difícil resolução, sendo que existem alguns potenciais argumentos em defesa dos jogadores chamados para os três encontros de Setembro. Gonçalo Guedes começou bem esta época ao serviço do Valência CF, sendo o único nome com espaço de discussão ou de dúvida. Todavia, o facto do antigo extremo do SL Benfica ter feito dois jogos compactos pelos che na La Liga 2021/2022 significa que Ricardo Horta não merecia oportunidade? Não. Efectivamente, o polivalente extremo do SC Braga tem feito a sua quota parte para se mostrar no futebol português, com uma derivação de jogo de boa qualidade, um pé calibrado e que cria constantes dificuldades ao adversário, especialmente nos cruzamentos ou tabelamentos curtos, e pulsado por uma intensidade técnica-física apaixonante, isto apesar de cair de rendimento em certos períodos da temporada (responsabilidade individual ou colectiva?).

Por outro lado, Fernando Santos (que já estreou mais de 50 jogadores desde que assumiu as rédeas em 2014) pode estar à procura de sedimentar o ataque de Portugal, optando pela mesma lógica escolhas, com a base a ser Diogo Jota, Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo ou, se possível, Cristiano Ronaldo, Diogo Jota e André Silva, sem esquecer o surgimento de Pedro Gonçalves, que poderá surgir como uma interessante opção quer a partir do banco de suplentes ou no 11 titular – mas em que posição? E dentro do mesmo estilo de Rúben Amorim?

Não há dúvidas que um dos maiores problemas de Portugal no Euro 2020 foi a queda de rendimento e estabilidade do bloco defensivo, como também da inoperância do veículo ofensivo, que contra a Alemanha e Bélgica perdeu oportunidades claras de golo, sendo, por isso, as duas maiores preocupações neste momento para o staff técnico nacional.

Portugal entra em campo no dia 1 de Setembro pelas 19h45 a contar para o Campeonato do Mundo de 2022, seguindo-se o amigável com o Catar no dia 4 de Setembro (17h00) e, finalmente, fecha a janela internacional de Setembro frente ao Azerbaijão no dia 7 de Setembro (17h00), numa convocatória de diversas mudanças (7 saídas e 6 entradas) e que vai estar entre o presente e o futuro das Quinas.


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