Dorival Júnior: os altos e baixos do Técnico Campeão do Brasil
Na última semana Dorival Júnior conquistou a sua segunda Copa do Brasil, dessa vez no comando do Flamengo. O técnico brasileiro luta por um lugar de destaque no difícil cenário da profissão de treinadores no Brasil, cada vez mais dominado por estrangeiros, especialmente os portugueses embalados pelo sucesso de Abel Ferreira à frente do Palmeiras.
O começo da carreira
Dorival Júnior começou sua carreira como treinador no mesmo clube em que iniciou como jogador, quando ainda era chamado de Júnior, na Ferroviária de Araraquara. Dorival ensaiava seus primeiros passos na comissão técnica ao atuar como auxiliar técnico no Figueirense, quando surgiu a oportunidade de treinar o time principal da equipa de Araraquara.
Não foi um início dos sonhos, mas também não foi ruim. A Ferroviária lutava para escapar de um rebaixamento na Série A3 do Campeonato Paulista de 2002, e Dorival contribuiu pra isso. Em seguida, voltou ao Figueirense como gerente de futebol e finalmente assumiu o comando técnico da equipa catarinense e já conquistou o título estadual em sua primeira época.
Depois disso, teve passagens com maior ou menor sucesso em equipas como Fortaleza, Criciúma e Juventude, e em seguida treinou o Sport, onde conseguiu seu segundo título regional, o Pernambucano de 2006.
As tentativas de decolagem
Após o título, Dorival treinou outras equipas, entre elas o São Caetano, que chegou a eliminar o São Paulo numa seminifal de Campeonato Paulista. Após a perda do título na final contra o Santos, Dorival acertou com o Cruzeiro, a sua primeira chance de um voo rumo ao topo do futebol brasileiro. No Brasileirão de 2007, Dorival estava a comandar a Raposa, quando alguns resultados negativos na reta final do certame impediram a ascenção do jovem treinador.
Dorival teve uma passagem sem sucesso pelo Coritiba e foi a aposta do Vasco na Série B em 2009 para trazer o Gigante da Colina de volta à elite do futebol brasileiro. O retorno à Série A ocorreu com algumas jornadas de antecedência e o título veio logo depois. Mesmo assim, clube e técnico optaram por não renovar o contrato.
A grande conquista nacional
Quando Dorival se desligou do Vasco no final de 2009, o Santos renovava o seu elenco, a trazer das bases miúdos como Neymar e Paulo Henrique Ganso, que se juntariam a nomes já consagrados à época como Robinho e Arouca. Dorival Júnior foi o escolhido pela diretoria do Peixe para comendar a jovem malta.
A equipa foi um sucesso. Dorival comandou o Peixe na conquista do Campeonato Paulista de 2010. Mas ainda faltava um grande título nacional. E ele veio – o Santos foi campeão da Copa do Brasil no mesmo ano, e finalmente Dorival Júnior chegou ao topo.
No entanto, uma briga com o atacante Neymar acabou por derrubá-lo do cargo. O treinador proibiu Neymar de bater um penalti no clássico contra o Corinthians, o atacante o xingou e Dorival acabou por afastá-lo por insubordinação. A diretoria do Santos não gostou da atitude do técnico e o demitiu, reintegrando Neymar ao elenco santista.
Dorival então assumiu o Atlético Mineiro com a inglória tarefa de evitar a queda do Galo que estava a ocupar a zona do descenso por várias jornadas. E ele conseguiu não só a permanência na elite, como também obteve duas vitórias homéricas: uma contra o Flamengo e outra contra o arquirrival Cruzeiro, que reverteu uma série histórica de quinze jogos de invencibilidade contra o Galo. Chegou ao Inter de Porto Alegre em 2011, quando ganhou seu primeiro título internacional, a Recopa Sulamericana. No Colorado, também conquistou um Campeonato Gaúcho na mesma época.
A primeira passagem pelo Flamengo e a fama de “Salvador da Pátria”
Assumiu o Flamengo no ano de 2012 e teve uma passagem modesta, sem nenhum título ou marca histórica. Foi para o rival Vasco em seguida, mas a péssima campanha no Brasileirão levou-o à demissão com o Gigante da Colina no Z4 da tabela.
Entre picos e vales na carreira, Dorival viveu seu pior momento entre os anos de 2013 a 2015, quando ganhou a fama de “Salvador da Pátria” de equipas que estavam prestes ao rebaixamento e que conseguiram escapar da degola sob seu comando. Foi assim com o Fluminense, Palmeiras e Santos. Neste último, conseguiu se manter no cargo ao fim da época e iniciou o ano seguinte no comando do Peixe.
As conquistas voltaram. No Alvinegro da Vila, Dorival ganhou um Paulistão e foi vice campeão na Copa do Brasil em 2015 e no Brasileirão 2016,
A segunda e terceira passagens pelo Flamengo
O sucesso no Santos não se repetiu nos clubes seguintes: São Paulo, Flamengo (onde assinou contrato para atuar em apenas 12 jogos), Athletico e Ceará contaram com os serviços do treinador, sem sucesso.
Até que em 10 de junho desse ano, após a demissão do treinador português Paulo Sousa, Dorival Júnior parece finalmente ter “acertado a mão” na terceira passagem pelo Rubro-negro. Seu desempenho é impecável na Libertadores, com 100% de aproveitamento nos jogos de duas mãos das fases finais, além do título da Copa do Brasil, conquistado recentemente contra o Corinthians.
Apesar de praticamente não ter mais chances no Brasileirão, o Flamengo irá disputar mais uma final de Libertadores no próximo sábado em Guaiaquil, no Equador, e Dorival Júnior terá a chance de colocar seu nome e sua foto na Galeria dos Conquistadores da Glória Eterna.
Nada mal para um ano de Copa do Mundo no qual Tite, o atual técnico da Seleção Brasileira, já declarou que não irá mais comandar o escrete canarinho após o Torneio. Daqui a dois meses, a pergunta que mais se ouvirá no Brasil com certeza vai ser “quem será o próximo técnico da Seleção?” e Dorival Júnior definitivamente é um nome a ser pensado.