Do quase rebaixamento à Glória Eterna: relembre a trajetória do Palmeiras até a conquista da Libertadores
O Palmeiras sagrou-se, no último sábado (30), campeão da Copa Libertadores da América, ao vencer o Santos por 1 a 0. A trajetória do clube até o título mais importante do continente vai muito além dos jogos disputados em 2020 e 2021, das contrações feitas para a atual época e efetivação de jovens formados nas categorias de base. O clube, após quase ser rebaixado, conseguiu se reerguer e, cerca de seis anos depois, pôde levantar este importante troféu. O Fair Play relembra todos os desafios superados pelo Verdão.
O quase rebaixamento em 2014
O Palmeiras iniciou a época de 2014 com expectativas baixas. Em 2012, o time foi rebaixado para a Série B e, em 2013, teve de disputar a segunda divisão nacional. Mesmo assim, os adeptos estavam esperançosos para o ano, acreditando que, ao menos, o clube não lutaria contra o rebaixamento, conseguindo ter tranquilidade na tabela do Brasileirão.
O início do Brasileirão do Verdão não foi bom. Conquistando apenas um dos nove primeiros pontos disputados, o time deixava claro que teria dificuldades em competir. Ao ganhar, porém, as três partidas seguintes, os adeptos ganharam alguma esperança. Esta, no entanto, foi apenas uma ilusão.
O ano foi sofrido. Com pouquíssimas vitórias, o time lutou, durante todo o ano, no fundo da tabela e o rebaixamento, em muitos momentos, parecia imprescindível. Um jogador, porém, apareceu e foi fundamental para a manutenção palestrina na elite. Fernando Prass voltou de lesão e contribuiu para um esboço de solidez defensiva da equipe, com grandes defesas e operando verdadeiros milagres.
Mesmo assim, o Verdão chegou na última rodada precisando do resultado. Se vencesse o Athletico Paranaense, se salvava. Caso contrário, poderia ser ultrapassado pelo Vitória, se este derrotasse o Santos. Ao sair na frente, com gol de Henrique Dourado, parecia que o Verdão conseguiria o resultado e não precisaria torcer para uma derrota baiana. O Furacão, no entanto, empatou. Com isso, a equipe de Dorival Júnior teve de ‘secar’ o Vitória e, nos, minutos finais, o Peixe marcou o gol que aliviou os adeptos do Alviverde.
O resultado final, não foi dos piores, mas era evidente que o time precisava de mudanças para buscar títulos. Então, veio 2015.
A reconstrução em 2015
O ano de 2015 já começou com grandes mudanças na equipe. Alexandre Mattos, bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro, foi o escolhido para ser o diretor de futebol e, em sua gestão, o Verdão contratou, no início da época, o técnico Oswaldo de Oliveira e incríveis 25 jogadores, constituindo um plantel completamente novo.
Com tantas mudanças, o Palmeiras conseguiu chegar ao vice-campeonato paulista, perdendo, nos penáltis, para o Santos. A época, porém, estava apenas começando e os demais campeonatos iriam compensar esta derrota.
Com o tempo, o trabalho de Oswaldo de Oliveira tornou-se ruim e aquém das expectativas, facto que causou a demissão do treinador. O escolhido foi Marcelo de Oliveira, que havia sido bicampeão do Brasileirão pelo Cruzeiro, trabalhando junto com Alexandre Mattos.
O início do treinador foi animador, mas, no Brasileirão, ele não conseguiu ter grandes resultados. Na Copa do Brasil, porém, o time, mesmo não sendo um primor técnico e sofrendo com alguns desfalques, avançou de fase em fase, passando por Internacional, nos quartos de finais, Fluminense, nas meias-finais, e, na final, enfrentando o seu algoz de outrora: o Santos.
Em duas partidas eletrizantes, com bolas na trave, gols perdidos e grandes atuações de Fernando Prass, o Verdão conseguiu conquistar aquele que seria o maior símbolo de sua reconstrução: o título da Copa do Brasil. Com isso, era evidente que o futuro do clube era animador e que, o ano seguinte, seria verde.
2016, o ano verde
Mais uma vez, o Palmeiras contratou pesado para a época. Com 13 novos nomes, o Verdão estava reforçado de grandes jogadores. Tchê Tchê, um dos destaques do Paulistão, Moisés, um dos grandes nomes da histórica Barcelusa anos antes, Yerry Mina, um central cobiçado pelo Barcelona, entre outros nomes. O início, no entanto, decepcionou novamente.
Com Marcelo de Oliveira, o time já não rendia desde a reta final da época anterior, ou seja, o técnico se manteve única e exclusivamente pelo título conquistado. Isso, porém, fez com que os jogadores fossem subaproveitados no começo do ano e, por isso, o multicampeão foi demitido e Cuca foi o escolhido para comandar o time.
Com um novo treinador, o Palmeiras não conseguiu chegar na final do Paulistão e nem na fase eliminatória da Libertadores. No Brasileirão, no entanto, o time começou bem, goleando o Athletico Paranaense e mostrando que iria lutar pelo título. Com boas partidas e uma campanha ótima, o Verdão conseguiu ser campeão brasileiro, algo que não acontecia desde 1994, e consolidou, de vez, o trabalho que estava sendo realizado.
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A decepção em 2017
No ano seguinte, o Palmeiras estava cheio de expectativa, mas, com mais trocas de técnico e muita instabilidade, o time só decepcionou. Na Libertadores, caiu para o Barcelona, de Guayaquil. No Brasileirão, chegou a brigar pelo título, mas as atuações ruins da equipe impediram o bicampeonato.
A grande decepção, provavelmente, foi no embate contra o Corinthians, no segundo turno da competição. O Alviverde vinha numa crescente, enquanto o time de Fábio Carille perdia pontos com frequência. No Dérbi, porém, o Verdão não foi capaz de se impor e saiu derrotado por 3 a 2, placar este que, praticamente, sacramentou o título do Timão. As expectativas para 2018 não eram as melhores.
Quem tem mais tem dez, em 2018
Mais uma época, mais um treinador. O Palmeiras contratou Roger Machado para assumir o comando técnico da equipe, na esperança de um futebol vistoso e ofensivo. O ataque funcionou bem, mas, defensivamente, o time era frágil e perdia importantes pontos no Brasileirão. Mesmo com a melhor campanha da primeira fase da Libertadores, então, o técnico foi substituído por Felipão.
Maior treinador da história do Verdão chegou na expectativa de levar o time à conquista da Libertadores, como em 1999, mas, contra o algoz histórico palestrino – o Boca Juniors -, a equipe não conseguiu chegar na final. No campeonato nacional, porém, o Alviverde brilhou e emplacou uma série de vitórias impressionante, conseguindo ultrapassar os adversários e, mesmo poupando jogadores em muitos momentos, sendo capaz de conquistar, contra o Vasco, o tão esperado decacampeonato brasileiro. 2019 prometia…
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Mais um ano, mais uma decepção em 2019
A época de 2019 tinha tudo para ser mais uma de glórias para o clube. O início do Brasileirão beirou a perfeição, com o time conquistando 25 dos primeiros 27 pontos disputados, e sofrendo apenas um golo. A partir daí, porém, os resultados pararam de aparecer.
Enquanto para outras equipes a pausa para a Copa América foi boa, para o Verdão foi péssima. O time começou a jogar mal e a perder, frequentemente, pontos na Série A. Após a eliminação para o Grêmio, na Libertadores, a situação de Felipão ficou insustentável e, pouco tempo depois, Mano Menezes foi anunciado.
Contratação muito criticada pela torcida, o treinador também não conseguiu fazer o time render e acabou sendo demitido, junto com Mattos, na reta final do Brasileirão. Com isso, o ano seguinte era de mudança e, por isso, animador.
A Glória Eterna em 2020/21
A época atual iniciou com boas novidades no planejamento alviverde. Com poucas contratações e um enorme aproveitamento dos jovens formados nas categorias de base do clube, o Palmeiras conseguiu, novamente, despertar uma boa expectativa para o ano. Havia, porém, um empecilho: o treinador escolhido foi Vanderlei Luxemburgo.
Com uma vitoriosa história no Palmeiras, o técnico chegava por motivos exclusivamente políticos, dado que os trabalhos recentes do treinador não justificavam sua contratação. Com isso, o time pouco rendeu em campo e, com a saída de Dudu, ficou ainda pior, mesmo conquistando o Paulistão.
Em outubro, então, a diretoria entendeu que era hora de mudar. Após buscar Miguel Ángel Ramírez sem muito sucesso, o nomes escolhido foi o de Abel Ferreira, português com grande passagem pelo SC Braga. O lusitano, então, chegou numa equipa que buscava reconstrução com a expectativa de salvar a temporada.
Em pouco tempo, o time passou a jogar um futebol vistoso e envolvente, vencendo jogos e convencendo os adeptos. Ofensivo, inteligente e eficiente, o Palmeiras chegou na parte de cima da tabela da Série A e chegou às finais da Copa do Brasil e da Libertadores. Na campanha continental, o grande confronto foi contra o River Plate, no qual o Verdão eliminou os argentinos pelo placar agregado de 3 a 2. Com isso, chegou à final e enfrentou o Santos.
Na final da Libertadores, o Verdão e o Peixe travaram um confronto tenso. Com poucas chances e pouquíssimos espaços, características resultantes de boas estratégias criadas pelos treinadores, o Alviverde teve dificuldades para criar. No entanto, foi quem teve as melhores oportunidades até que, nos acréscimos, Breno Lopes, o herói improvável, anotou seu segundo golo pelo clube e os adeptos puderam tirar da garganta o grito de campeão da Libertadores, entalado desde 1999.
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