Botafogo nega passado glorioso e projeta futuro tenebroso

Renato SalgadoFevereiro 11, 20214min0

Botafogo nega passado glorioso e projeta futuro tenebroso

Renato SalgadoFevereiro 11, 20214min0
Alvinegro é rebaixado pela terceira vez no Brasileirão e agora, com menor número de vitórias entre gigantes e com dúvidas sobre como será o seu futuro.

Sob forte chuva, o Botafogo lutou até o fim para evitar o inevitável, cair para a segunda divisão. Como ocorreu em muitos jogos no campeonato, o time da estrela solitária jogou melhor que a equipa do Sport de Recife-PE na maior parte da partida, mas foi castigado por pênalti convertido pelo zagueiro Maidana, ainda no primeiro tempo do jogo. Os mais poéticos diriam que o temporal era na verdade as lágrimas dos ídolos alvinegros no céu ( Nilton Santos, Garrincha, Didi, Heleno & outros…) diante de mais um rebaixamento a manchar a história linda escrita por eles. Ou então, ficariam em silêncio pela queda deste ano que teve a melancolia do futebol sem torcida.

Sabe o que é pior, para um clube considerado grande, do que ser rebaixado? Ser rebaixado duas vezes. E três. E ver sua realidade estar tão mais próxima da queda do que dos títulos, a ponto desta sua grandeza passar a ficar ameaçada para o futuro – uma vez que, por mais belo que seja o seu passado, ele não entre em campo. O Botafogo fez, entre 2020 e agora 21, o que muito provavelmente se comprovará ser a pior temporada em toda a sua história e, pela terceira vez em sua existência, caiu para a segunda divisão ao mostrar uma incapacidade completa de competir na elite do futebol brasileiro. A derrota por 1 a 0, dentro de casa, para o Sport, pela 34ª rodada do Brasileirão 2020 decretou, matematicamente, o que muitos já esperavam. A queda botafoguense para a Série B.

Rebaixamentos são traumáticos não importa o tamanho do clube, mas o choque de realidades aliado à revolta de uma torcida acostumada a outras aspirações, nem que seja por causa das histórias que se acostumou a ouvir, fazem com que as quedas de gigantes sejam, tradicionalmente, mais sentidas. É como naquele ditado: quanto maior a altura, maior é a queda. No passado, a CBF inclusive protegia, costumeiramente, seus gigantes de rebaixamentos – e em alguns casos deixando isso claro até em regulamentos de edições do Brasileirão. Quando isso mudou, os primeiros rebaixamentos de gigantes vieram sempre acompanhados de uma sensação de drama. Uma tristeza válida, mas que passava um sentimento de raridade que foi se dissipando.

Fluminense, Palmeiras, Corinthians, Grêmio, Internacional, Atlético-MG, Cruzeiro e Vasco já caíram. Alguns, mais de uma vez – o Cruz-Maltino, que segue ameaçado de queda neste Brasileirão, já disputou a Série B três vezes. O agravo geral do terceiro rebaixamento para o Botafogo não abrange apenas a parte financeira, e a própria dúvida sobre como um clube “à beira da falência” (para utilizar as palavras insistentemente ditas pelos dirigentes alvinegros ao longo dos últimos anos) vai fazer para se manter é retrato de tão dramática situação. Na comparação a todos os outros gigantes citados parágrafos acima, agora o Botafogo é o único membro do grupo dos chamados “12 grandes clubes” a ter mais rebaixamentos do que títulos brasileiros. O Alvinegro foi campeão nacional em 1968 e 1995… e amargou quedas em 2002, 2014 e agora pela temporada 2020.

O pior rebaixamento de um grande no Brasileirão se faz presente pelo menor número de vitórias conquistadas (4 e com um máximo possível que não mudaria este cenário), mas também pelo que esta terceira queda pode simbolizar para o clube. O Botafogo terá condições de voltar à elite em 2022? Se conseguir, qual será a sua luta? Fazer campanhas seguras na Série A e talvez sonhar com taças em mata-matas ou apenas evitar se transformar em um “clube iô-iô”? O que define a grandeza de um clube?

Dança de Técnicos!!

Imaginem como é complicado realizar a troca do comando técnico de uma equipe com a temporada em andamento e normalmente é evitada, seja pela falta de tempo de treinamentos, por ter que trabalhar com jogadores contratados pelo clube que você não indicou, por metodologia de jogo diferente, agora pensem em um clube que fez isso OITO vezes durante a temporada 20-21 que se encerra em final de fevereiro aqui no Brasil. O Botafogo começou o ano com Alberto Valentim, e depois vieram… Paulo Autuori, Bruno Lazaroni, Flávio Tênius, Ramon Diaz, Emiliano Diaz, Eduardo Barroca e agora está com o treinador interino, Lúcio Flávio. A Bagunça é tamanha que o técnico Eduardo Barroca já treinou o time alvinegro a menos de um ano e meio atrás!

Foto: Vitor Silva/SS Press/Botafogo FR

E ainda perguntam:

“Como que têm coisas que só acontecem com o Botafogo?”

 

 


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