Os pontos mais fortes e mais fracos da AS Roma
No sorteio de segunda feira dos oitavos de final da Champions, ficámos a conhecer o adversário do Futebol Clube do Porto nesta fase da principal competição europeia de clubes. O clube que calhou em sorte foi a Roma, um clube que está em dificuldades nesta temporada e que poderá estar ao alcance da equipa portuguesa.
A instabilidade exibicional e os fracos resultados levam a que a esperança de passar aos quartos de final possa ser real. Vejamos aqui a análise dos três pontos mais fortes e os três pontos mais fracos da equipa neste momento.
Pontos Fortes
1 – Ataque produtivo
O ataque romano é um que consegue marcar muitos golos, sendo que os mesmos estão divididos por catorze jogadores, o que revela que todos os jogadores são importantes na forma da Roma desenvolver os seus ataques. Edin Dzeko é o melhor marcador, com sete golos, mas nem tem estado particularmente ao seu nível, também muito devido aos problemas físicos que mais recorrentemente lhe vão surgindo.
El Shaarawy e Cengiz Ünder têm sido extremos com faro de golo e o ataque é também mais produtivo graças ao aparecimento dos médios nas costas dos avançados para dar mais soluções no ataque de uma equipa que tanto joga em ataque organizado como em contra ataque.
No entanto, seria importante a equipa encontrar mais soluções no seu jogo, visto que muitas vezes a equipa passa por previsível, devem ser introduzidas maiores nuances que façam a equipa ter mais poder na frente.
2 – Bolas Paradas
As bolas paradas são uma importante fonte de rendimento para o ataque da AS Roma, principalmente porque são lances em que os defesas centrais podem subir à área contrária e causar o pânico. Note-se, portanto, que os centrais da Roma já marcaram seis golos esta época (Manolas, Juan Jesus e Federico Fazio, o argentino com 3).
Além disso, o mortífero batedor de bolas paradas Aleksandar Kolarov tem já quatro golos e é perigosíssimo em tudo o que são livres e pontapés de penalty. Assim, percebe-se que a Roma tem capacidade de causar perigo nos diferentes momentos do jogo.
3 – Talentosos jovens e toque de bola
A AS Roma está a passar por um processo de renovação, e tal se mostra através da presença de cada vez mais jovens no seu plantel. Nas alas, além do turco Ünder, que, neste momento, é capaz de ser a sua principal jóia e que já tem nível para outro patamar, tal é a sua imprevisibilidade e capacidade técnica, há ainda Justin Kluivert, que tem um estilo mais explosivo mas que será um nome a ter cada vez mais em atenção.
No meio campo, Lorenzo Pellegrini vai assumindo cada vez mais o controlo do centro do terreno, através da sua estrutura física e da sua qualidade técnica acima da média. Com Bryan Cristante e Nicolò Zaniolo, temos aqui um trio de médios italianos jovens e de qualidade que podem trazer alegrias ao clube. Se Javier Pastore, o jogador mais veterano mas com mais talento individual, conseguir chegar ao seu nível nesta temporada, a Roma poderá estar mais perto de alcançar os seus objetivos.
Na defesa, Luca Pellegrini parece ser o sucessor de Aleksandar Kolarov na lateral esquerda, sendo também um jovem de bastante qualidade mas que ainda não tem o espaço necessário para a sua total implementação na equipa.
Pontos Fracos
1 – Defesa muito macia
A defesa romana tem estado uns furos abaixo do que seria exigível. A equipa sofre muitos golos, a sua transição defensiva é sofrível e leva a que os adversários possam, facilmente, ultrapassar os obstáculos que a equipa romana coloca, também porque a equipa se adianta muito no terreno, espaço que pode ser aproveitado por Marega.
Muitos erros individuais e de posicionamento, com Fazio à cabeça, levam a que a equipa tenham já sofrido trinta golos em vinte e dois jogos esta temporada. Robin Olsen não tem estado protegido pelos elementos à sua frente e convém notar que muita da culpa recai também no meio campo defensivo, visto que De Rossi vê a sua idade avançar e Steven N´Zonzi não tem estado ao nível que demonstrou em Sevilha. Elementos como Nainggolan e Strootman fazem falta para dar mais consistência ao meio campo.
Se a equipa não corrigir as suas falhas defensivas gritantes, terá muitos problemas em conseguir subir o seu nível esta temporada.
2 – Inconsistência Exibicional e de Resultados
A equipa romana ainda só ganhou nove jogos dos vinte e dois que já disputou esta temporada, tendo empatado seis e perdido outros sete. Estes não são, de todo, números de equipa grande e de equipa que pretende lutar por títulos, daí estar também no sétimo lugar do campeonato italiano, já muito longe dos dois primeiros classificados, Juventus e Nápoles, e a oito pontos do terceiro classificado, o Inter de Milão. A luta pelo quarto lugar parece ser o objetivo mais realista para a segunda metade da época.
A verdade é que a equipa, como marca também muitos golos, consegue alguns resultados expressivos contra equipas mais fracas, mas são resultados que depois não se traduzem numa sequência positiva de vitórias. Basta perceber que, na Champions, a equipa fez nove pontos num grupo com um Real Madrid em crise (perdeu os dois jogos e nem marcou nenhum golo), CSKA de Moscovo e Viktoria Plzen (perdeu com os checos fora). Se a Roma estivesse ao nível da época 17/18, talvez pudesse ter feito algo mais. Outro exemplo são os jogos grandes (ie: Real Madrid, AC Milan, Inter de Milão, Lazio, Nápoles), em que a equipa apenas ganhou um destes seis jogos e perdeu três, sendo que vai jogar com a Juventus neste fim de semana e as suas hipóteses não são, até ver, as melhores.
As exibições também andam, muitas vezes, entre o mau e o q.b. em algumas vitórias, sendo exibições que não têm convencido a fiel massa associativa romana e que não têm dado a confiança necessária à equipa para trilhar o seu caminho.
3 – Insegurança face ao treinador
Eusebio di Francesco é um bom treinador, sem dúvida, que tem muita classe no seu discurso e que gosta de futebol positivo. Além disso, no clube romano, tem a vantagem de conhecer bem os cantos à casa, já tendo sido jogador do mesmo. No entanto, na nossa opinião, é um técnico que, possivelmente, estará um patamar acima da sua valia e que, neste momento, começa a parecer estar “a prazo” no banco da equipa romana.
O descontentamento começa a ser notório, porque a equipa, de facto, não tem conseguido mudar o chip nesta complicada temporada. Os objetivos a que a equipa se propôs esta época são uma miragem e o quarto lugar é, cada vez mais, o objetivo mais realista a que a equipa se pode propor. A AS Roma quer ser equipa para lutar pelo título, mas assim será muito complicado, também porque não tem os mesmos recursos que Nápoles e Juventus.
No entanto, é mesmo a inoperância da equipa que preocupa os adeptos e não será a inspiração do duelo com o Barcelona nos quartos de final da Champions transata, a inspiração de um jogo, que poderá ser motivo para Di Francesco pensar que está tudo bem.
Se Di Francesco quiser ter hipóteses de retificar esta época e de avançar na Champions, terá, principalmente, de corrigir o desastre defensivo que se tem desenrolado em frente dos nossos olhos.