Em ano de Mundial, Mario Götze conseguirá o bilhete?

Se é verdade que a época do Borussia Dortmund está a ser aquém das expetativas, a época de alguns jogadores do clube não o tem sido, a nível individual. Mario Götze é um desses casos. É um caso que o mundo do futebol foi acompanhando ao longo do tempo e que parecia estar perdido para uma doença metabólica bastante rara e aguda. A bom ver, Götze não só teve problemas relacionados com a sua doença como a sua transferência para o Bayern de Munique saiu completamente furada e estagnou por completo a sua carreira.

O seu auge

Depois do Mundial de 2014, Götze, na altura com 22 anos, estava no auge maior que algum jogador pode desejar. Até 2013, foi sempre a despontar pelo seu clube de formação, sendo que foi no verão desse ano que a transferência para o rival se concretizou. A primeira temporada correu-lhe bastante bem, com uma dezena de golos e quase uma dezena de assistências, e Mario chegou na melhor forma ao Mundial 2014. Era uma das principais esperanças de uma Alemanha fortíssima tanto coletivamente como individualmente.

Qualquer jogador que decida um Mundial com um golo solitário no prolongamento tem de ganhar motivação a partir desse momento para a sua carreira, mas agora, que estamos em novo ano de Mundial, a situação é bastante diferente daquela vivida pelo jogador naquele dia 10 de julho de 2014.

A seguinte temporada pelo Bayern, 2014/2015, até lhe correu novamente bem, jogando com bastante regularidade com Guardiola, mas o seu rendimento decaiu um pouco daquilo que seria esperado depois do seu passado recente. Foi, no entanto, em 2015/2016, que tudo mudou.

O declínio vertiginoso de Mario

Nessa época, o médio nem chegou a completar mil minutos nas pernas para o campeonato, estando muito tempo com problemas físicos e sendo gradualmente cada vez mais criticado pelo seu escasso rendimento quando estava em campo, sendo notório os seus problemas numa equipa recheada de estrelas, em que o médio era considerado o elo mais fraco.

Götze não era um jogador alegre a jogar futebol e não tinha lugar na equipa do Bayern, voltando à equipa de Dortmund, um local em que o jogador era odiado pela sua prévia transferência. O ódio foi bem notório em alguns jogos que o jogador fez pelo Bayern no Westfalionstadion, mais notório ainda quando o jogador lá chegou a marcar ao serviço do Bayern. Os fervorosos adeptos tinham de aprender a voltar a gostar do seu antigo menino de ouro.

Corria então a época de 2016/2017, e a verdade é que felicidade não esteve ao lado de Götze, que teve inúmeros problemas físicos e, mais grave ainda, foi-lhe detetada a doença metabólica mencionada nas primeiras linhas, designada por miopatia, algo que o forçou a afastar-se do futebol por sete meses e que lhe colocou em risco a carreira devido à sua recorrente necessidade de medicamentos e a não conseguir adquirir os índices físicos necessários para a competição.

O retorno das cinzas

No entanto, com muita garra e determinação, Mario voltou, após uma longa caminhada de recuperação em que foi sempre acompanhado pelo departamento médico do BVB. E assim chegamos a esta temporada, que ainda que não esteja a ser perfeita por parte de Götze, bastante longe disso, e ainda com alguns problemas físicos, que certamente derivam dos seus fracos músculos ainda existentes, temos tido alguns momentos mais positivos do médio.

Menos repentista e mais cerebral, o alemão tem começado a ganhar alguma confiança com o maior tempo de jogo que tem ganho. Os números alcançados pelo jogador estão longe dos seus melhores na carreira, mas neste momento essa não é a principal intenção.

Esta tem sido uma espécie de “ano 0” para Götze, um que é de adaptação às suas limitações e por forma a ter o melhor aproveitamento possível consoante a sua mudança de características. Existem sempre certos traços que estarão ligados ao médio, como por exemplo a sua grande capacidade de passe para desmarcação de colegas, o seu bom drible e a forma resoluta com que gosta de aparecer atrás do ponta de lança.

Veja-se um dos melhores momentos do jogador esta época, num jogo bem recente frente ao Hamburgo, um golo que reedita os protagonistas do golo da final do Mundial 2014, Andre Schürrle e Mario Götze.

Por outro lado, o jogador perdeu alguma capacidade de explosão e de repentismo, como seria de esperar graças aos seus problemas. No entanto, o jogador tem 25 anos de idade, e ainda que já tenha atingido um nível muito alto, tem ainda todas as probabilidades de alcançá-lo novamente, e para tal precisa de continuar a ganhar confiança.

O que se pode esperar desta época

A sua ida ao Mundial é possível, visto que o jogador tem uma história muito bonita e já longa na seleção alemã. Tem já 63 internacionalizações e, se tudo lhe correr bem nos próximos anos, será jogador para conseguir ultrapassar a centena de jogos pela seleção, uma marca redonda que não está ao alcance de todos. O jogador tem também 17 golos pela sua nação, um deles um dos mais importantes da história do futebol alemão. Quanto bom não seria sequer existir a possibilidade de se voltar a repetir?

O Borussia de Dortmund, não estando a fazer uma época em grande, está no segundo lugar do campeonato e na luta pelo apuramento direto para a Liga dos Campeões, algo absolutamente obrigatório para os exigentes adeptos e par ao nível dos jogadores que apresenta no seu plantel. Além disso, está também nos oitavos de final da Liga Europa, onde tem grandes responsabilidades nesta época depois de uma campanha completamente falhada na Champions.

Sendo assim, a equipa tem responsabilidades a cumprir e precisa de todos os seus jogadores na máxima força para os alcançar. Precisa também de toda a experiência e garra que lhes possa subir as possibilidades de garantia de sucesso. Neste âmbito, esperemos que Götze possa continuar sem lesões até ao fim da época, que continue a sua evolução natural depois do descalabro e que possa estar presente no Mundial. Ele bem merece.