4 Exemplos das Vantagens da Estabilidade nos Clubes de Futebol
No futebol é costume haver duas abordagens para com a busca pelo resultado. Se alguns clubes optam por uma política de estabilidade mesmo quando não ganham, outros apostam na troca imediata dos seus membros na busca pelo resultado mais imediato. Exemplos não faltam e, olhando apenas para Portugal, temos recentemente a famosa “luz” de Vieira que desejava manter Rui Vitória, apesar do fracasso, ou o caso do Sporting que em ano e meio já teve 5 treinadores (principais e interinos).
Vamos analisar, então, 4 exemplos de estabilidade em Portugal e na Europa, não apenas a nível técnico, mas também diretivo.
Pinto da Costa (FC Porto)
Pinto da Costa assumiu definitivamente o comando presidencial do Porto em 1981, e ao contrário dos restantes casos da lista, o seu sucesso foi imediato, tendo reinado no Dragão até aos dias de hoje, como bem sabe.
O FC do Porto estava perto do seu centenário e tinha ganho apenas 7 ligas portuguesas e 4 campeonatos de Portugal, 4 taças de Portugal e 1 Supertaça Cândido de Oliveira.
Dai para a frente e com a estabilização de Pinto da Costa no comando dos azuis e brancos, o FC Porto assumiu-se como um dos maiores clubes em Portugal, tendo se aproximado do Benfica no número de títulos, ultrapassando o Sporting no processo e tendo ganho quase todos os títulos internacionais possíveis (excepto a extinta Taça das Taças, onde chegou a uma final), nomeadamente duas ligas dos Campeões, num total de 59 títulos para o clube no futebol!
É o presidente mais titulado da história do futebol mundial e provou ao mundo do futebol que a estabilidade diretiva é o caminho para o sucesso no futebol.
Sir Alex Ferguson (Manchester United)
O eterno técnico dos Red Devils assumiu o clube no ano de 1986 e pouco fazia prever o fenómenos que o “Sir” iria ter no futebol britânico e europeu.
No entanto, pouco conhecem o calvário que foi o início de Alex Ferguson no United. Na 1ª época o clube terminou num péssimo 11º lugar na liga inglesa, compensado com um 2º lugar na época seguinte, mas que rapidamente se demonstrou uma excepção pois na 3ª época voltou para o 11º lugar do seu primeiro ano.
As críticas eram constantes ao Escocês, mas uma vitória na Taça começou a mudar a sua vida no final da época 89/90. Na época a seguir conquistou a Taça das Taças para o clube, mas o título de campeão nacional continuava a fugir.
Com mais duas taças conquistadas pelo caminho, Ferguson conseguiu finamente o seu primeiro título na época de 92/93, seis épocas após a sua contratação para o banco do United.
Com 38 títulos conquistados, com destaque para 13 campeonatos, 2 Ligas dos Campeões e conquista de quase todos os troféus internacionais (excepto Taça UEFA/Liga Europa), Ferguson marcou uma página de ouro que acabou em 2013 com a sua reforma a coincidir com o seu último troféu de campeão nacional.
Fica no entanto a pergunta: Conseguiria Ferguson aguentar a seca de 6 anos nos dias de hoje? Relembro que Mourinho não teve as mesmas condições no Manchester United.
Luís Filipe Vieira (SL Benfica)
Depois de anos atribulados no SL Benfica, Luís Filipe Vieira foi eleito o 33º presidente do clube em 2003, mas os tempos iniciais não foram fáceis para aquele que é atualmente um dos melhores presidentes do clube.
Até 2009/2010 Vieira ganhou apenas 4 títulos no futebol (1 Campeonato, 1 Taça Portugal, 1 Supertaça e 1 Taça da Liga). E se é certo que apenas 2 anos após entrar estava a ganhar o campeonato, mais certo é que esse troféu surge quase como que uma ilha no clube, parecendo mais obra de um ano fortuito do que de um projeto pensado, e em que as diferenças para o FC Porto recém campeão europeu estavam a aumentar pela negativa.
A prova disso é o resultado nas épocas pós-título nacional:
2005/2006- 12 pontos titulo (3 lugar)
2006/2007- 2 pontos do titulo (3 lugar)
2007-2008 – 23 pontos do titulo (4 lugar)
2008-2009- 11 pontos do titulo (3 lugar)
Ficou sempre atrás dos dois maiores rivais, apenas num ano ficou perto do título e em 2008 acabou mesmo atrás do recém-promovido Vitória Sport Clube. Pelo meio a confiança dos adeptos em Vieira foi sempre notória com duas eleições ganhas neste período em 2007 e 2009 e que se revelaram acertadas, provando aos adeptos que serem pacientes foi benéfico.
Vieira percebeu que a estabilidade também era precisa nas equipas técnicas e iniciou o reinado de Jorge Jesus que durou 6 anos, com a curiosidade de que pelo meio, quando muitos adeptos queriam a saída do técnico, depois de duas finais europeias perdidas e de um tri portista, Vieira manteve a confiança no técnico contra quase toda a estrutura, tendo ganho todos os títulos internos numa temporada e tendo iniciado a caminhada para o inédito tetra encarnado nos dois anos seguintes.
Esta busca pela estabilidade ficou também bem patente em outras situações, podendo mesmo dizer-se que o presidente acredita mesmo neste conceito. Em primeiro lugar tentou repetir o que fez com Jesus em Rui Vitória no episódio da “luz”, está apostado em fazer isso com Bruno Lage, e começa a querer fazer o mesmo com o plantel, apostando nas renovações dos atletas, principalmente dos “made-in Seixal”, e recusando quase todas as propostas por estes atletas, com o sonho europeu em mente.
Jurgen Klopp (Liverpool)
Fechamos os exemplos com aquele que para muitos é à data o melhor técnico do mundo e treina a melhor equipa do mundo.
Com o título muito perto de voltar para Anfield 30 anos depois, o alemão irá conseguir quebrar o enguiço na quinta época ao comando dos “reds”.
Mas será que ainda se lembra como foram os primeiros anos do alemão em Anfield?
O treinador alemão chegou em 2015 aos Reds e na primeira época ficou em 8° a 21 pontos do titulo na Premier League, não tendo ganho nenhum troféu para o clube, apesar de ter chegado a uma final europeia, algo que lhe valeu uma renovação de contrato.
Na sua segunda época melhorou para o 4º posto a 17 pontos do campeão, mas voltou a não conseguir o que os adeptos queriam num clube como o Liverpool, os títulos, que fugiam desde a Taça da Liga de 2012.
Os responsáveis do Liverpool nunca duvidaram de Klopp e apostaram nele para uma terceira época, mas mais uma vez o alemão desiludiu, ao acabar no mesmo 4º posto mas desta vez a 25 pontos do título e mais ainda custou a perda da mais uma final europeia, desta vez na Champions League frente ao Real Madrid. Criava-se um misto de sentimentos nos adeptos que sentiam a equipa mais próxima das decisões, mas a continuar sem títulos há 6 anos…
Foi então na quarta época que Klopp quebrou o enguiço ao fim de 7 anos e trouxe o seu primeiro título no clube e logo a Champions League. O título foi uma luta até ao fim, mas acabou para cair para o Manchester City.
Na época atual, Klopp já venceu a Supertaça Europeia e o Mundial de Clubes e provou que a estabilidade, a confiança e a paciência de adeptos e dos donos do clube foi recompensada, com o Liverpool a ser para muitos o melhor clube do mundo, caminhando para uma época histórica no futebol britânico.
E o leitor, acha que o caminho passa por aguentar os fracassos, mas estabilizar o clube, ou ser mais radical e exigir resultados imediatos?